CAPÍTULO 20

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Valentina Albuquerque nunca teve a menor chance. Posso dizer que ela estava realmente destinada ser o que foi, uma assassina e a ter o final que teve, uma morte lenta e dolorosa em frente ao túmulo dos seus pais, o que foi muito simbólico já que Charles também morreu naquele mesmo lugar, naquela mesma noite. Como escreveu Confúcio "Antes de embarcar em uma jornada de vingança, cave duas covas". Ela deveria saber que terminaria assim. Ela deveria ter seguido em frente quando perdeu os pais.

Pov Luiza

Já se passaram 485 dias desde que falei com Valentina pela última vez. Minha vida mudou muito desde então e mesmo assim não consegui esquecê-la. O que me fez fazer Igor me ajudar a encontrar Nick e ele me trouxe para encontrá-la.

— Como aconteceu? — questiono enquanto encaro a sua lápide a minha frente.

— Oficialmente ela reagiu a um assalto, é o que está escrito no relatório da polícia, é o que foi noticiado pelo jornal local. Extraoficialmente, armamos uma emboscada para Charles e ele atirou nela antes de morrer. — O homem conta, enquanto olha também para a lápide dela. — Eu tentei salvá-la, eu a carreguei em meus braços até o hospital. Mas ela tinha perdido sangue demais. Eu juro que tentei.

Uma lágrima escorre em meu rosto. E eu a seco rapidamente e respiro fundo para não chorar.

— Ao menos agora ela está junto de seus pais. — Nick fala apontando para as duas lápides ao lado da dela. — A família Albuquerque está reunida novamente.

Isso faz com que eu sinta o meu coração doer em meu peito. Não consigo falar nada, se uma palavra tentar sair da minha boca, vou começar a chorar compulsivamente.

— Sabe Luiza, Valentina era uma mulher destemida, forte e extremamente fria. O coração dela era difícil de alcançar. Eu mesmo levei anos para conseguir isso. Anos para que nos tornássemos amigos. E você fez isso em uma noite. Eu nunca tinha visto os olhos dela brilharem tanto quanto brilhavam ao falar sobre você.

Não consigo mais segurar e deixo algumas lágrimas caírem.

— Obrigada, pelo seu tempo e por me trazer aqui. — Me viro para ir embora.

— Ela teria ficado feliz em saber que você seguiu em frente.

Paro de andar e volto novamente a minha atenção para o homem.

— O que quer dizer? — questiono.

— Eu li sobre você em algum lugar quando estava em Nova York. — Ele explica atenciosamente. — Vendeu boa parte das suas ações da empresa que seu pai fundou, adotou duas crianças e abriu uma escola de artes, soube que tem mudado a vida de muitos jovens com isso.

— Bom, eu mudei de vida. Recomecei. Ela me fez enxergar que podia, que devia fazer isso.

— Aposto que de onde quer que ela esteja, Valentina está feliz por você. — a convicção em suas palavras faz eu me sentir um pouco melhor. — Aposto que ela está vendo tudo agora mesmo.

Uma forte e fria brisa passa por nós, fazendo as folhas das árvores do cemitério balançarem.

— Continue seguindo em frente Luiza. — Ele fala e passa por mim. — Adeus. — Minha atenção está nas árvores.

— Adeus — digo em um tom baixo, pois ele já se foi. Me viro novamente para a lápide de Valentina. — Adeus. — Digo e vou embora.

Igor estava me esperando no carro que alugamos quando chegamos em Chicago está manhã.

— Vamos embora, quero ir chegar em casa o quanto antes. A tempo de ler uma história para Luke e Mia.

— Está bem. — Ele responde e acelera rumo ao aeroporto, onde meu avião está estacionado.

Em outra vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora