Capítulo 07

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Camila Cabello

"Como é que é? Fala de novo." Dinah me olha com descrença absoluta, os olhos completamente arregalados.


Dou de ombros, como se o que acabei de contar não fosse nada demais.


"Lorenzo Jauregui veio aqui ontem."


"Lorenzo Jauregui veio aqui ontem", repete ela.


"É."


"Ele veio ao nosso quarto."


"Veio."


"Você estava aqui, e ele entrou e ficou aqui também. Neste quarto."


"Foi."


"Então Lorenzo Jauregui bateu à nossa porta, entrou e ficou. Com você. Aqui."


O riso borbulha dentro de mim. "É, Dinah. Fim de papo. Ele esteve


aqui, neste quarto."


Sua boca se abre. Em seguida se fecha. Depois se abre de novo e solta


um grito tão ensurdecedor que fico surpresa de a água no meu copo não


tremer como em Jurassic Park.


"Não acredito!" Ela corre e se joga na minha cama. "Conta tudo!"


Dinah ainda está com as roupas que usou para ir à festa: um vestido curtíssimo que sobe ainda mais quando ela se senta e sapatos prateados de salto, que ela tira e chuta para um canto, com as pernas agitadas.


Quando Dinah entrou no quarto, levei três segundos inteiros para dar a


notícia. Agora, no entanto, com ela me olhando empolgada, a relutância se


instala em minha garganta. De repente, estou com vergonha demais para


contar o que aconteceu ontem à noite, porque... bom... vou dizer de uma


vez: foi decepcionante.


Foi divertido assistir ao filme com ele. E adorei os beijos e os amassos -


pelo menos até os momentos finais -, mas o cara gozou e foi embora.


Quem faz isso? Não admira que ele só pegue garotas em festas de fraternidade. Elas provavelmente estão bêbadas demais para perceber se gozaram ou não.


Bêbadas demais para se dar conta de que Lorenzo Jauregui não passa de uma


fraude, uma propaganda enganosa.


Só que agora já abri minha boca grande, então tenho que seguir em frente


e contar alguma coisa. Com Dinah boquiaberta na minha frente, explico


como Lorenzo bateu à porta errada e acabou ficando para ver um filme.


"Vocês viram um filme? Foi isso?"


Sinto meu rosto se acender. "Então..."


Outro grito dispara de sua boca. "Meu Deus! Você transou com ele?"


"Não", respondo depressa. "Claro que não. Nem conheço o cara. Mas...


bom, a gente se pegou."


Fico hesitante em dizer mais do que isso, mas a revelação é suficiente para iluminar os olhos de Dinah. Ela parece uma criança que acabou de ganhar uma bicicleta. Ou um pônei.


"Você ficou com o Lorenzo Jauregui! Ai, que incrível! Ele beija bem? Ele tirou


a camisa? Tirou as calças?"


"Não", minto.


Minha melhor amiga não consegue ficar sentada. Ela pula da cama e


começa a saltitar pelo quarto. "Não acredito nisso. Não acredito que não


estava aqui para testemunhar isso."


"Que tarada", digo, seca.


"Pelo Lorenzo Jauregui? Sou mesmo. Veria vocês dois se pegando por horas."


Ela suspira. "Ai, meu Deus, manda uma mensagem agora e pede uma foto


do pau dele!"


"O quê? Tá maluca!"


"Ah, qual é, no mínimo vai ficar lisonjeado..." Outro suspiro. "Não,


manda uma mensagem e convida o cara para vir hoje à noite! E fala para


trazer o Dean." Odeio ter que jogar um balde de água fria em Dinah, mas,


considerando a forma como Lorenzo fugiu, não tenho escolha. "Eu não


poderia, nem se quisesse", confesso. "Não peguei o número dele."


"O quê?" Ela parece devastada. "Qual é o seu problema? Pelo menos deu o seu?"


Nego com a cabeça. "Ele estava sem o celular, nem pensei nisso."


Dinah fica em silêncio por um instante. Seus olhos castanhos ágeis se


concentram em meu rosto, como se estivessem tentando ler meu cérebro


telepaticamente.


Eu me remexo, desconfortável. "O que foi?"


"Fala a verdade. Ele esteve mesmo aqui?"


Fico chocada. "Está falando sério?" Diante do pequeno dar de ombros


dela, o choque se transforma em horror. "Por que eu inventaria isso?"


"Sei lá..." Ela põe uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha, o desconforto evidente no gesto. "É só que... sabe como é, ele é mais velho e é um gato, e vocês não trocaram telefone..."


"Você acha que estou mentindo?" Fico de pé, mais do que insultada.


"Não, claro que não." Ela recua, mas é tarde demais. Já estou chateada e


caminhando em direção à porta. "Aonde você vai?", Dinah geme, atrás de


mim. "Ah, qual é, Camila? Eu acredito em você. Não precisa sair correndo."


"Não estou correndo." Lanço um olhar frio para ela por cima do ombro e


pego minha bolsa. "Tenho que encontrar meu pai daqui a quinze minutos.


Tô atrasada."


"Sério?", pergunta minha amiga, sem acreditar.


"Sério." Preciso me esforçar para não olhar feio para ela. "Mas isso não


significa que não esteja brava com você."


Dinah corre na minha direção e joga os braços ao meu redor, antes que


eu possa impedi-la, apertando com força o suficiente para interromper o fluxo de ar para meus pulmões. É um dos seus típicos abraços de desculpas.


Já perdi a conta de quantas vezes os recebi.


"Por favor, não fica com raiva de mim", ela implora. "Desculpa. Sei que


você não faria isso. Quando voltar, quero ouvir todos os detalhes, tá legal?"


"Tá... tudo bem", murmuro, não porque esteja mesmo tudo bem, mas porque quero sair antes de bater na cara dela.


Ela me solta, o alívio estampado no rosto.

"Legal. Mais tarde a gente


se..."


Saio antes que ela termine a frase.

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