CAPÍTULO 5

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Pov Valentina

Acordo quando os primeiros raios de sol começam a entrar através do vidro. Me desvencilho delicadamente do corpo da morena para não a acordar. Saio da cama, vou ao banheiro fazer xixi. Minha bexiga já estava quase explodindo. E assim que saio do banheiro sigo caminhando pelo enorme apartamento atrás das minhas roupas. Fazer esse caminho e ir me vestindo trás flashes da noite passada em minha mente. Eu quase consigo sentir seu toque em minha pele como se estivesse acontecendo agora. "Acorda Valentina, é hora de ir". Dou alguns leves tapinhas em meu rosto para me trazer de volta para realidade. Vou em busca da minha arma, a coloco na cintura e caminho de volta para o quarto apenas para vê-la uma última vez. E me despedir mesmo que isso signifique apenas observar ela dormir mais uma vez.

Quando entro no quarto vejo Eve sentada na cama, segurando o lençol tampando os seus peitos. Ela abre um belo sorriso ao me ver.

— Oi. — Ela fala, joga os seus cabelos para trás. E pede que eu me aproxime me chamando com a mão. E eu obedeço prontamente. Me sentando a sua frente.

Nos fitamos em silêncio por alguns segundos.

— É hora de ir. — Digo quebrando o silencio. E a beijo sem pressa, tentando gravar tudo isso em minha mente. — É hora de ir. — Repito mais para mim mesma do que para ela. E me levanto da cama. Me afastando da mulher que não tira os seus olhos de mim por nenhum segundo.

— Cat. — Ela me chama com o nome que deu para mim. E eu lhe dou toda a minha atenção. Permitindo que diga o que quiser. — Vamos nos ver de novo?

— Talvez... — Solto um longo e pesado suspiro. — Talvez em outra vida.

Olho para a ela uma última vez e vou embora dali sabendo que provavelmente não vamos nos ver nunca mais.

Pov Luiza

Achei que tudo tivesse sido um sonho, talvez ir para a casa bêbada demais tenha me feito alucinar com aquela mulher. Talvez toda a conversa, o desejo, o sexo, não tenha sido real. Mas se não foi real como posso explicar esse perfume inesquecível nos meus lençóis? Ou essa marca roxa de chupão em meu pescoço? Como posso justificar ter dormido nua assim? Já que é um hábito do qual não sou adepta. Mas se foi real, onde ela está? Por que ela teve que ir embora tão cedo? Por que não me deixou alguma garantia de que nos veremos de novo?

"Ao menos ela me deixou boas lembranças" digo a mim mesma enquanto encaro o meu reflexo no espelho do banheiro. Minha aparência não está tão boa quanto eu gostaria, dormir pouco e beber sempre fez muito mal a minha pele. Entro debaixo do chuveiro e tomo um banho quente e demorado. Me permito revisitar as memórias da noite passada. Até ser tragada de volta para a minha realidade. Meu telefone toca uma, duas, diversas vezes. Também recebo mensagens de texto de Lisa avisando que temos uma entrevista e sessão de fotos para essa tarde. Reviro os olhos involuntariamente ao ler. É dia de fingir ser uma esposa feliz e agir como se tivéssemos um casamento inabalável.

Estou cansada disso, porém me comprometi em ajudar Bernardo a se eleger. Assumi o compromisso de tentar salvar o meu casamento, que depois dessa noite consigo ver que realmente acabou. Estive me esforçando para fazer isso dar certo. Porém as atitudes de Bernardo só me afastaram mais ainda dele. E ontem à noite eu percebi que não dá mais, não há o que salvar, não há o que eu deseje salvar. Quando os resultados das eleições saírem e independente do resultado, garanto que será o fim. Estou pronta para pedir o divórcio. Estou pronta para seguir em frente.

Mas hoje ainda tenho que fingir. Então visto um lindo vestido azul, cubro as minhas olheiras com maquiagem e o chupão do meu pescoço também. Coloco uma sandália de salto alto e passo nos meus lábios um batom vermelho. As fotos serão feitas na nossa casa nos Hamptons, então vou de helicóptero até lá junto com Igor. Que já sabia desse compromisso, por isso ignorou a folga que dei para ele hoje.

Em outra vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora