Sob o Mesmo Teto: Entre Segredos e Desejos

Capítulo 7: Rendição e Resistência

O caminho de volta para casa naquela noite parecia muito mais longo do que o habitual. Nunew caminhava pelas ruas vazias com a mente girando em torno do que havia acontecido no escritório. O toque dos lábios de Zee ainda queimava em sua pele, e o gosto de seu beijo permanecia vivo em sua memória. Por mais que tentasse processar, ele sabia que o que havia começado entre eles não seria facilmente ignorado.

Mas agora, o peso da realidade começava a cair sobre seus ombros. O que viria a seguir? Como manteriam a fachada de chefe e assistente após o que compartilharam? Nunew não tinha respostas, mas sabia que o desejo entre eles não seria sufocado tão facilmente.

Ao chegar em casa, ele sentou-se na beira da cama, ainda tentando absorver os acontecimentos da noite. A imagem de Zee com o olhar de frustração e desejo queimava em sua mente. Cada palavra, cada toque, cada suspiro compartilhado parecia se repetir em loop, trazendo consigo uma confusão de emoções.

Nunew sabia que estava caindo cada vez mais fundo em algo perigoso. Seus sentimentos por Zee já não eram mais apenas uma atração superficial ou um encantamento por sua postura firme e sua presença autoritária. Era algo muito mais profundo. Algo que ele não conseguia mais ignorar.

Mas junto com isso, vinham as dúvidas. E se Zee estivesse certo? E se aquilo realmente fosse um erro? A diferença de poder entre eles era clara, e o medo das consequências profissionais e pessoais pairava como uma sombra sobre seus pensamentos.

Na manhã seguinte, Nunew acordou com a mente ainda confusa. Ele sabia que precisaria enfrentar Zee novamente, e a ideia de encará-lo depois da intensidade da noite anterior o deixava ansioso. Mas não havia como fugir. Ele se arrumou com mais cuidado do que o habitual, tentando usar o ritual da rotina para acalmar seus nervos.

No escritório, o ambiente estava estranhamente silencioso. Zee ainda não havia chegado, o que deu a Nunew algum tempo para tentar se concentrar em seu trabalho. Mas cada vez que ele tentava desviar seus pensamentos, a imagem de Zee voltava à sua mente.

Perto do final da manhã, quando ele estava prestes a sair para almoçar, a porta da sala de Zee se abriu, e o chefe apareceu, com sua habitual postura impecável. Mas havia algo diferente em sua expressão. Um peso nos ombros que não estava ali antes. Seus olhos encontraram os de Nunew por um breve instante, e naquele olhar, Nunew viu que Zee também estava lidando com a mesma confusão.

— Nunew — disse Zee, sua voz grave como sempre, mas com uma leve hesitação. — Preciso de um relatório atualizado das reuniões desta semana. Pode me trazer daqui a pouco?

Aquele era o tipo de pedido que Nunew recebia quase diariamente, mas o tom subjacente de tensão fez com que ele sentisse uma pontada de ansiedade. Ele assentiu, tentando parecer calmo.

— Claro, senhor. Vou preparar agora.

Zee acenou com a cabeça e voltou para sua sala, fechando a porta atrás de si. O som da porta se fechando pareceu selar a tensão entre eles. Nunew sabia que aquele silêncio não duraria muito tempo. Eles precisariam enfrentar o que aconteceu. Mas como?

Pouco depois, ele pegou o relatório solicitado e, com o coração acelerado, dirigiu-se até a sala de Zee. Bateu de leve na porta e ouviu a voz autoritária do chefe do outro lado.

— Entre.

Nunew entrou, sentindo o habitual frio na espinha ao estar naquele espaço. A sala de Zee sempre lhe dava uma sensação de formalidade, mas agora, com o peso do que havia acontecido, a tensão parecia muito maior. Ele se aproximou da mesa de Zee, tentando não olhar diretamente para ele enquanto entregava o relatório.

Zee o observava em silêncio, seus olhos fixos em Nunew como se estivesse tentando decifrar o que o assistente estava sentindo. Por um momento, nenhum dos dois disse nada, e o silêncio entre eles ficou denso, quase sufocante.