XVIII - Lealdade

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O vento frio da noite cortava a pele exposta, e as respirações dos três rapazes formavam pequenas nuvens de vapor no ar. Connor, Emett e Joshua estavam parados em frente ao portão da casa de Emett, encolhidos em seus agasalhos. O céu estava claro, mas a temperatura tornava tudo mais quieto, exceto pela conversa baixa entre eles.

- Então, Connor, pra onde vamos mesmo? – perguntou Joshua, batendo os pés no chão para se aquecer, o tom impaciente. – Tá um frio do caramba e você ainda não disse nada.

- Relaxa, só o fato de vocês estarem aqui já significa muito – respondeu Connor, com um sorriso enigmático no rosto.

- Significa que estamos congelando – Emett completou, ajeitando o cachecol e olhando ao redor. – Sério, o que você tá tramando?

Connor olhou para os dois com aquele sorriso que indicava que sabia mais do que estava disposto a revelar.

- Vocês vão ver. Vai valer a pena.

Joshua bufou e olhou ao redor, balançando a cabeça, claramente sem paciência para os joguinhos de Connor.

- Você sempre faz isso, cara. Fica enrolando, se achando o mestre dos segredos. Tá de sacanagem, né? – Joshua falou com seu jeito despreocupado, mas curioso.

- Vai ser divertido, confiem em mim – disse Connor, cruzando os braços e olhando para cima da rua. As casas modernas alinhadas formavam uma espécie de corredor, e ele manteve o olhar fixo na inclinação da rua.

"Será que o Luca vem mesmo?" – pensou ele, com uma fagulha de esperança. Sabia que Luca estava hesitante, mas havia algo nele que dizia que o garoto não iria conseguir resistir. Mesmo assim, depois de alguns segundos observando e não vendo ninguém aparecer, Connor soltou um suspiro, sem demonstrar decepção para os amigos.

- Provavelmente ele arregou – murmurou Connor, virando-se para os outros dois. – Acho que o Luca não vem.

Emett deu de ombros.

- Vacilou, hein? – comentou com tranquilidade, ajustando o gorro que usava.

Joshua, mais expressivo, fez uma careta exagerada.

- Grande vacilo, maninho. Tá deixando de viver uma aventura por quê? Medo do escuro? – disse ele, imitando alguém assustado com um sorriso travesso.

Connor deu um risinho de lado.

- Cês sabem como ele é. Cagão. – Ele começou a andar em direção à descida da rua. – Vamos sem ele.

Os outros dois seguiram sem hesitar, ainda comentando sobre a ausência de Luca. Joshua, com as mãos nos bolsos, olhou para o lado.

- Eu tava achando que o Luca não ia aguentar a pressão, mas né... – ele disse, num tom que misturava zombaria e uma ponta de sinceridade.

- Verdade – Emett concordou. – Só que, bom, não dá pra forçar ninguém.

Connor assentiu, mas algo nele ainda esperava, embora tentasse esconder.

- A gente não pode fazer nada. Quem nasceu pra ser cagão vai ser cagão sempre. – Ele sorriu de canto, mas antes que pudesse continuar a andar, ouviu um som que fez seus ouvidos se aguçarem.

Passos rápidos ecoavam na rua. Connor parou, e os outros dois também, virando-se ao mesmo tempo. A rua inclinada que antes estava vazia agora exibia uma figura se movendo com pressa. O vulto aproximava-se, e logo puderam ver claramente: Luca, de calça branca e suéter preto, corria na direção deles, um pouco ofegante, mas decidido.

Joshua riu animado.

- Aí, olha só quem apareceu! – gritou ele, levantando as mãos em comemoração.

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