Capítulo 05

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Eu parei o carro na frente da casa dela e dei uma olhada na fachada, como se fosse algo que eu tivesse visto mil vezes. Na verdade, nunca tinha estado ali, mas, em certa medida, já estava me acostumando com aquela ideia. Contrato temporário. Isso que a gente chama de casamento de conveniência, certo?

Desci do carro com o meu melhor sorriso de quem estava prestes a se divertir. Emma ainda estava se preparando, eu sabia. Mulheres como ela demoravam para se arrumar, sempre meticulosamente, criando um drama desnecessário onde um simples vestido poderia ter sido escolhido em dois minutos. Mas quem sou eu para julgar? Eu adorava um bom jogo.

Antes de bater na porta, dei uma olhada no meu celular, como se fosse confirmar o endereço. Não era necessário, mas fazia bem para a minha imagem. Afinal, estava ali como o "marido temporário". Eu adorava o sabor dessa ironia.

A porta se abriu, e lá estava ela, com a expressão de quem ainda não sabia o que estava acontecendo. Sorri para ela, aquele sorriso carregado de sarcasmo, claro.

—Olá, minha noiva por 12 meses — eu disse, com o tom leve e descomplicado de quem não estava se importando com nada. —Pronta para começar o contrato? Só espero que não tenha mudado de ideia. Afinal, não quero que você se arrependa de ficar comigo... por, bem, um ano. Ou até o bebê nascer, o que for mais rápido.

Eu dei um passo à frente, esperando ver o que ela faria. Essa dança entre nós dois já tinha começado e, francamente, eu estava gostando de cada passo.

Emma me lançou um olhar desconfiado, ainda tentando processar o que acabara de ouvir. Ela deu um suspiro, talvez tentando se acalmar, e respondeu com uma risada nervosa.

— Você realmente tem o dom para ser insuportável, sabia disso?

Eu ri por dentro, mas não deixei isso transparecer. Ela ainda estava se ajustando à situação. Afinal, quem não ficaria um pouco perdida, sendo jogada nesse jogo de conveniência com alguém como eu? O que mais ela podia esperar, senão uma boa dose de sarcasmo?

— Eu sei, eu sei — respondi, fingindo um ar de falsa humildade. — Mas, já que estamos nesse contrato, melhor se acostumar. Você vai me ver muito por aqui.

Eu me aproximei dela, dando uma rápida olhada nas malas espalhadas pela entrada.

— Precisamos disso tudo, ou você vai precisar de mais espaço para as suas coisas? — perguntei com a expressão de quem estava brincando, mas ao mesmo tempo realmente querendo saber.

Emma franziu a testa, mas, sem responder, pegou a alça de uma das malas e começou a arrastá-la em direção à porta. Eu me aproximei rapidamente e, antes que ela pudesse levantar a outra, já estava carregando as malas dela com uma facilidade que parecia quase exagerada.

— Deixe-me ajudar com isso. Afinal, como marido temporário, posso pelo menos fazer isso direito, não é? — disse, colocando as malas no carro.

Ela me lançou um olhar desafiador, mas aceitou a ajuda sem protestar. Não era como se ela tivesse muitas alternativas. Eu sabia disso.

Assim que terminei de colocar tudo no carro, fechei o porta-malas e a olhei.

— Bom, vou te deixar em casa, mas não ficarei com você — disse, olhando-a de relance. — Tenho uma reunião de urgência na empresa.

Ela respirou fundo, e eu podia ver a frustração estampada em seu rosto, mas ela não disse nada.

Dava para ouvir o som do motor do carro em marcha lenta, e o som do silêncio que se instalava entre nós. Eu não era de muitas palavras, mas aquele momento de calma parecia só aumentar a tensão. Eu dirigia em linha reta, concentrado, mas minha mente estava a mil por hora. Como diabos eu estava nessa situação? Eu me perguntava isso a cada segundo que passava.

Imprevisto a DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora