Ecos da Tormenta

17 - Shivers

A tensão no ar era palpável, e antes que pudessem se afastar, a porta do escritório se abriu abruptamente. Jim e Kornkamon entraram, flagrando o momento íntimo entre Sam e Megan.

Samanun afastou-se imediatamente, o rosto corando de nervosismo. Megan, por outro lado, manteve uma postura orgulhosa, como se estivesse vitoriosa por estar tão próxima de Sam. Jim, percebendo a tensão no ar e depois de ela mesma deixar escapar um palavrão em incredulidade, tentou amenizar a situação.

"Desculpe por entrar sem avisar, Sam" disse Jim, a voz calma. "Achei que não haveria problemas."

Kornkamon, no entanto, estava em choque. A proximidade entre Sam e Megan a deixou desconfortável, um ciúme latente rondando em seu corpo mas sua racionalidade a obrigando a omitir naquele momento. Tentou manter a compostura, mas a expressão em seu rosto com a mandíbula contraída e as narinas bem abertas, traía os seus sentimentos.

"Não... não tem problema, Jim" respondeu Sam, tentando recuperar a compostura. "A Dra. Thost estava só... me ajudando."

Megan, percebendo a tensão, decidiu intervir. "Dra. Samanun estava passando por um momento de fragilidade e estava precisando de um pouco de apoio que eu não poderia negar." Sam ficou levemente irritada com o comentário da jovem médica mas preferiu não extender o assunto. O clima não passou despercebido por Jim. "Sam, aconteceu alguma coisa? Você está bem?"

Sam respirou fundo, levantou-se e respondeu a amiga enquanto lhe dirigia uma súplica silenciosa de que deixasse isso pra lá, ao menos por hora. "Nada com o que deva se preocupar, Jim. Está tudo bem".

Virou para encarar Megan e pediu gentilmente. "Dra. Thost, muito obrigada por sua ajuda. Poderia me dar licença para que eu possa conversar com a Dra. Poolsak e Kornkamon?". A residente irritou-se com o tom altamente formal e sentiu a necessidade de deixar subentendido sua, erroneamente entendida, proximidade com Sam. "Tudo bem, Samanun, e você sabe que pode me chamar de Megan...". A residente tocou delicadamente o braço de Sam, algo que foi atentamente percebido por Kornkamon. "E espero que também saiba que pode contar comigo para qualquer coisa. A qualquer hora". O tom sedutor fez Sam engolir seco e nem de longe foi pelo motivo que Megan gostaria.

KornKamon não conseguiu se conter e entrou na conversa, tentando antecipar qualquer inconveniente. "Nos perdoe, Samanun, eu disse à Jim que viria até você mas realmente não sabíamos que você estava com... acompanhada. Eu posso voltar outra hora e..."

Jim se viu na obrigação de interromper, tentando aliviar o clima, observou a jovem médica deixar a sala e iniciou um diálogo ameno. "Pare com isso, KornKamon. Sam já disse que está disponível." A morena de quadris largos aproximou-se de Samanun lhe dando um beijo no rosto. "Olhe só quem encontrei aqui no hospital! Imaginei que ela viria ver você e quis trazê-la pessoalmente". Jim sentou-se no sofá mais à direita da sala, direcionando seu olhar atento para observar a interação entre as duas mulheres que estavam com o semblante nervoso. A tensão ainda estava presente, mas Jim tentou manter a conversa leve.

"Sam, você foi incrível na reunião com o Dr. Ravenscroft. Mostrou a todos o quanto conhece o caso de Mia e deixou aquele velhote impotente em seu devido lugar" disse Jim, elogiando a amiga com seu jeito peculiar.

Sam sorriu, embora ainda envergonhada. "Obrigada, minha amiga. Foi um momento difícil, mas precisava defender minha abordagem. A perseguição comigo e meus casos está ficando cada vez mais descarada, preciso colocar um basta nisso o quanto antes."

A conversa continuou, com Jim tentando manter o clima leve e Kornkamon lutando contra seus sentimentos e ainda mantendo a preocupação quanto à sabotagem que Samanun vinha sofrendo por conta do ego ferido de seus pais.