Capítulo 16: O Coração no Limite

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A pressão que vinha se acumulando no trabalho, aliada às inseguranças que André havia plantado, começava a transbordar para a vida pessoal de Nunew e Zee. Embora os dois tivessem um relacionamento sólido e profundo, as dificuldades no escritório estavam deixando marcas sutis. Cada interação parecia mais carregada, cada conversa sobre trabalho era envolta em uma tensão invisível, como se ambos esperassem que a qualquer momento algo pudesse ruir.

Nunew sabia que seu desempenho no trabalho estava sendo vigiado de perto por André e outros membros da diretoria. O simples ato de caminhar pelos corredores do escritório o deixava ansioso, como se cada olhar e comentário sussurrado fossem mais um julgamento. Ele sentia o peso das expectativas, não apenas sobre seu trabalho, mas sobre sua capacidade de separar o lado pessoal do profissional. E isso estava começando a afetá-lo de maneiras que ele não conseguia mais ignorar.

Certa noite, após mais um dia estressante, Nunew e Zee estavam em casa, tentando relaxar. Zee havia preparado um jantar simples, na tentativa de criar um momento tranquilo para ambos. Mas, mesmo ali, longe do ambiente de trabalho, a tensão parecia pairar sobre eles como uma nuvem que não dissipava.

— Você está quieto hoje — comentou Zee, observando Nunew mexer na comida sem realmente comer.

Nunew olhou para o prato por um momento antes de suspirar profundamente.

— Só estou cansado. Parece que tudo está se acumulando. Cada dia no escritório é como andar em um campo minado. Qualquer coisa que eu faça ou diga pode ser mal interpretada, e eu sinto que estou sendo observado o tempo todo — confessou Nunew, deixando escapar o que vinha guardando nos últimos dias.

Zee observou Nunew com atenção, seu olhar cheio de compreensão.

— Sei que as coisas estão difíceis agora, mas você não está sozinho nisso. Estamos enfrentando isso juntos — disse Zee, segurando a mão de Nunew sobre a mesa.

Embora as palavras de Zee fossem reconfortantes, Nunew não conseguia se livrar da sensação de que ele estava, de certa forma, carregando um fardo extra. Não queria ser o motivo de qualquer falha, tanto no trabalho quanto no relacionamento. E, embora soubesse que Zee estava ao seu lado, ele se perguntava por quanto tempo conseguiriam sustentar essa harmonia sob tanta pressão.

— Eu sei, Zee, mas, às vezes, parece que tudo o que fazemos é lutar. Como se cada pequena vitória viesse acompanhada de mais pressão. É exaustivo — disse Nunew, a frustração escapando de sua voz.

Zee se levantou e se aproximou de Nunew, ajoelhando-se ao seu lado. Ele segurou as mãos de Nunew com firmeza, seus olhos encontrando os dele com uma intensidade reconfortante.

— Nunu, nós dois sabíamos que seria difícil. Mas precisamos lembrar por que estamos fazendo isso. O que temos vale mais do que qualquer obstáculo que André ou a diretoria possam nos impor. Eles não entendem o que temos, e não têm o direito de julgar o que vivemos fora do escritório — disse Zee, sua voz suave, mas firme.

Nunew olhou nos olhos de Zee e sentiu um aperto no coração. O amor de Zee por ele era inegável, e naquele momento, ele percebeu o quanto se apoiava nesse sentimento. Mas ao mesmo tempo, ele sabia que precisavam encontrar uma maneira de aliviar essa pressão, ou o peso disso acabaria por afetar até mesmo o relacionamento que tanto prezavam.

— Eu só... tenho medo de que tudo isso nos consuma — admitiu Nunew, com a voz baixa, finalmente expressando o que vinha guardando.

Zee ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Nunew.

— Então, precisamos encontrar uma maneira de evitar isso. Podemos ser mais do que apenas trabalho e pressões externas. Precisamos de algo que seja só nosso, algo que nos lembre do porquê estamos juntos — disse Zee, sua voz agora mais calma.

Nunew sentiu uma leve esperança brotar em seu peito com as palavras de Zee. Era verdade. Eles estavam deixando o trabalho dominar suas vidas e seu relacionamento, e isso estava criando rachaduras. Precisavam redescobrir o que os unira em primeiro lugar, além das obrigações profissionais.

— Talvez devêssemos tirar um tempo para nós. Um final de semana longe do trabalho, longe da cidade. Só nós dois, sem distrações — sugeriu Zee, pegando Nunew de surpresa.

A ideia de escapar por alguns dias, longe de tudo, era tentadora. Nunew sabia que precisavam de um espaço para respirar, para se reconectar sem a sombra do escritório pairando sobre eles.

— Eu adoraria isso. Precisamos de um tempo longe dessa loucura toda — concordou Nunew, sentindo o alívio se espalhar por seu corpo.

Zee sorriu, o peso da tensão diminuindo um pouco enquanto eles faziam planos para a pequena escapada. A simples ideia de estarem longe, mesmo que por um breve momento, trouxe uma sensação de leveza que ambos vinham buscando.

No final de semana seguinte, os dois arrumaram suas malas e partiram para um chalé isolado nas montanhas. Era um lugar tranquilo, cercado por natureza, longe de qualquer sinal de civilização ou das pressões do trabalho. A viagem em si já foi um alívio, com a estrada serpenteando por entre as montanhas e o ar se tornando mais fresco a cada quilômetro que avançavam.

Quando chegaram ao chalé, Nunew se sentiu imediatamente mais relaxado. O lugar era pequeno, mas aconchegante, com uma lareira no centro da sala e grandes janelas que permitiam uma vista deslumbrante das montanhas ao redor. O silêncio era absoluto, interrompido apenas pelos sons suaves da natureza ao redor.

— É perfeito — disse Nunew, admirando a vista da varanda enquanto sentia o vento fresco no rosto.

Zee apareceu atrás dele, envolveu Nunew em um abraço por trás e murmurou em seu ouvido.

— Sabia que você ia gostar. Precisamos disso, Nunu. Um tempo só para nós dois, longe de tudo — disse Zee, sua voz calma e tranquilizadora.

Nunew se inclinou contra o corpo de Zee, sentindo a paz daquele momento. Estavam longe de todas as preocupações, e pela primeira vez em semanas, ele conseguiu relaxar de verdade. O peso das expectativas do trabalho parecia distante, quase irrelevante ali.

Naquela noite, sentados ao lado da lareira, com o crepitar do fogo preenchendo o ambiente, Nunew e Zee conversaram sobre tudo — suas esperanças, seus medos, e o que queriam para o futuro. Pela primeira vez em muito tempo, falaram de coisas que não envolviam trabalho ou as pressões externas. Falaram sobre os momentos que os uniram, sobre as pequenas coisas que amavam um no outro, sobre seus sonhos além do escritório.

— Sabe, eu me apaixonei por você muito antes de perceber — confessou Nunew, sorrindo enquanto se lembrava de como se sentia confuso no início.

Zee riu suavemente.

— Eu também. Foi difícil esconder isso por tanto tempo. Mas cada momento em que eu via você no trabalho, concentrado, dando o seu melhor, eu me apaixonava mais — disse Zee, olhando nos olhos de Nunew, sua expressão cheia de ternura.

Eles se aproximaram, seus lábios se encontrando em um beijo suave, mas cheio de paixão. Naquele momento, com o fogo iluminando suavemente o rosto de Zee, Nunew percebeu o quanto o amava, o quanto estava disposto a lutar para manter o que tinham. Aquele fim de semana estava sendo a reconexão de que precisavam, um lembrete de que, apesar de todos os desafios, o amor entre eles era a base de tudo.

Na manhã seguinte, os dois acordaram juntos na cama, o sol da manhã iluminando o quarto do chalé. A noite anterior havia sido cheia de intimidade, não apenas física, mas emocional. Estavam mais próximos do que nunca, como se as tensões das últimas semanas tivessem sido deixadas para trás.

— Como você está se sentindo? — perguntou Zee, acariciando os cabelos de Nunew enquanto ele ainda estava deitado, aproveitando o calor dos lençóis.

— Melhor. Muito melhor. Acho que era disso que precisávamos — respondeu Nunew, sorrindo.

Zee sorriu de volta, seus olhos brilhando.

— Isso é só o começo, Nunu. Voltaremos mais fortes para enfrentar o que vier. Juntos, sempre — prometeu Zee, apertando Nunew contra si.

Nunew sabia que, com Zee ao seu lado, poderia enfrentar qualquer coisa. As dificuldades do trabalho e as pressões externas continuariam existindo, mas o amor que compartilhavam era mais forte do que tudo aquilo. E, naquele momento, Nunew se sentiu mais confiante do que nunca em sua capacidade de lidar com o que viesse.

Estavam prontos para o próximo capítulo de suas vidas — juntos.

Sob o Mesmo Teto: Entre Segredos e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora