Capítulo 16

143 20 3
                                    

Camila Cabello

Nossos olhares se encontram por um instante de parar o coração, e então
ele faz a última coisa que eu poderia imaginar.
Ele se abaixa e me beija.
Na boca. De língua.
Bem ali, no refeitório.
Quando Lorenzo se levanta de novo, fico feliz em ver que Dinah e Jess estão de queixo caído — e as meninas da mesa ao lado também.

O gato comeu a língua de vocês, foi?
Ainda estou escutando a musiquinha da vitória quando Lorenzo abre aquele sorriso torto que amo tanto. “Está pronta, linda?”
Não combinamos nada. Ele sabe disso, eu sei disso, mas não vou deixar ninguém perceber.

Embarco na jogada e respondo: “Estou”. Então começo a me levantar.
“Vou só levar a bandeja.”
“Deixa comigo.” Ele a tira das minhas mãos e acrescenta: “É bom ver você de novo, Dinah”. Em seguida, me dá outro beijo, antes de caminhar até a bancada.

Todas as mulheres do lugar admiram a forma como as calças pretas
envolvem sua bunda maravilhosa. Inclusive eu.
Saindo do meu transe momentâneo, volto a atenção para minhas amigas,
que ainda parecem atordoadas.

“Desculpa ter que sair assim, mas temos
planos.”
Lorenzo volta num instante, e abro o sorriso mais brilhante de que sou
capaz, enquanto ele pega minha mão e me conduz para fora do refeitório.
No segundo em que me acomodo no banco do passageiro da caminhonete, a represa que estava lutando para manter intacta a noite inteira se rompe. Faço uma tentativa frenética de enxugar as lágrimas transbordando dos olhos com as mangas antes que ele perceba. Mas é tarde demais.

“Ei, não chora.” Ele estica o braço para o porta-luvas e pega uma caixa de lenços.
Droga, não acredito que estou me acabando na frente dele. Dou uma
fungada, e Lorenzo me passa a caixa.

“Obrigada.”
“Sem problemas.”
“Não, não só pelos lenços. Obrigada por aparecer e me resgatar. O dia todo foi humilhante”, murmuro.
Ele suspira. “Acho que você viu os posts no Twitter, né?”
Meu constrangimento triplica. “Olha, só pra você saber, não saí por aí contando da gente, tá? A única pessoa que sabia era Dinah.”
“Claro. Ela tava no cinema.” Seu sorriso é reconfortante. “Não esquenta, você não parece o tipo CV.”
Eu o encaro, confusa. “Curriculum vitae?”
Lorenzo ri. “Não. Do tipo que conta vantagem.”
“Conta vantagem?” Rio por entre as lágrimas, porque é a coisa mais
absurda que já ouvi. “Vocês criaram uma sigla para isso?”
“Vai por mim, nós fomos obrigados a isso. As marias-patins são especialistas no assunto.” Sua voz se suaviza. “E, só pra você saber, a menina que começou esse papo-furado no Twitter é a rainha das marias- patins. E ainda tá chateada comigo porque não quis nada com ela no ano passado.”
“Por quê?” Conheci a irmã de Maya, e ela é linda.
“Porque ela é insistente. E meio irritante, pra ser sincero.” Ele gira a chave na ignição e me lança um olhar de esguelha. “Tava pensando em passar em outro lugar primeiro, se topar. Ou quer que deixe você em casa?”
Minha curiosidade se aguça. “Onde?”
Seus olhos verdes brilham, maliciosos. “Surpresa.”
“Surpresa boa?” “Tem algum outro tipo?”
“Hum, tem. De cara, posso pensar numa centena de surpresas ruins.”
“Fala uma”, desafia ele.
“Tá… você marca um encontro às cegas e, quando chega no restaurante, Ted Bundy está sentado à mesa.”
Lorenzo sorri para mim. “Bundy é sua resposta para tudo?”
“Parece que sim.”
“Certo. Entendi. Prometo que é uma surpresa boa. Ou, no mínimo, neutra.”
“Tá. Vamos lá, então.”

Ele sai do estacionamento e pega a estrada. Olhando pela janela, observo
as árvores passarem num borrão, e um suspiro pesado escapa. “Por que as
pessoas são tão idiotas?”
“Porque são”, responde, simplesmente. “Mas, sério, nem vale a pena
ficar com raiva. Quer um conselho? Não desperdice seu tempo pensando
nas coisas idiotas que gente idiota faz.”
“É meio difícil quando as coisas idiotas são sobre você.” Mas sei que ele
tem razão. Por que gastar minha energia mental com gente como Piper
Stevens? Daqui a três anos, nem vou lembrar o nome dela.

Nosso Erro - Camren Alternativo Onde histórias criam vida. Descubra agora