CAPÍTULO 26

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Pov Luiza

Tinha vontade de estapear a cara de Valentina. Como ela se atrevia a vir procurá-la depois de ter passado a noite fora? Tinha vontade de estapear o próprio rosto, na verdade. Demorou dois dias para Valentina dormir fora de casa depois de ter conseguido levá-la para a cama. Luiza tinha um péssimo gosto para mulheres, teve de admitir. Quando ouviu batidas em sua porta, na noite anterior, abriu sem ver quem era, pois estava à espera de Valentina. O sorriso bobo foi lavado ao ver Giovanna parada no corredor. Luiza tentou impedir a entrada dela com o corpo, enquanto tentava fechar a porta, mas não conseguiu. A loira invadiu o seu apartamento e postou-se no meio da sala, a uma distância de alguns passos de Luiza.

— Eu só quero conversar. — Levantou as mãos em sinal de paz. — Você nunca me deu a chance de explicar o que aconteceu.

Luiza suspirou fundo, tentando manter a calma. Só queria que ela fosse embora logo, porque se Valentina chegasse e a encontrasse ali, as coisas ficariam feias.

— Eu adoraria ouvir. — Falou, calmamente, ainda segurando o trinco da porta, que agora estava fechada.

Giovanna não estava esperando por essa resposta, visto a expressão de surpresa que surgiu em seu rosto.

— Certo. — Passou alguns instantes escolhendo as palavras. — Eu sei que o que eu fiz não tem justificativa.

— Então estamos conversadas. — Luiza interrompeu. — Mais alguma coisa?

Giovanna aproximou-se dois passos.

— Por favor, me escute. — Pediu, com a voz delicada. — Eu não quero perder você. Esses meses tem sido uma tortura e se você me disser o que eu preciso fazer para voltar para mim eu faço. Qualquer coisa. É só pedir.

Luiza olhava para o teto incrédula. Cogitou falar sobre como deveria estar sendo difícil ter uma nova namorada enquanto passava pelos meses torturantes, mas decidiu que isso talvez soasse como ciúmes. Analisou a ex dos pés à cabeça. Nada ali a atraia mais. Era como se um véu tivesse sido tirado e revelado as falhas que ficavam escondidas. Falhas graves. Como ela havia ficado tanto tempo com aquela pessoa dissimulada em sua frente?

— Giovanna, eu preciso que você me escute com atenção. — Luiza pediu, respirando fundo. — Não tem nada nesse mundo que me faça querer ficar com você. Eu simplesmente não a amo mais. — Tirou a mão do trinco e passou pelo cabelo. — E eu estou apaixonada por outra pessoa.

— Você não está falando sério. — Giovanna disse, dando risada. — Só está querendo me atingir.

— Pense o que quiser. — Luiza falou, perdendo a calma. — Mas pense longe daqui.

— Luiza, a culpa disso tudo ter acontecido é sua. — Giovanna aproximou-se, levantando a voz. — Você nunca estava em casa, e quando estava, sua mente nunca deixava o trabalho. Não me dava atenção, mal olhava para mim. Eu tive que encontrar essas coisas em outro lugar. Se você estivesse presente, isso não teria sido necessário.

— Meu Deus! Eu não posso acreditar que estou escutando isso! — Luiza gritou. — Mas quer saber? Você está certa. Talvez eu não estivesse lá para você porque não te amava mais e não queria admitir para mim mesma. Está satisfeita? Porque para mim isso faz bastante sentido. Agora, você pode ir embora.

— Ah, não. — Giovanna falou, sibilante. — Só que você me ama e não vai me deixar. Você vai voltar para aquela casa comigo e nós vamos reconstruir nossa família. Teremos um lindo bebê e vamos deixar para trás todo esse mal entendido. — Estava a centímetros do rosto de Luiza, lançando-lhe um olhar intimidador.

— Só porque você quer. — Luiza gargalhou amargamente.

Nesse instante, Giovanna avançou sobre ela e segurou o seu rosto com força.

Eu soube que é vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora