12 - Scars

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" A cicatriz que não posso reverter
E quanto mais cura, mais dói
Dei-lhe cada pedaço de mim
Não me admira que partes de mim estão faltando"

Dynasty ~ MIIA

Dynasty ~ MIIA

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Luna Águila

Há dois anos.

A dor escaldante parece dilacerar cada centímetro da minha pele conforme eu começo a acordar. O calor residual do fogo ainda em meu corpo, e meus olhos pesam enquanto tento compreender a realidade à minha volta.

Enfermeiras circulam meu leito, rostos preocupados emoldurados por uniformes brancos. Uma delas segura delicadamente um par de tesouras, enquanto a outra murmura palavras suaves de conforto. Sinto o puxar áspero em minha pele quando começam a cortar os retalhos de tecido carbonizado que se fundiram com as feridas.

Um gemido involuntário escapa dos meus lábios, uma resposta à dor que se espalha. Meu corpo parece ter vida própria, uma sinfonia de desconforto que se mistura com o aroma penetrante de antissépticos.

Gritos começam a sair de mim enquanto pedaços do que foi minha roupa são retirados, revelando uma tapeçaria de carne queimada. A carne estava irregular, partes mais escuras que outras, outras com secreções de uma infecção dando as caras. Meus dedos tateiam com hesitação a textura áspera, e uma sensação de horror e descrença se instala. Um soluço agoniado ficou engasgado na garganta.

A enfermeira mais próxima, com olhos cheios de compaixão, percebe minha agonia.

— Levará tempo, querida. Mas você é forte. Já superou o pior. — diz suavemente. Tão calma e gentil que quero gritar com ela.

O eco de suas palavras paira no ar, mas é a agonia física e a visão de minha própria pele deformada que sussurram a verdade mais cruel. Uma respiração trêmula escapa de meus lábios, enquanto me esforço para aceitar o preço que paguei naquela noite fatídica.

As lembranças do fogo voraz, fragmentos daquela noite de aniversário que se transformaram em pesadelos recorrentes. Cada ferida é uma marca indelével da traição, da dor e da brutalidade da vida que escolhi.

A enfermeira termina de remover os últimos pedaços de tecido chamuscado, revelando minha pele marcada pelo fogo. Peço que ela me dê um espelho, e ela hesita, mas eu insisto, e ela cede. Minha mão trêmula alcança o reflexo triste que me encara no espelho à minha frente. E eu grito, um grito longo e estridente, colocando toda a dor, raiva, tristeza nele, enquanto soco com força a cama hospitalar, meu corpo reclamando rudemente com mais dor. Aquela garota vibrante que uma vez fui, agora é uma sombra de si mesma.

A dor persiste, não apenas nas queimaduras físicas, mas na ferida mais profunda, aquela que não pode ser tocada por pomadas ou curativos.

As enfermeiras saiem silenciosamente, deixando-me sozinha com a visão do que fui e do que me tornei. As lágrimas silenciosas escorrem pelo meu rosto, uma expressão crua da dor que me acompanha desde aquela fatídica noite.

Set me on fire | Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora