13 - Heartbeat

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Samanun sentia-se arrependida e incrivelmente constrangida ao perceber a impulsividade de suas ações. Estava na casa de Kornkamon, altas horas da noite, sem um motivo realmente plausível. O nervosismo era evidente, e ela não sabia como se comportar. Tentava manter a compostura, mas seu coração batia acelerado, e a mente estava em um turbilhão de emoções conflitantes.

Kornkamon, por sua vez, tentava camuflar o próprio nervosismo. Desde a última conversa com Sam, estava em um conflito interno constante. Sabia que precisava ser honesta com a médica, mas a coragem parecia escapar a cada momento. A presença inesperada de Sam na porta de sua casa só aumentava a pressão.

"Desculpe por aparecer assim de repente" Samanun disse, a voz trêmula.

Kornkamon sorriu, tentando acalmar as próprias emoções. "Não se preocupe, Sam. Fico feliz em te ver. Entre, por favor."

Enquanto Samanun se acomodava no sofá, Kornkamon tentava encontrar as palavras certas. Mas antes que pudesse dizer algo, foi atingida por um flashback do dia anterior.

Em um gesto impulsivo, Mon havia ido até seu escritório na sede do grande hospital de sua família. O constrangimento foi imediato assim que entrou no prédio. Os olhares inquisidores a seguiam, e a empresária podia até sentir um fagulho de pena vindo de algumas pessoas. A maioria parecia surpresa com o seu estado, em uma cadeira de rodas e com marcas não tão sutis que indicavam algum tipo de acidente. Ela pediu para não ser anunciada, preferindo mover-se o mais discreta possível pelos corredores sendo empurrada por uma enfermeira uniformizada que a acompanhava.

Ao passar perto da sala de reunião, parou ao ouvir as vozes familiares de seus pais. A conversa era clara e desconcertante.

"Eu cobrei alguns favores, não podíamos deixar aquela médica inconveniente continuar vivendo tranquilamente a sua vida naquele hospital." disse seu pai, a voz firme.

"A tal Anuntrakul? Patética! Ela defendeu a estadia de Kornkamon com unhas e dentes. Será que se conheciam antes disso tudo acontecer? Não consigo engolir aquela mulher! E também não descobri nada interessante, ela simplesmente veio do nada." respondeu sua mãe, o tom de desagrado evidente. "Ela tem um ar esnobe que eu não aprovo" continuou Sra. Phetpailin.

"Ela não é absolutamente ninguém mas pisou no calo da pessoa errada! A deixarei sofrer as consequências de ter nos desafiado e só descansarei quando vê-la falida  e como pedinte nessa cidade imunda."

Kornkamon sentiu um nó se formar em seu estômago. A revelação de que seus pais estavam deliberadamente prejudicando Samanun por causa dela foi um golpe doloroso. A sensação de desconforto e traição a envolvia, tornando difícil até respirar.

Será por isso que Samanun estava distante?
Que dificuldades ela estava tendo que lidar?

Voltando ao presente, Kornkamon olhou para Samanun com novos olhos. Precisava ser honesta, precisava dizer a verdade. "Sam, tem algo que preciso te contar" começou, a voz hesitante mas determinada. "Ontem, fui até o hospital da minha família e... ouvi meus pais falando sobre você. Eu não sei exatamente o que eles fizeram ou estão fazendo mas sei que usaram a influência deles para te prejudicar no trabalho. Fizeram isso porque você me defendeu, porque você cuidou de mim. Seja honesta comigo, aconteceu algo?"

Samanun ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Kornkamon. A revelação era um choque, mas ao mesmo tempo, explicava muitas coisas. "Mon, não se preocupe com isso. Eu vou cuidar de tudo. O importante é a sua recuperação e foi isso que me trouxe até aqui, eu precisava ver com meus próprios olhos se você está bem. Tenho falado pouco com você devido ao trabalho e me senti culpada".

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