Sob outros olhos - O Começo

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(A categoria "Sob outros olhos" trará mini histórias para você sob POV's diferentes de Enny, até porque em Rheyk há muitos segredos e nossa protagonista ainda terá muito a viver até os descobrir. E, claro, isso dará oportunidade de conhecerem um pouco mais os personagens de Rheyk, afinal as pessoas não são só o que transparecem ser)

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Era próximo da meia-noite e, por causa da falta de um funcionário, eu ainda estava longe de terminar o fechamento do restaurante

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Era próximo da meia-noite e, por causa da falta de um funcionário, eu ainda estava longe de terminar o fechamento do restaurante. Tia Lúcia fechava o caixa, aparentemente preocupada porque estava com um valor a menos do que deveria. Nas últimas semanas, isso vinha acontecendo e havia uma suspeita de uma garota da escola das meninas. Bati à porta da sala da senhora que, afastando a preocupação, me recebeu com carinho.

– O que houve? Está com uma carinha triste, meu rapaz.

Tirei um broche de ouro do meu bolso. No dia que trouxemos Enny para cá, eu estava voltando da minha viagem para a cidade Hoquin, onde tinha pego esse item no cofre da fábrica Jular. Relíquia familiar. Mamãe nunca o usou, dizia que lembrava demais a mãe e não se sentia confortável. Minha benfeitora pareceu entender aonde essa conversa iria dar.

– Acha que consigo algo com isso? Estamos precisando de alguns sacos de farinha na Rebelião. Victor achou nossa plantação e queimou tudo... Até chegar a ajuda da cidade de Ozin, precisamos nos virar. Pensei em comprar aqui na Terra e levar para lá.

Tia Lúcia se levantou, acariciou meu rosto e tentou ajeitar o topete. Meu cabelo não aceitou, continuando a cair sobre minha testa. Aquela senhora era minha segunda mãe. Me acolheu quando eu estava no pior momento da minha vida e lutou para ficar perto de mim, mesmo com minha insistência em a abandonar nos últimos 10 anos depois que mamãe morreu.

– Não precisa se desfazer disso, Nate. Tenho minhas joias, minha poupança. Posso falar com fornecedores e conseguir algum desconto. Me deixe te ajudar, meu menino.

– Por favor, não é certo. – Eu queria chorar, mas não ia ser fraco. – Eu sou o General. Aceitei o cargo e essa responsabilidade é minha. Se for sacrifício de outro, estarei falhando.

Tia Lúcia bufou, mas parecia resignada. Pegou o broche, olhando de perto, e disse:

– Posso falar com meus contatos para tentar um preço melhor pelo broche e verei com os meus fornecedores se há algum com desconto na saca da farinha. Eu tenho tanto orgulho do homem que você está se tornando. Já te disse isso? – Ela deu uma batidinha no meu ombro.

– Se continuar falando assim, vou acabar acreditando e ficando exibido. – Apesar de forçar um sorriso, meus ombros caídos mostravam o preso de ter que me desapegar daquela relíquia. Era mais uma parte da minha mãe que estava partindo.

– Mais do que já é? Duvido! – Um riso lhe escapou, mas seus olhos mantinham o mesmo tom de admiração.

Escutamos uma voz chamando à distância. Era a novata. Tia Lúcia, percebendo que eu precisava me recuperar dessa nossa conversa, saiu para a chamar. Escutei a senhora apresentando o lugar para a garota, que não dizia uma única palavra. Por fim, as duas apareceram na sala de tia Lúcia. No instante que meus olhos encontraram a garota, a mesma sensação se instaurou.

Os Segredos de Rheyk - VERSÃO BETAOnde histórias criam vida. Descubra agora