Sandu: "Testando Nossa Secretária"

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A nossa manhã foi produtiva conversando com o Nikolai. Ele faz falta, temos que trazê-lo o mais rápido possível para junto de nós.

Vi meu irmão mais velho rir; certo que foi com a mania de conspiração do Dmitri, mas tudo vale para vê-lo se divertindo. E o melhor naquele momento era levarmos tudo na brincadeira.

O assunto de Anya ser o retrato inacabado de Yeketerina nos foi sofrido. Uma ferida ainda não totalmente cicatrizada que voltou a sangrar com essa garota entrando em nossas vidas, tendo que convivermos com ela todos os dias, horas infindáveis imaginando que não podíamos nos esquecer que ela não poderia ser tocada, abraçada ou contar-lhe nossos segredos, simplesmente pelo fato dela não ser a irmã, cunhada e amiga minha e dos meus irmãos tortos. E o pior: fazer o Aleksei lembrar de tudo o que perdeu.

O nosso almoço foi disperso, cada um com os seus pensamentos. Tínhamos tanto para solucionar, questões pendentes. Nunca imaginei o curso que as nossas vidas tinham tomado.

Sei que Aleksei esconde as coisas que minha mãe faz. Fiz as minhas investigações e o que encontrei deixou-me angustiado e furioso. Ocultei todo os meus sentimentos de repúdio pela mulher que me deu a luz; sabia que não me amava e que queria nos prejudicar, e isso aconteceria se deixássemos ela quieta. Terei que sentar com o meu brat(irmão) e conversar sobre esse assunto. Claro que ele escondeu de mim, acreditando que sofreria com as atitudes dela. O que ele não deve saber é que ela não é mais nada para mim.

Nikolai só precisa resolver mais uma coisa na Rússia e, então, poderemos passar todos os comandos aqui para o Brasil, deixando apenas Ivan e nosso grupo de conselheiros escolhidos a dedos para ficarem por lá.

Ao voltarmos ao escritório, encontramos a secretária em movimento, preparando café e organizando tudo o que precisaríamos para as reuniões.

Ela nos surpreendeu com seu conhecimento sobre o chá, e aceitamos de bom grado o café oferecido.

Senti uma emoção esquisita quando Aleksei foi rude ao extremo com ela. Meu irmão exagerou na grosseria ao ouvir a explicação dela sobre a falha no carpete. Ele não teve um resquício de empatia. Dmitri sorriu entre dentes esperando a garota chorar.

Vimos um pequeno rubor em suas bochechas e educadamente se desculpou pedindo para se retirar. Provavelmente seria seu primeiro choro antes de correr de nós. Saberíamos em breve: choro de mulher sempre fica visível; os olhos ficam avermelhados e inchados. Faltava pouco tempo para a reunião; tiraríamos a dúvida do quanto ela ficou magoada ou ofendida.

Passados uns quinze minutos, houve outra batida delicada na porta. Seria fácil acostumar - se com essa forma de anunciar a sua presença. Ao nosso sinal, entrou avisando que os primeiros clientes haviam chegado, esperando-nos na sala de reuniões. Pedimos para que esperassem.

Não queríamos ser mal educados, mas, visto que chegaram antes do horário estipulado, fizemos com que aguardassem até a hora marcada. Veremos como Anya se sairá; ela nos lembrará dos clientes ou os fará esperar pelo horário pontual?

Quando faltavam dois minutos para o início da reunião, nos dirigimos para o encontro dos empresários brasileiros. Anya estava sentada em sua mesa, e os brasileiros conversavam naturalmente enquanto nos esperavam.

Aleksei a olhou, nem precisou dizer nada. Ela simplesmente levantou-se, seguiu em frente e apresentou-nos às quatro pessoas reunidas. Percebemos que não estavam satisfeitos pela espera; ninguém os mandou chegar meia hora antes do combinado. Somos pontuais e não gostamos de nos desorganizar devido aos outros.

Como de costume, estávamos com nossas expressões sérias. Na verdade, usamos a frieza para amedrontar nossos competidores e quem não conhecemos. Educadamente, apenas respondemos “boa tarde” em português, que é uma das poucas palavras que aprendemos.

Aleksei  Amor e Mistério Onde histórias criam vida. Descubra agora