Capítulo 10

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Camila Cabello


Depois de uma aula de psicologia de três horas, posso dizer com toda a
sinceridade que não ouvi uma palavra do que o professor disse. Nem uma
única palavra.
Por cento e oitenta minutos, tudo o que fiz foi repassar cada segundo
maravilhoso de cada coisa maravilhosa que Lorenzo fez comigo pela manhã.
Qualquer um pode ser considerado divino ou é preciso preencher alguns
pré-requisitos?
A língua de alguém pode ser divina? Ou existe algum prêmio para orgasmos dado pelo Departamento de Sexualidade?
Se for o caso, Lorenzo o merece.

Ainda estou atordoada depois de ele ter aparecido à minha porta e
praticamente exigido me dar um orgasmo. Seu ego deve ser tão sensível
quanto o artigo da Cosmopolitan indicava, mas sabe de uma coisa? Achei
fofo. É gratificante que alguém tão seguro quanto Lorenzo Jauregui tivesse
mesmo dúvidas a respeito de sua capacidade sexual.
Engraçado. Menos de uma semana atrás, eu estava lamentando a falta de
emoção na minha vida. Agora, olhe só para mim - um jogador maravilhoso do time de hóquei bate à minha porta pedindo para me matar de prazer.
Acho que quem merece o prêmio sou eu.

Encontro Dinah e as meninas para almoçar na mesa de sempre, no
fundo do refeitório claustrofóbico, com Lorenzo ainda dominando meus
pensamentos. O Carver Hall é meu lugar preferido no campus. Mas quem o construiu deve ter ignorado os demais edifícios da universidade, porque ele tem um jeito rústico de chalé. O teto alto, as paredes cobertas com painéis de
madeira e as luminárias ornamentais lançam um brilho amarelo suave sobre
o salão, em vez da iluminação fluorescente dos outros refeitórios. E fica aapenas dois minutos do meu alojamento, o que significa que posso
aproveitar seu esplendor diariamente.
Coloco a bandeja na mesa e abro o refrigerante, sentando numa cadeira
vazia.

"Oi", cumprimento. "Do que estamos falando?"
Dinah, Jess e Maya se calam na mesma hora, o rosto brilhando com um ar de segredo que me diz exatamente o que discutiam.
A minha vida.
Estreito os olhos.

"O que foi?"
Dinah desvia o olhar, tímida. "Tá legal, não fica brava... mas eu contei do Lorenzo."

Sinto uma onda de aborrecimento, mas a sensação é principalmente dirigida a mim. Não sei por que me dou ao trabalho de pedir a Dinah que não conte algo para ninguém. É o mesmo que jogar uma bola e mandar um cachorro não correr atrás dela.

Pois bem, eu joguei a droga da bola, e agora Dinah está voltando com ela. Este ano, Dinah ficou amiga de duas meninas que fofocam ainda mais do que ela. Jess e Maya passam tanto tempo dissecando a vida dos outros que deveriam montar um site e desbancar o Perez Hilton.

"Então é verdade?", Jess pergunta. "Você ficou mesmo com ele?"
Falar de Lorenzo com elas me deixa desconfortável, mas eu as conheço, e
não vão parar de me encher o saco até eu dizer alguma coisa. Tentando parecer casual, enrolo o macarrão no garfo e o levo à boca.

Então olho para Jess e digo: "Fiquei".
"Só isso? Fiquei?" Ela parece horrorizada. "Não vai dizer mais nada?" "Já falei, ela está sendo super, ultra, megarreservada sobre isso." Dinah
sorri. "Está esquecendo a regra número um da amizade: não poupar detalhes
quando fica com o cara mais gostoso do campus."
Mastigo o macarrão. "Não sou de contar vantagem."

Maya se intromete, com uma pitada de zombaria na voz: "Sabe, considerando a completa falta de detalhes, alguém poderia pensar que nunca aconteceu".

Alguém poderia pensar?
Volto a cabeça na direção de Dinah. Inacreditável. Ela está espalhando
isso agora? Faz as pessoas pensarem que sou uma louca, uma mentirosa
patológica?
Dinah é rápida em se defender da acusação não feita.

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