– Levante-se! Você está muito mole hoje. – Nathan estava de pé ao lado do meu corpo derrotado no chão. O ar ainda achava caminho para meus pulmões após o impacto.
– Me diz quando eu te fiz tanto mal para você nunca aliviar? – Estendi minha mão para ele, tomando o pedaço de madeira na outra.
Estávamos começando o treinamento com armas e, para evitar acidentes, não usávamos objetos afiados. Nathan aceitou que eu não iria lutar para matar, mas me convenceu que saber manusear uma espada também era essencial para me defender e para proteger aos meus, mesmo sem a usar para ferir mortalmente.
O meu protetor me pôs de pé e colocou a mão em meu cabelo, balançando-o para tirar a grama seca aderida. Treinávamos sempre em alguma campina ou no meio da mata para evitarmos levar possíveis servos de Victor para a Rebelião, principalmente nos dias que as meninas viriam nos acompanhar. Os poderes delas distraíam muito os rebeldes que paravam seus treinos para as observar.
Nathan, por fim, acariciou minha bochecha com a ponta de seus dedos e avançou para me dar um singelo selinho. Por mais inocente que aquele toque fosse, ainda fez meu peito palpitar. Sua testa encostou na minha e eu o observei sorrir de olhos fechados.
– Finalmente, os trinta dias acabaram. – Sua voz era quase um suspiro. Ele abriu os olhos, suas mão direita encontrando a minha e a colocando sob seu peito. – Chega de esconder.
– O que isso efetivamente quer dizer? – Abri um gigante sorriso, podendo enfim perguntar o que queria saber. Nunca estive nessa situação. Seríamos namorados? Ficantes? Ele tinha que pedir ou eu presumiria?
Por uma fração de segundos, os olhos dele ficaram anormalmente vazios. Já tinha o visto assim algumas vezes. Era quando Angel projetava seus sentidos na mente dele. Assim que seus olhos voltaram ao normal, ele tomou um passo de distância de mim, dando-me um último beijo com mais intensidade antes, seus polegares afagando minha bochecha.
– Angel está chegando com Jane e Aline. Conversamos melhor à noite, protegida?
O barulho anunciava a presença das garotas que conversavam animadamente. Quando elas tiveram a visão da campina, eu e Nathan já estávamos de volta ao treino. As três carregavam envelopes. Sem que eu precisasse dizer uma palavra, Jane se colocou na frente, me entregando o papel branco pérola com letras douradas. O convite de aniversário de Luna.
– Ela guardou o convite com a senha de vocês. – Aline avisou. – Disse que entregava na troca de turno.
Luna e Tracy estavam na Biblioteca, hoje era o dia delas na busca. Eu, Nathan e Aline iríamos as substituir perto do pôr-do-sol.
– Príncipe, não entendi porque Luninha separou uma senha para ti, sendo que me deu duas. – A mão de Jane acariciou o braço de Nathan, que recuou um passo. – Vamos juntos como combinamos desde maio, não é?
– Jane... – A mandíbula tensa de Nathan mostrava quão pouca paciência ele tinha para aquela conversa.
– Ah! Enny. – Ela pareceu sequer o ouvir, virando-se para mim. – Erick me contou que te convidou. Não sabia que estava rolando algo. Como foi isso?
Instantaneamente os olhos de Nathan me encontraram, questionando o porquê eu não lhe contar aquilo. Engoli em seco e acho que todos tiveram a percepção errada. Acabou que, com a visita de Thomas, a qual tia Lúcia me fez prometer que não revelaria para não assustar os demais, eu simplesmente esqueci da conversa que tive com o garoto ruivo.
– Nossa! Acredita que não lembrava? – Apesar de ser verdade, não convenci ninguém dali. – E não está rolando nada, Jane. Somos apenas colegas de trabalho.
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Os Segredos de Rheyk - VERSÃO BETA
FantasyEnny, uma jovem de 15 anos, começa a ter visões assustadoras de sua morte e de um universo alternativo. Sua vida vira de cabeça para baixo quando um monstro aparece para matá-la, e ela é salva por seis adolescentes que a levam para uma dimensão para...