Capítulo 12

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Lorenzo Jauregui


Tudo o que quero hoje à noite é me esparramar no sofá e assistir ao
primeiro jogo dos playof s. Nem ligo se Boston não está no rinque — assisto a todas as partidas que posso na pós-temporada. Nada faz meu sangue correr e meu coração bater mais forte quanto os playof s do hóquei.

Dean, no entanto, tem outros planos. Está esperando por mim no corredor
quando saio do banheiro após a chuveirada, os olhos azuis semicerrados pela impaciência.

“Cara, o que você tava fazendo lá dentro? Depilando a perna? Meninas de treze anos tomam banhos mais rápido que esse!”
“Demorei literalmente cinco minutos.”
Passo por Dean e entro no meu quarto, mas ele me segue. Não tem senso
de limite.
“Anda, se veste logo. Vamos ver um filme e não quero perder os trailers.”
Fico olhando para ele. “Tá me convidando para um encontro?”
Dean me mostra o dedo do meio. “Vai sonhando.”
“Quem parece estar sonhando é você.” Pego uma cueca na gaveta de
cima e lanço um olhar de reprovação na direção dele. “Dá licença?”
“Sério? Já vi seu pau centenas de vezes no vestiário. Se veste logo.” Ele cruza os braços e bate o pé.
“Vai embora. Vou assistir ao jogo do Red Wings hoje.”
“Ah, qual é, você nem gosta do Detroit. É meia entrada pra todo mundo
hoje… faz uma semana que tô esperando pra ver esse filme do Statham, só por isso.”
Olho boquiaberto para Dean, porque não acredito que esteja falando sério. “Você é podre de rico. Se alguém deveria pagar inteira no cinema é você.”
“Eu tava sendo educado, seu imbecil. Esperei o dia mais barato pra você
poder pagar pelo seu ingresso.”

Então ele abre seu sorriso marca registrada, que faz as meninas tirarem a calcinha e se jogarem em cima dele.

“Não me venha com esse sorriso tarado.
Tá me assustando, cara.”
Sua boca fica congelada naquela expressão sensual. “Vou parar de sorrir
assim se você concordar em sair comigo hoje à noite.”
“Você é a pessoa mais irritan…”
O sorriso se alarga, e ele pisca para mim.
Dez minutos depois, estamos saindo de casa.
O cinema de Hastings só tem três salas e uma estreia de filme novo por
semana, o que limita bastante a seleção. Para a sorte de Dean, está passando
o filme do Jason Statham que ele está doido para ver. Dean é louco por esse
cara. Se alguém me dissesse que ele fica treinando o sotaque britânico na
frente do espelho, eu acreditaria.
Ainda não estou no clima de cinema, mas depois que Dean torceu meu braço percebi que sair até era uma boa ideia. Nas quartas-feiras, Hannah em
geral aparece lá em casa depois do trabalho. Com sorte, ela e Garrett já vão
estar dormindo quando Dean e eu voltarmos. E, sim, eu sei os horários dela,
sou trouxa mesmo.
Pelo lado bom, não estou tão obcecado por ela quanto de costume.

A pessoa que monopolizou meus pensamentos o fim de semana inteiro não foi Hannah, mas Camila. É melhor nem ficar pensando muito na chupada de segunda-feira. Quando bati uma ontem, foi lembrando das coxas firmes e
claras de Camila e da sua…

“Lorenzo. Oi.”
Pisco, confuso, ao ver Camila entrando no meu campo de visão. Por um segundo, me pergunto se minha mente suja de alguma forma personificou a imagem dela, mas não. A garota está mesmo aqui, a um metro e meio da bilheteria.

“Oi”, digo.
Ela sorri, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha. Está vestindo uma
malha, legging preta e uma parca azul aberta, parecendo saída das páginas
de um catálogo da Abercrombie & Fitch. Curto esse visual confortável mas
sensual.
Ouço um pigarro baixinho e percebo que tem alguém de pé ao lado dela.
Uma menina de cabelos pretos, saia marrom de couro e uma blusa vermelha de veludo. Está me encarando boquiaberta. Tipo, o queixo batendo no chão.
Alguém me cutuca por trás. “Cara”, reclama Dean. “O que a gente tinha
combinado? Você compra os ingressos; eu, a pipoca.”
Ergo a nota de vinte dólares na mão. “Mudança de planos. Eu compro a
comida.”
Ele revira os olhos e lança um olhar de admiração para os peitos da
amiga de Camila antes de se arrastar na direção da bilheteria.
“O que vocês vão ver?”, pergunto.
Ela sorri. “O que você acha?” Ergue dois ingressos, e rio ao ver o nome
do filme de Statham.
Claro. Tinha esquecido que ela é louca por filmes de ação.
“Nós também. Podemos sentar todos juntos.”
A amiga faz outro barulhinho estridente. Na verdade, é mais um suspiro
meio chiado. Apesar de baixo, significa muita coisa.
Camila aponta para ela. “Esta é Dinah. Dinah, Lorenzo.”
Ela me olha de cima a baixo. “Eu sei quem ele é.” Ah, merda. Já vi esse olhar antes. Muitas, muitas vezes, no rosto de
muitas, muitas mulheres. Como se estivesse me imaginando pelado.
Pena que não estou interessado em realizar essa fantasia. Estou concentrado em Camila e no desfile de imagens loucas na minha mente.
Como seus olhos ficaram vidrados quando minha língua tocou seu clitóris.
Os barulhos ofegantes que fez quando gozou. E…

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