8 - Fearless

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Três dias após o despertar de Kornkamon, a paz e a recuperação no hospital foram abruptamente interrompidas pela chegada indesejada de seus pais. Os Srs. Phetpailin entraram com a mesma aura imponente e desagradável de sempre, sua presença dominando o ambiente e trazendo uma tensão desagradável. Kornkamon agora estava em um quarto confortável, evidentemente providenciado por Samanun, mas a tranquilidade durou pouco.

Assim que entraram no quarto, os pais de Kornkamon retomaram o assunto da transferência de maneira incisiva, sem se importar com a recuperação lenta e delicada da filha. Tentando não parecer tão indiferentes e rigorosos, mas falhando miseravelmente, começaram a falar sobre as razões pelas quais ela deveria ser transferida para um de seus hospitais.

"Kornkamon, meu amor" começou sua mãe, com uma voz tão forçadamente doce quanto nitidamente falsa. "Estamos aqui para garantir que você tenha o melhor cuidado possível, estávamos morrendo de preocupação. Seus médicos aqui foram eficientes, mas acreditamos que um de nossos hospitais poderia fornecer um tratamento ainda mais eficaz."

Seu pai assentiu, tentando parecer compreensivo. "Queremos o melhor para você, Mon. E sabemos que em nosso hospital podemos garantir isso. O que você acha?"

A cada palavra dos pais, Kornkamon sentia um aperto no peito, uma sensação de sufocamento que ela conhecia bem até demais. A realidade que havia conseguido evitar até então voltou com força total, trazendo à tona todos os gatilhos e sentimentos conflituosos que sempre foram tão presentes. Seu comportamento automatizado, que parecia ter deixado para trás junto com seu acidente, retornou como um reflexo condicionado.

"Eu... eu estou bem aqui" tentou argumentar, mas a voz saiu fraca, quase inaudível. Os olhos cheios de temor e submissão.

Sua mãe percebendo a resistência, ainda que mínima, mudou de tática, adotando um tom mais severo. "Mon, isso não é uma questão de escolha. Estamos falando da sua saúde. Você precisa entender que queremos o melhor para você. Também marcamos um pronunciamento para esclarecer sobre a sua saúde. Nop está voltando para o país, não vê a hora de encontrá-la."

Mon sentiu um frio na espinha, o "namoro" antes conveniente e que lhe rendia uma distração desinteressante, era uma das últimas coisas que a jovem gostaria de manter. Encurralada, Kornkamon recuou. A dor das lesões físicas não era nada comparada ao tumulto interno que sentia. As memórias de uma vida de repressão e controle ressurgiam, e ela se via novamente no papel de uma filha obediente e submissa, incapaz de lutar contra a vontade dos pais e reproduzindo na vida seus comportamentos deploráveis.

O pai, tentando suavizar a situação, colocou uma mão firme no ombro de Kornkamon. "Você sabe que só queremos o seu bem, não é? Não precisa se preocupar com nada. Vamos cuidar de tudo."

Cada palavra era uma facada emocional, e Kornkamon lutava contra a maré de sentimentos que ameaçavam afogá-la. Queria gritar, queria dizer que finalmente tinha encontrado um sentido maior que dedicar sua vida ao império dos pais. O JMH, contradizendo seu conceito de lugar de martírio e sofrimento na verdade era onde Kornkamon se sentia segura e cuidada. A presença opressora dos pais fazia com que tudo o que ela nutriu nos últimos dias começasse a definhar.

Sentindo a pressão aumentar, Kornkamon olhou desesperada para a porta, como se buscasse uma saída, uma fuga daquela situação insuportável. Mas a saída não era física; era emocional e psicológica. E era uma batalha que ela precisava enfrentar, mesmo que seu corpo e mente ainda estivessem frágeis.

Finalmente, com uma força que não sabia que possuía, Kornkamon murmurou: "Eu... não quero ir. Estou bem aqui. Quero continuar meu tratamento aqui."

Os pais de Kornkamon, surpreendidos pela resistência, trocaram olhares desconfortáveis. A fachada de preocupação começava a se desgastar, revelando a frustração e a impaciência que estavam tentando esconder.

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