5 - To Die For

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Samanun estava sentada no leito de Kornkamon, observando atentamente cada detalhe de sua paciente. Seus olhos avaliavam o progresso dos processos de cicatrização, anotando mentalmente a evolução dos ferimentos. Ela reparou como o rosto da mulher, apesar dos hematomas e cortes suturados, começava a mostrar sinais de recuperação. Cada dia que passava, ela parecia mais linda, a suavidade de seus traços emergindo lentamente da brutalidade do acidente.

Os cabelos castanhos e medianos estavam espalhados sobre o travesseiro, e a médica permitiu-se um momento de reflexão sobre a vida que aquela mulher deveria ter. Conhecer os pais de Kornkamon havia deixado uma impressão amarga; eles eram egocêntricos e indecorosos, mais preocupados com a imagem pública do que com a saúde e bem-estar da própria filha.

Como deve ter sido crescer sob a sombra de tanta opressão e frieza?

Uma mulher jovem, de cabelos ruivos e longos, era a única pessoa que visitava Kornkamon regularmente. Além dela apenas alguns funcionários de seus pais compareciam diariamente ao fim do dia para receber o boletim sobre a saúde de Kornkamon já que sua família, aparentemente, tinha compromissos mais importantes. Samanun observava de longe a amiga sempre ao lado do leito de Kornkamon, oferecia palavras de conforto e chorava em meio a súplicas. Era um contraste claro com a atitude distante e calculista do casal Phetpailin.

Apesar da ausência de melhoras significativas, a médica estava agradecida pelo estado estável de Kornkamon.

Ela ainda está aqui. Ainda está lutando.

A angústia de não ver uma recuperação rápida era constante, mas a estabilidade proporcionava uma esperança silenciosa. Cada sinal vital, cada respiração monitorada, era um lembrete de que Kornkamon estava ficando mais forte, resiliente. Perdida em seus pensamentos, Sam imaginava a vida de Kornkamon com pais tão dominadores.

Quais sonhos ela teve que sufocar?
Quantas batalhas ela enfrentou em silêncio?

O contraste entre a mulher fria que os pais pintavam e a delicadeza que Samanun começava a perceber em Kornkamon a intrigava profundamente.

De repente, a médica foi arrancada de seus pensamentos pela chegada de suas amigas, Jim e Tee. As duas médicas entraram na sala com passos hesitantes, suas expressões revelavam a preocupação que sentiam pela amiga e pela paciente.

"Sam," disse Jim, sua voz suave mas firme. "Como está Kornkamon?"

Samanun se levantou e sorriu levemente, um misto de alívio e cansaço em seus olhos. "Ela está estável, mas ainda não apresentou melhoras significativas. Temos que continuar observando e cuidando dela com toda a atenção possível."

Tee assentiu, colocando uma mão reconfortante no ombro de Samanun. "Ela vai superar isso, Sam. Kornkamon está em boas mãos. Vamos fazer o que for necessário para garantir sua recuperação. Mas agora... Você é quem tem nos preocupado mais."

Tee e Jim trocaram olhares cúmplices, a preocupação visível em seus rostos. Ambas estavam notando algo inexplicável na ligação que Sam parecia ter com Kornkamon. Era como se uma força invisível estivesse conectando as duas de uma maneira que nem mesmo elas podiam entender completamente.

"Sam, você precisa descansar" Tee continuou, sua voz suave mas firme. "Nas últimas duas semanas, você praticamente tem morado no hospital. Não pode continuar assim. Precisa ir para casa e cuidar de si mesma também."

Jim, sempre a observadora, complementou. "Estamos preocupadas com você. Entendemos que Kornkamon é uma paciente crítica, mas seu interesse por ela parece ir além do normal. Está se envolvendo demais."

Samanun, um pouco surpresa pela franqueza das amigas, tentou disfarçar o cansaço em seus olhos. "Eu sei que os outros pacientes precisam mim tanto quanto ela. Mas não consigo deixá-la. Há algo sobre Kornkamon, algo que me faz sentir que preciso estar aqui. Eu estava lá quando ninguém mais a viu. Fui eu quem entrou naquele carro e segurou sua mão no momento mais frágil de sua vida. Eu não consigo fugir do sentimento de obrigação, de cuidado, eu preciso poder olhar em seus olhos e dizer que ela vai ficar bem."

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