CAPÍTULO 6

197 34 17
                                    

Pov Valentina

Chego ao meu hotel e solto um longo suspiro ao constatar novamente o quão baixa é a categoria desse lugar. Depois de passar algumas horas em um apartamento belíssimo e luxuoso, depois de "dormir" em um colchão macio. Enrolada em lençóis de alta qualidade, provavelmente feito com fios egípcios. É uma droga ter que voltar para a minha realidade momentânea. Eu gostaria de poder ser Cat um pouco mais, não pelo apartamento daquela morena e sim, por ela. Para poder continuar deitada naquela cama com ela. Para poder continuar observando-a dormir, para poder me perder naqueles olhos castanhos e naquela boca mais uma vez.

Mas essa é a minha realidade, tenho um trabalho a fazer. E provavelmente nunca mais a verei na vida. "É mesmo uma droga"

— Onde você estava — Nick questiona assim que eu passo pela porta.

— Você é o meu pai, por acaso? — Sou irônica e ele me fuzila com o olhar, mas eu não ligo. — Não te devo satisfação.

Tiro a minha jaqueta e a minha arma e as coloco em cima da pequena mesa de madeira, presente no meio do quarto.

— Não estamos aqui para passear Valentina. — Seu tom é de repreensão.

— Eu sei, aliás, nunca estive em Nova York para passear. Mas hoje pela primeira vez caminhei pelo Central Park. — Digo com uma empolgação, anormal até para mim.

Talvez o que eu fiz noite passada tenha afetado o meu humor positivamente. Transar é sempre bom. Mas tenho consciência que não foi apenas isso que aconteceu.

— Está brincando? Temos trabalho para fazer, um trabalho muito importante. Não pode estragar tudo.

— Não, não. — Balanço a cabeça. — É bom, corrigir essa frase. Não temos trabalho a fazer, eu tenho. É o meu trabalho, e consigo realizá-lo muito bem sozinha. A pergunta que não quer calar é porque você está aqui?

— Para que tudo saia bem.

— Eu nunca estraguei um trabalho ao longo de toda a minha carreira. Não é agora, não é no meu último trabalho que irei fazer isso. Charles sabe bem das minhas capacidades por isso me escolheu. Então por que está aqui? — Insisto nessa questão.

Encaro o homem. Esperando a sua resposta e pronta para analisar se o que quer que ele diga é verdade ou não.

— Porque me importo com você. — Ele parece sincero. — Tudo tem que sair perfeitamente bem, você sabe disso. Ameaçar Charles não foi uma grande ideia, mas receber todo o dinheiro desse trabalho talvez o acalme.

— Eu não ligo para a irritação daquele homem Nick.

— Mas vai ligar se ele por um alvo nas suas costas. — Ele retruca me encarando seriamente. — Ao menos eu vou ligar.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

— É um bom irmão Nick, obrigada. — Digo em um tom calmo e sincero. — Não se preocupe com o trabalho, tudo vai sair perfeitamente bem.

— Eu espero. Está pronta para ver o seu alvo. Já recebi todos os dados sobre ela.

— Ela? Então o alvo é uma mulher? — Pergunto tentando demonstrar interesse. Mas preciso admitir que saber disso me deixa ainda mais desanimada.

Ao longo da minha carreira só matei duas mulheres. Meu alvo preferido geralmente são homens com desvios claros de caráter. "Tudo bem, eu sei que faço tudo isso por dinheiro, então é hipocrisia julgá-los". Não sou um exemplo de moral a ser seguido.

— Sim, uma mulher muito rica e aparentemente bem importante. — Nick responde e me entrega o dossiê com as informações. Eu o seguro em minha mão e me sento na mesa antes de abri-lo. — Ela é esposa de um político, eu acho. Não li todo o documento, afinal como você mesma disse não é o meu trabalho. — Reviro os olhos ao ouvir isso, mais solto um sorriso leve. — Isso foi um sorriso?

Em outra vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora