Ecos da Tormenta

10 - Constant

Samanun rolava em sua cama, lutando contra uma insônia inexplicável. Embora seu corpo estivesse exausto e sua mente carregada de cansaço, o sono parecia uma ilusão distante. Sua mente estava presa em um ciclo incessante de pensamentos, uma mistura paradoxal de vazio e cobranças. Sempre foi a melhor que podia ser, sempre se destacou em seu trabalho, mas agora sentia que tudo estava fugindo do seu controle. A habilidade de focar apenas no trabalho, algo que antes era natural, agora parecia impossível.

Tentando encontrar alguma distração, Samanun zapeava a TV entre filmes aleatórios e programas esquisitos, sem realmente absorver o que estava na tela. A luz fraca do aparelho iluminava seu rosto, destacando a expressão tensa e preocupada. Cada mudança de canal era uma tentativa desesperada de acalmar a mente inquieta, mas nada parecia funcionar.

Enquanto mudava de canal mais uma vez, sentiu seu celular vibrar instantaneamente sobre seu abdome. O susto fez com que se levantasse por um momento, e a ansiedade se intensificou. Pegou o aparelho rapidamente, e ao olhar para a tela, seu coração quase parou.

A mensagem era de Kornkamon.

Samanun ficou imóvel, seus olhos fixos na tela do celular. Os pensamentos antes dispersos agora se concentravam na mensagem que acabara de receber. Sentia um turbilhão de emoções – surpresa, alívio, medo e uma esperança tênue. A conexão que sentia com Kornkamon, aquela que havia tentado ignorar e afastar, agora estava se revelando mais forte do que nunca.

Samanun leu a mensagem de Kornkamon, um sorriso involuntário surgindo em seus lábios. Sentiu uma onda de alegria e alívio enquanto relia as palavras, e rapidamente decidiu responder. Embora hesitante seus dedos voavam sobre o teclado.

Mensagem de Samanun:

"Oi, Kornkamon! Que surpresa maravilhosa receber sua mensagem. Vou me desculpar desde já por não ter te procurado antes. Achei que já estava te monopolizando durante todo esse tempo, e você merecia um descanso de mim. Brincadeiras à parte, fico muito feliz em "falar" com você de novo. Acho que senti sua falta, sua companhia é ótima ainda que desacordada."

Alguns segundos depois.

Mensagem de Samanun:

"Nossa, isso soou menos ruim na minha cabeça, agora que escrevi me sinto uma esquisita, me desculpe."

Assim que enviou a mensagem, Samanun levantou-se assustada. "Eu não acredito que escrevi isso. Ela deve estar me achando uma psicopata. Que tipo de idiota eu sou?" A médica começou a andar pelo quarto, os pensamentos rodopiando em sua mente. Sentia-se um pouco tonta, e as emoções a inundavam como uma maré crescente.

Samanun se culpava, se perguntando se havia passado a imagem errada. "Quem fala assim? Eu devia ter sido mais profissional, ou mais séria. Agora parece que estou desesperada, que horror!"

Ela parou diante do espelho, olhando-se com uma expressão cômica de pavor. "Sério, Sam? Você não podia pensar em nada melhor para dizer?" Bufou, cruzando os braços sobre o peito e balançando a cabeça. "Espero que ela não me ache completamente louca."

Tentando se acalmar, respirou fundo e voltou a se sentar na cama. "Tudo bem, não tem volta agora. Respira, Sam. Vamos ver o que acontece."

O tempo diria se sua mensagem impulsiva e honesta tinha sido a escolha certa. Por enquanto, precisava se preparar para qualquer resposta, e tentar não se torturar demais enquanto esperava.

Kornkamon leu a mensagem de Samanun e não pôde conter uma risada sincera e grandemente libertadora. A resposta rápida e o tom divertido de Sam a fizeram sentir-se à vontade. Pegou o celular e, ainda rindo, começou a digitar uma resposta.

Mensagem de Kornkamon:

"Oi, Samanun! Não esperava uma resposta tão rápida. Acho que você deve ser uma ninja da comunicação ou algo do tipo. Estou impressionada! Estou aqui no meu leito de hospital, tentando imaginar o que você está fazendo às 4 horas da manhã em plena segunda-feira, espero que não esteja atrapalhando o seu plantão."

Samanun recebeu a resposta e, ao ler, não pôde evitar um sorriso. Com dedos ainda um pouco trêmulos, começou a digitar novamente.

Mensagem de Samanun:

"Ninja da comunicação, gostei dessa! Bem, estou tendo uma conversa emocionante com meu travesseiro e zapeando a TV sem sucesso. E você, o que tem feito de interessante no seu leito de hospital?"

Kornkamon riu novamente ao ler a resposta, sentindo-se mais leve do que em semanas. Decidiu seguir o tom brincalhão de Sam.

Mensagem de Kornkamon:

"Sabe como é, vida de hospital, cheia de glamour e aventuras. Hoje consegui beber água sem engasgar, uma verdadeira conquista! Acho que ganhei meu dia, foi o acontecimento mais memorável hoje, bom, ao menos até agora."

Samanun gargalhou, imaginando Kornkamon fazendo uma pose vitoriosa enquanto bebia água. Mas parou no segundo seguinte tentando interpretar o tom das últimas palavras da empresária. Ignorou e afastou de si qualquer conclusão precipitada ou alusão a algo além de matar o tempo de tédio.

Mensagem de Samanun:

"Uau, que progresso impressionante! Estou oficialmente com inveja das suas habilidades. Talvez possamos marcar uma competição de beber água algum dia."

Kornkamon sentiu um calor reconfortante no peito. Cada mensagem trocada era um passo em direção a algo mais profundo e significativo.

Mensagem de Kornkamon:

"Desafio aceito! Mas aviso que sou uma competidora feroz. E, sinceramente, é muito melhor ter essa conversa onde podemos rir juntas, mesmo que uma de nós ainda esteja em um leito de hospital. Espero que não tenha se acostumado a interagir comigo apenas desacordada, eu realmente gosto de poder responder."

O sorriso nos lábios de Samanun não diminuía. Cada mensagem de Kornkamon parecia iluminar um pouco mais a noite. Entendeu a provocação da outra se referindo à primeira mensagem que a médica enviou, um suspiro divertido e arrependido surgindo em sua feição.

Mensagem de Samanun:

"Concordo plenamente. Rir é um ótimo remédio. Acho que preciso marcar minha próxima consulta com você para garantir que estou recebendo minha dose diária. E sobre a via de mão dupla entre nossas conversas... eu sei, soei como uma psicopata, pode me perdoar por isso? É infinitamente melhor poder saber o que se passa na sua cabeça, obrigada por - finalmente - compartilhar comigo."

Kornkamon sentiu o coração bater mais rápido. As trocas eram leves, mas carregadas de algo mais, uma promessa sutil de que essa conexão poderia crescer além das palavras. Riu sutilmente imaginando a médica, tão altiva e firme, parecendo arrependida por ter falado algo estranho. Cada palavra enchendo seu peito de curiosidade e aceitação.

Mensagem de Kornkamon:

"Embora eu não seja a médica, ou mesmo a chefe aqui, no que depender de mim a consulta está marcada, Dra. Samanun. Este é o tipo de prescrição que gosto de seguir!"

As duas mulheres, separadas pelo espaço físico mas unidas por um sentimento compartilhado, continuaram a conversa com sorrisos nos rostos e corações mais leves. Flertes discretos e divertimento sincero tornaram a madrugada mais especial, revelando uma nova dimensão para a relação que estava apenas começando a fluorescer.

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Constant - Jesse Barrera feat. Jeremy Passion