Capítulo 11

99 16 1
                                    

Lorenzo Jauregui


Na quarta-feira de manhã, dirijo até Munsen, com meu nível de entusiasmo firme no lugar de sempre: o zero.


Quase nunca preciso passar em casa durante o ano letivo, mas às vezes


não tenho escolha. Em geral, isso acontece se o mecânico que trabalha meio período na oficina não consegue cobrir Jeff quando ele tem que levar meu

pai ao médico. Fico repetindo para mim mesmo que sou capaz de lidar com


algumas horas de troca de óleo e revisão geral sem ficar maluco.


Além do mais, vai ser um bom aquecimento para o verão. Costumo


esquecer como odeio trabalhar na oficina, então todo primeiro dia das férias

me sinto na linha de frente de uma zona de guerra. Meu estômago se revira

e o medo me invade quando percebo que aquela vai ser minha vida pelos

três meses seguintes. Pelo menos, se eu encarar isso agora, posso diminuir


um pouco o choque depois.


A van de Jeff não está mais ali quando estaciono minha caminhonete na


frente da Jauregui & Sons. O nome é meio irônico, considerando que a oficina


já se chamava assim muito antes de meus pais terem filhos. Meu avô tocava


o lugar antes de meu pai assumir, e acho que ele imaginava que teria mais


filhos homens. Só teve um, no entanto, por isso, tecnicamente, a oficina


deveria se chamar Jauregui & Son.


O lugar não passa de uma pequena construção de tijolo, dentro da qual só


cabem dois elevadores. A área apertada não chega a atrapalhar o negócio, já que meu pai não está exatamente prosperando. A J&S paga as despesas, as


contas do meu pai e o financiamento da casa, que fica nos fundos. Quando


criança, eu odiava morar tão perto da oficina. Costumávamos acordar no


meio da noite com clientes batendo à porta porque o carro tinha enguiçado


perto dali, ou com telefonemas de empresas de reboque dizendo que


estavam levando mais um veículo.


Desde o acidente do meu pai, no entanto, a proximidade se tornou


conveniente, porque significa que ele pode chegar em casa do trabalho em


menos de um minuto.


Não que ele passe muito tempo na oficina. Jeff é quem faz todo o


trabalho, enquanto meu pai bebe até desmaiar na poltrona da sala.


Caminho até a porta amassada de metal, que está trancada. Um pedaço de


papel preso com fita adesiva me diz, numa caligrafia que imediatamente


reconheço como a do meu irmão:


VOCÊ ESTÁ ATRASADO.


Três palavras, todas em maiúsculas. Merda, Jeff está bravo.


Uso minha chave para abrir a porta lateral, entro e aperto o botão que

Nosso Erro - Camren Alternativo Onde histórias criam vida. Descubra agora