Prólogo

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Quando S/n chegou à Nova York pensou ainda estar dormindo e sonhando.

Era tudo exatamente como ela tinha visto na internet.

Aquela movimentação de pessoas quase insana, carros de luxo, taxis amarelos, metrô antigo e às vezes deixando a desejar pelo seu estado precário; um Starbucks em cada esquina e pessoas das mais diversas etnias.

Tudo era mágico.

Brasil tinha o calor humano, aquele ideal acolhedor de uma nação sem excessos, beldades e uma culinária invejável, muita desigualdade, pouca ou nula chance de ser alguem na vida se você não nascer rico e muita, mas muita corrupção.

E essa desigualdade a deixava pobre, marcada por um sofrimento diário, limitando os habitantes a um futuro incerto.

S/n é Latina e pobre.

E aos seus pés estava a contradição.

O excesso, a desigualdade cruel, onde mendigos pediam esmola na calçada de uma loja Gucci, o consumo desnecessário e o país da oportunidade.

Não há impossível para aquela cidade e até mesmo para aquele país.

Era como sair do preto ao vermelho.

Mas com tudo isso, ela estava feliz.

Sorriu ao ver um senhor vendendo cachorro-quente com um sorriso e continuou andando.

Estava no bairro Queens, o táxi acabara de deixá-la na porta de um prédio com uma fachada antiga, um branco amarelado coberto de janelas e algumas decoradas com algumas plantas.

Olhou pra cima com as malas ao seu lado e respirou o ar poluído de seu novo lar.

Conferiu novamente o endereço e confirmou ser o certo.

Assim que foi aceita no programa de bolsas, precisava organizar sua mudança.

Procurando na internet, achou um anúncio para compartilhar uma casa pequena e humilde naquele bairro com duas garotas.

Im Nayeon, uma jovem coreana de cabelo castanho, pele clara, altura na média e com um corpo de tirar o fôlego; estudante de música e dança em Juilliard.

A outra, Yoo Jeongyeon, alta, também coreana e com um sorriso perfeito.

Aparentemente carismática e apaixonada por tudo que tivesse diamante artificial e brilho.

Também estudava dança em Juilliard, porém preenchia o aluguel com alguns trabalhos como modelo.

S/n não tinha certeza no começo, era um país completamente novo onde ela estava completamente só.

Seus pais também duvidavam, principalmente sua mãe.

A costureira não conhecia o mundo a fora e temia pelo bem-estar de sua filha.

Porém, depois de muitos dias conversando com as meninas por mensagem e investigando qualquer coisa relacionada com Nayeon e Jeongyeon, ela decidiu que era a decisão correta.

O aluguel seria relativamente barato já que seria dividido entre as três.

Ela sabia cozinhar, lavar e passar.

Não era mimada e estava acostumada a andar de ônibus.

O pouco dinheiro que seus pais haviam juntado era suficiente até ela conseguir um emprego.

Então, no final das contas, tudo estava indo conforme o plano.

Quando chegou à entrada do prédio, havia um cartaz no elevador indicando que estava quebrado.

Apesar do suspiro, isso não a deixou frustrada.

Com muita paciência e grande esforço, foi subindo com as duas malas até chegar ao quarto andar, apartamento 37.

Limpou o suor da testa com a mão e suspirou, endireitando a coluna e sentindo uma leve dor, devido ao esforço de se abaixar para arrastar as malas, e finalmente tocou a campainha.

Escutou a madeira reclamar do peso e, segundos depois, uma garota alta com um coque perfeitamente colocado no alto da cabeça, um short elástico apertado e meio curto, uma camisa roxa do mesmo material e uma meia fina branca apareceu.

S/n logo soube que era Yoo Jeongyeon, mas não deixou de se sentir surpreendida pela beleza e corpo da garota que imediatamente a olhou de cima a baixo e sorriu abertamente ao finalizar a inspeção, sendo correspondida por uma S/n tímida.

Laços Reais [MinaxYou]Onde histórias criam vida. Descubra agora