Lorenzo Jauregui
Na quarta-feira de manhã, dirijo até Munsen, com meu nível de entusiasmo firme no lugar de sempre: o zero.
Quase nunca preciso passar em casa durante o ano letivo, mas às vezes
não tenho escolha. Em geral, isso acontece se o mecânico que trabalha meio período na oficina não consegue cobrir Jeff quando ele tem que levar meupai ao médico. Fico repetindo para mim mesmo que sou capaz de lidar com
algumas horas de troca de óleo e revisão geral sem ficar maluco.
Além do mais, vai ser um bom aquecimento para o verão. Costumo
esquecer como odeio trabalhar na oficina, então todo primeiro dia das fériasme sinto na linha de frente de uma zona de guerra. Meu estômago se revira
e o medo me invade quando percebo que aquela vai ser minha vida pelos
três meses seguintes. Pelo menos, se eu encarar isso agora, posso diminuir
um pouco o choque depois.
A van de Jeff não está mais ali quando estaciono minha caminhonete na
frente da Jauregui & Sons. O nome é meio irônico, considerando que a oficina
já se chamava assim muito antes de meus pais terem filhos. Meu avô tocava
o lugar antes de meu pai assumir, e acho que ele imaginava que teria mais
filhos homens. Só teve um, no entanto, por isso, tecnicamente, a oficina
deveria se chamar Jauregui & Son.
O lugar não passa de uma pequena construção de tijolo, dentro da qual só
cabem dois elevadores. A área apertada não chega a atrapalhar o negócio, já que meu pai não está exatamente prosperando. A J&S paga as despesas, as
contas do meu pai e o financiamento da casa, que fica nos fundos. Quando
criança, eu odiava morar tão perto da oficina. Costumávamos acordar no
meio da noite com clientes batendo à porta porque o carro tinha enguiçado
perto dali, ou com telefonemas de empresas de reboque dizendo que
estavam levando mais um veículo.
Desde o acidente do meu pai, no entanto, a proximidade se tornou
conveniente, porque significa que ele pode chegar em casa do trabalho em
menos de um minuto.
Não que ele passe muito tempo na oficina. Jeff é quem faz todo o
trabalho, enquanto meu pai bebe até desmaiar na poltrona da sala.
Caminho até a porta amassada de metal, que está trancada. Um pedaço de
papel preso com fita adesiva me diz, numa caligrafia que imediatamente
reconheço como a do meu irmão:
VOCÊ ESTÁ ATRASADO.
Três palavras, todas em maiúsculas. Merda, Jeff está bravo.
Uso minha chave para abrir a porta lateral, entro e aperto o botão que
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nosso Erro - Camren Alternativo
Teen FictionLorenzo Jauregui parece viver uma vida de sonhos. Com um talento incrível para jogar hóquei e um charme inato para conquistar mulheres, ele é uma das maiores estrelas da Universidade de Briar. Mas por trás do característico sorriso maroto, ele escon...