CAPÍTULO 14

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Pov Valentina

Tenho muito trabalho para tão pouco tempo e para piorar a minha situação não consigo focar no que preciso fazer. Acho que fui enfeitiçada, só pode ser algum tipo de magia que aquela mulher lançou sobre mim. Ela não sai da minha cabeça por causa do gosto dos seus lábios e da sua ideia louca de forjar a própria morte. Eu entendo, o lado que envolve salvar a sua vida, já que conheço todos os assassinos que trabalham para Charles, sou um exemplo típico deles, implacável, "exceto nesse caso, estou mesmo enfeitiçada". Mas lendo outra vez sobre a sua vida, sobre tudo o que ela tem, não entendo, Luiza pode ter a vida que quiser, na hora que quiser e ela nem precisa lutar muito por isso.

"Mas quem sou eu para dizer algo?" o melhor que posso fazer é dar o que ela quer.

São quase 8 da manhã, quero sair para comprar café e rosquinhas. Então visto rápido uma calça jeans, regata branca e tênis. Pego meu celular, algumas notas de dinheiro trocado e minha fiel jaqueta preta. Decido deixar a minha arma no quarto já que estou indo basicamente apenas até o outro lado da rua. E não pretendo demorar.

Na porta do hotel, me surpreendo ao ver Igor parado, encostado na SUV preta que sempre dirige. Reviro os meus olhos automaticamente ao vê-lo.

— Está me perseguindo? — Questiono, mas não é uma pergunta séria.

— Luiza quer ver você. — Ele fala me encarando.

"E agora ela pensa que pode me levar e trazer quando bem quer? Só porque está me pagando por um serviço. Como se eu não tivesse mais o que fazer."

— Estou ocupada e na verdade estava indo tomar meu café da manhã — Digo e começo a andar para dar a volta no carro e chegar ao meu destino original.

— Vamos comprar algo para você no caminho. — A voz familiar me faz parar instantaneamente, o vidro se abre e lá está ela. Bonita como sempre. Com o cabelo preso em um coque, quase sem nenhuma maquiagem além de um batom nude nos lábios.

— Tudo bem. — Levanto as mãos para o alto rendida. Igor sorri para mim, da mesma forma que estava fazendo antes de saber que eu era uma assassina. E abre a porta do carro para que eu entre.

— Bom dia — A mulher diz sorrindo assim que eu me sento ao seu lado. Seu semblante está bem melhor do que ontem.

Ela parece ter tido uma boa noite de sono.

O que me deixa feliz.

"Está comprovado, conhecer Luiza Adams me transformou em uma mulher patética"

— Bom dia — Respondo sorrindo também. — Aonde vamos?

— A um estande de tiro.

— Para quê? — A encaro confusa.

— Você vai atirar em mim, preciso saber que tem uma boa mira. — Penso que ela está brincando, ela só pode estar brincando, porém seu tom é sério.

— Sou uma assassina profissional, acha que tenho uma mira ruim?

— Eu não sei, nunca vi você atirar.

— Tá brincando comigo?

— Desculpa Valentina, mas eu preciso ver com os meus próprios olhos.

Abro e fecho a minha boca, buscando palavras para demostrar a minha indignação. Mas acabo escolhendo o silêncio. "Se a minha arma estivesse aqui eu te mostrava a minha boa mira." penso. "Que mulher atrevida como ela pode questionar isso? Como ela consegue me tirar do sério logo pela manhã?"

Passamos o caminho todo em silêncio, só abro a minha boca para falar com Igor quando paramos em uma cafeteria. Luiza e eu ficamos no carro enquanto ele compra algo para comermos. Ela é uma figura pública em extrema evidência com as eleições se aproximando, a última coisa que preciso é que seja divulgada uma foto dela comigo. Consigo imaginar a cara que Charles faria me vendo no jornal passeando com o alvo que me deu. Se aproximar de um alvo para matar em um momento de vulnerabilidade com alguma injeção atrás da orelha não faz o meu estilo. Armas são o meu estilo, por isso estar sendo levada para um estande de tiro para demostrar a minha boa mira é tão ridículo para mim.

Em outra vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora