Capítulo 2 - Entre na minha vida

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Ao chegar em casa, S/n se mostrou levemente nervosa quando as companheiras perguntaram o que ela andou fazendo. 

Nayeon era a mais curiosa e devido a seus recentes problemas de encontrar um parceiro, gostava de ocupar seu tempo comentando todas as coisas que lhe eram possíveis: 

— Quem é essa monitora? — inquiriu curiosa. — Não sabia que os professores da NYU davam essas regalias aos alunos. 

A latina, que já estava em seu pijama e recolhia o cabelo em um rabo de cavalo, deu de ombros: 

— Uma aluna de outro curso. Se é algo novo ou não, prefiro nem perguntar. O que importa é que ela vai me salvar de um zero no trabalho. 

Jeongyeon, que acabara de escovar os dentes, se juntou à conversa enquanto enxugava o rosto:

— Em Julliard isso só acontece no primeiro ano, mas é um monitor para te mostrar as salas e as regras, porque ajudar é algo bem atípico nesse meio. Mais fácil enfiarem uma faca em você.

Elas riram pela sinceridade da modelo, mas S/n estava aérea e Nayeon percebeu:

— Tudo bem por aí, S/n?

A latina assentiu.

— Sim, só estou meio cansada. Foi um dia cheio.

Jeongyeon a abraçou, assim do nada, e mesmo sem estar acostumada, S/n retribuiu:

— Eu sei que é tudo muito novo e louco, mas não desanima não. Você vai conseguir tudo. — consolou, e de fato aquilo serviu para tranquilizar S/n.

— É, S/n. — Nayeon concordou. — No começo é tudo muito catastrófico, muita informação em pouco tempo. Mas ei, você vai se entrosar logo, logo.

— Obrigada, meninas. — disse com um sorriso aliviado. — Vou fazer o possível. Enfim, hora de dormir. Vejo vocês amanhã? — se levantou e elas assentiram. — Então, boa noite.

— Boa noite! — responderam juntas.

Quando deitou na cama, pegou o celular para programar seu despertador e, ao desbloquear, lá estava ela, a xícara de café com um sorriso.

Ela também sorriu, encarando o aparelho por um tempo, até a luz se apagar.

— Mina, Mina... quem é você? Quais mistérios traz nessa pose? E por que está constantemente em meus pensamentos? —

Pensou.

Ela tinha uma forma peculiar de olhar, com perguntas que S/n não sabia exatamente como responder.

Mas se fosse certo aquele ditado de que os olhos são o espelho da alma... Que alma linda a daquela estranha.

Se estivessem em uns duzentos anos atrás, provavelmente teriam queimado aquela jovem na fogueira pela magia do seu olhar.

Não podia ser coisa desse planeta... Mina não parecia ser desse planeta.

Programou o relógio para as seis e decidiu que o melhor seria não pensar mais do que já havia pensado ou não descansaria.

Colocou o aparelho em cima do criado-mudo e fechou os olhos depois de um longo suspiro.

Mina ainda era a última coisa que sua mente reproduzia antes dela cair no sono.

E não muito longe dali, Mina estava na mesma.

Terminou de passar um creme em seus braços, o cabelo preso em um coque e uma camisa bem maior do que ela servia de pijama.

Sentou-se em sua cama de casal analisando todo o luxo daquele cômodo, as regalias de uma vida privilegiada, mas vazia.

Não que fosse uma amante legítima do rock.

Gostava, mas também gostava das suas roupas mais caprichadas e ajustadas.

Mas cortar suas blusas, não estar sempre impecável, era sua forma de romper com as normas e protocolo de sempre.

A perfeição era um preço muito caro a se pagar por uma vida que ela não teve nem o direito de eleger.

Sua vida não era sua, e isso era o pior de tudo.

Queria passear com S/n pelo parque, quem sabe comer em algum restaurante e perguntar pelas suas preferências, seus sonhos, os lugares que já visitou, se é que visitou algum além da sua cidade no Brasil e os Estados Unidos.

Aquelas coisas normais que fazemos quando nos interessamos por alguém mais além da beleza e o simples "conhecer".

Laços Reais [MinaxYou]Onde histórias criam vida. Descubra agora