CAPÍTULO 8

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Pov Valentina

Passei o dia todo lendo e relendo aquele arquivo e agora eu conheço a "morena misteriosa" tão bem que a chamar assim já não faz o menor sentido. Mas eu não consigo pensar em outro apelido ou dizer o seu nome apesar de lindo. E não consigo apagar da minha mente a nossa noite, o seu sorriso, o seu olhar para mim. "Que droga" eu não consigo transformá-la em um alvo, eu simplesmente sinto que não posso machucá-la. Quem dirá tirar a sua vida. Ainda mais da forma como o contratante deseja. Talvez por isso eu esteja aqui, do lado de fora do seu prédio, perto do bar, andando de um lado para o outro, esperando e torcendo para ela chegar. Naquele arquivo tinha vários endereços, porém sinto que é nesse lugar que eu posso encontrá-la hoje. Espero que ela apareça.

Decido ir ao bar, beber algumas cervejas para me acalmar um pouco. Estou quase abrindo um buraco no chão com a minha bota. "Você não é assim Valentina, você não é assim. O que é que está acontecendo comigo?" me questiono em pensamentos e começo a caminhar pela rua rumo ao bar, enquanto tento achar uma resposta plausível para o meu questionamento.

— Cat? — Congelei ao ouvir essa palavra, pois eu sabia que era ela. Era sua voz. Em um tom contente. Minhas mãos gelaram e eu não consegui me virar. — Cat? — Ela chamou de novo. Então eu respirei fundo e me virei para encará-la.

— Oi — Digo e começo a sorrir. "Merda, porque eu estou sorrindo?".

— Estava me esperando? — A mulher pergunta me encarando com os seus lindos olhos castanhos. E com um sorriso nos lábios. "Talvez por isso eu esteja sorrindo"

— Vai me achar louca se eu disser que sim? Porque sim, eu vim aqui torcendo para te encontrar. — Sou sincera. — Mas já estava começando a achar que não ia conseguir te ver, então estava indo beber no bar.

— Que bom que você veio. — Ela abre o seu sorriso ainda mais e coloca uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. — Eu... eu estou... — Ela começa, porém, não termina a frase me deixando curiosa. — Que tal irmos beber no meu apartamento?

— Eu adoraria. — Respondo.

Caminhamos lado a lado até o seu prédio. O mesmo caminho que fizemos ontem, porém dessa vez ela não segurou a minha mão para me guiar, talvez porque eu já conheça o caminho, ou talvez porque a rua ainda está movimentada. Ontem quando passamos por aqui era madrugada.

Percebo que vez ou outra ela leva o seu olhar para mim e sorri. Gosto disso, gosto tanto disso. "Merda" Preciso me lembrar porque estou aqui e parar de agir como uma boba apaixonada com ela.

Quando finalmente chegamos em seu apartamento, a mulher avança sobre mim e me beija intensamente, sinto meu corpo todo arrepiar com o simples toque dos seus lábios nos meus. Nos afastamos para recuperar o fôlego perdido e respiramos ofegantes.

— Achei que íamos beber — Falo com dificuldade, ainda com falta de ar.

— Vamos. — Ela fala. — É claro que nós vamos. Me espera aqui um minuto, eu vou pegar os copos. A não ser que você prefira cerveja, minha geladeira foi abastecida hoje.

— Uma cerveja seria ótimo. — Falo sorrindo ainda encostada na porta.

— Vou buscar. Fique à vontade já conhece o apartamento. Sinta-se em casa Cat.

A morena diz e sai rapidamente dali, a perco de vista quando ela atravessa o corredor que deve dar em sua cozinha.

Ando até a janela, para apreciar a vista como da última vez. E para pensar na melhor forma de contar a ela o que eu sou e porque estou em Nova York. Trouxe comigo uma parte dos arquivos, a arma que eu nunca abandono e uma coragem diferente da que geralmente uso para fazer o meu trabalho.

Em outra vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora