Sob o Mesmo Teto: Entre Segredos e Desejos

Capítulo 17: De Volta à Realidade

Depois do final de semana tranquilo nas montanhas, Nunew e Zee voltaram à cidade revigorados. O tempo longe havia proporcionado a eles não apenas a chance de se reconectar, mas também de reorganizar seus pensamentos e prioridades. No entanto, ao entrarem de volta no escritório, ficou claro que a calmaria das montanhas não se refletiria no ambiente de trabalho. A tensão que pairava sobre a equipe ainda era palpável, especialmente com André, cujo olhar crítico parecia estar mais afiado do que nunca.

Nunew respirou fundo ao passar pelas portas de vidro da empresa. Ele se sentia diferente, mais forte, mas sabia que os desafios que enfrentaria ali dentro ainda o esperavam. Era como se o peso das responsabilidades caísse sobre ele no momento em que pisou no prédio.

— Pronto para voltar à batalha? — brincou Zee, lançando um olhar tranquilizador para Nunew enquanto eles andavam lado a lado até seus escritórios.

— Eu estou mais confiante agora, mas é difícil não sentir que estamos sendo observados o tempo todo. Mesmo com essa nova perspectiva, o ambiente ainda parece... carregado — respondeu Nunew, tentando manter o tom leve, embora estivesse ciente das dificuldades que os aguardavam.

Zee deu um sorriso de canto, ciente de que a situação no escritório não seria resolvida facilmente, mas também determinado a manter a tranquilidade que eles haviam cultivado no final de semana.

— Vamos lidar com isso um dia de cada vez. O importante é que estamos juntos nisso — disse Zee, tocando levemente o ombro de Nunew em um gesto de apoio antes de se dirigir à sua sala.

Assim que sentou em sua mesa, Nunew foi imediatamente mergulhado em uma enxurrada de e-mails, relatórios e pendências. O ritmo acelerado do escritório não dava espaço para hesitações. Mas, com a lembrança do fim de semana ainda fresca em sua mente, ele sentiu uma nova energia para lidar com as demandas.

Ao longo dos dias seguintes, as coisas no trabalho começaram a estabilizar-se ligeiramente. Embora André continuasse a ser uma presença vigilante e crítica, Nunew e Zee conseguiram manter uma postura firme e profissional. A equipe, que antes parecia incerta sobre o relacionamento dos dois, agora começava a ver que o romance deles não afetava o desempenho ou a coesão da equipe. Pelo contrário, Nunew parecia mais focado do que nunca, e Zee demonstrava o mesmo nível de liderança que sempre tivera.

Porém, apesar das aparências, ambos sabiam que a situação ainda estava longe de ser resolvida. André continuava a fazer pequenos comentários durante as reuniões, quase sempre insinuando que o relacionamento deles poderia comprometer o trabalho. Embora esses comentários fossem sutis, eles eram como pequenas farpas que se cravavam na pele de Nunew, lembrando-o constantemente da pressão que continuava a existir.

Foi em uma dessas reuniões, algumas semanas após o retorno do final de semana nas montanhas, que a tensão finalmente explodiu.

A equipe estava reunida para discutir o próximo estágio do projeto, que envolvia uma apresentação importante para potenciais investidores internacionais. Zee estava no comando da reunião, como de costume, conduzindo a equipe com confiança. Nunew, sentado ao lado de Zee, estava encarregado de apresentar as propostas criativas e visuais do projeto, uma área em que ele sempre brilhava.

No entanto, à medida que a apresentação avançava, André interrompeu várias vezes, questionando detalhes irrelevantes e parecendo querer desviar o foco do que realmente importava. Finalmente, quando Nunew estava prestes a concluir sua parte da apresentação, André fez um comentário que quebrou a tensão contida.

— Eu só me pergunto... Com todas essas mudanças e a pressão sobre a equipe, como podemos ter certeza de que as decisões não estão sendo influenciadas por questões... pessoais? — disse André, olhando diretamente para Nunew com um sorriso que não chegava aos olhos.

A sala ficou em silêncio. Os outros membros da equipe pareciam prender a respiração, sentindo que algo estava prestes a acontecer. Zee permaneceu em silêncio por um momento, sua mandíbula tensa, antes de finalmente falar.

— André, como já discutimos antes, o relacionamento pessoal entre mim e Nunew não interfere no trabalho. Estamos aqui para entregar resultados, e até agora, não houve qualquer evidência de que nosso desempenho foi afetado — disse Zee, sua voz firme, mas controlada.

André cruzou os braços e inclinou-se para trás na cadeira, ainda com aquele sorriso irritante no rosto.

— Isso é fácil de dizer, mas, você sabe como é, Zee. Aparências são importantes. E alguns de nós aqui estamos preocupados com o fato de que sua... proximidade com Nunew possa estar afetando o julgamento e a objetividade no projeto. Não queremos que isso se torne um problema para a empresa, não é? — disse ele, com um tom que soava falsamente diplomático.

Nunew sentiu o sangue ferver. Ele estava cansado da constante insinuação de que seu relacionamento com Zee era um problema. Eles vinham trabalhando duro para manter a separação entre o pessoal e o profissional, e ainda assim, André não desistia de tentar minar sua credibilidade.

Antes que Zee pudesse responder, Nunew se levantou de sua cadeira.

— André, com todo o respeito, estamos aqui para falar de trabalho. Se você tem uma preocupação real sobre o desempenho ou a qualidade do projeto, então estou mais do que disposto a discutir. Mas se o único ponto que você tem a levantar é o fato de que eu e Zee estamos juntos, então talvez seja hora de você reconsiderar suas prioridades — disse Nunew, sua voz firme e controlada, embora a raiva estivesse latente sob a superfície.

A sala ficou em silêncio novamente. Os olhos de todos estavam fixos em André, que parecia ligeiramente surpreso com a resposta de Nunew. Zee olhou para ele com orgulho silencioso, mas não disse nada, deixando Nunew lidar com a situação.

André, no entanto, recuperou sua compostura rapidamente.

— Não me entenda mal, Nunew. Não estou questionando sua capacidade, mas sim garantindo que todos aqui estão sendo tratados de maneira justa. É o que se espera de uma empresa como a nossa, certo? — disse ele, mantendo seu tom provocador.

Nunew sentiu a frustração crescer, mas antes que pudesse responder, Zee interveio.

— André, eu acho que já deixamos claro que estamos tratando todos de forma justa e com o máximo de profissionalismo. Se há alguma preocupação específica com o projeto, estamos mais do que dispostos a ouvir. Caso contrário, sugiro que continuemos com o trabalho — disse Zee, sua voz firme e autoritária.

A sala permaneceu tensa por mais alguns momentos, até que André, percebendo que não conseguiria mais apoio, deu de ombros.

— Claro, claro. Vamos continuar, então — disse ele, com um sorriso de falsa cordialidade.

A reunião prosseguiu, mas a tensão não desapareceu completamente. No entanto, ao fim, Nunew sentiu que, de alguma forma, ele e Zee haviam dado um passo importante. A maneira como enfrentaram André, juntos e com firmeza, parecia ter estabelecido um novo equilíbrio.

Mais tarde, no final do dia, Nunew e Zee se encontraram em uma pequena sala de reuniões para uma conversa em particular. Ambos sabiam que aquele confronto com André havia sido um ponto de virada.

— Você foi incrível hoje — disse Zee, com um sorriso satisfeito enquanto fechava a porta atrás de si.

— Eu estava prestes a explodir — admitiu Nunew, deixando escapar um suspiro de alívio enquanto se recostava na cadeira. — Não sei como você consegue manter a calma.

Zee se aproximou, sentando-se ao lado de Nunew e segurando sua mão.

— Não é fácil, mas é o que precisamos fazer. Estamos juntos nisso, e a única maneira de sobreviver é continuando a nos apoiar, como fizemos hoje — disse Zee, sua voz cheia de carinho e orgulho.

Nunew sorriu, sentindo o calor das palavras de Zee acalmá-lo. O confronto com André não havia sido o fim dos problemas, mas naquele momento, sentiu que, com Zee ao seu lado, era capaz de enfrentar qualquer coisa.

— Juntos — murmurou Nunew, apertando a mão de Zee.

E, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu que as palavras eram mais do que apenas uma promessa. Eram uma verdade.