Lorenzo Jauregui
Entro no meu quarto depois de uma chuveirada pela manhã e ouço o
telefone tocando. Como todo mundo da minha idade só manda mensagem,
sei exatamente quem é sem nem conferir a tela.
"Oi, mãe", atendo, segurando a toalha enquanto caminho na direção do
armário.
"Mãe? Minha nossa! Então é verdade?! Eu achava mesmo que tinha
dado à luz um bebezinho lindo, vinte e um anos atrás, mas parece só uma
memória distante. Se eu tivesse um filho, ele provavelmente me ligaria mais
de uma vez por mês, não acha?"
Dou risada, apesar da pontada de culpa no peito. Ela tem razão. Tenho
sido um péssimo filho, ocupado demais com a pós-temporada e os trabalhos
de fim de semestre para ligar com a frequência com que deveria.
"Desculpa", digo, com remorso genuíno. "A vida fica corrida nessa
época."
"Eu sei. Por isso não tenho incomodado você. Estudando muito?"
"Claro." Ah, tá. Não abri um livro ainda.
Ela me saca direitinho. "Não minta para sua mãe, Lorenzo."
"Tá, ainda não comecei", admito. "Mas você sabe que funciono melhor
sob pressão. Pode esperar um segundo?"
"Claro." Baixo o celular, solto a toalha e visto uma calça de moletom. Meu cabelo ainda está molhado, pingando no meu peito, então esfrego a toalha na
cabeça antes de pegar o telefone de novo.
"Voltei", digo. "E aí, como vai o trabalho? E o David?"
"Bom e ótimo."
Ela fala de trabalho pelos próximos dez minutos - minha mãe é gerente
de um restaurante em Boston -, depois conta o que meu padrasto tem
feito. David é contador, então é tão entediante que às vezes é duro ficar
perto dele. Mas ele ama mesmo minha mãe e a trata como a rainha que é,
por isso não posso odiar o cara.
Por fim, ela pergunta quais são meus planos para o verão, adotando
aquele tom defensivo que sempre usa quando traz à tona meu pai.
"E aí, vai trabalhar com ele de novo?"
"Vou." Faço um esforço para parecer relaxado. Há muito tempo meu
irmão e eu concordamos em esconder a verdade dela.
Minha mãe não precisa saber que meu pai está bebendo de novo, e me
recuso a desenterrar a merda toda. Ela foi embora e deve continuar livre
disso. Merece ser feliz agora e, por mais chato que seja, David a faz feliz.
Mike Jauregui, por outro lado, só a fez infeliz. Não batia nela nem era
agressivo, mas minha mãe sempre tinha que resolver as coisas por ele. Era
ela quem lidava com os acessos de raiva e as internações constantes. Quem
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Nosso Erro - Camren Alternativo
Novela JuvenilLorenzo Jauregui parece viver uma vida de sonhos. Com um talento incrível para jogar hóquei e um charme inato para conquistar mulheres, ele é uma das maiores estrelas da Universidade de Briar. Mas por trás do característico sorriso maroto, ele escon...