Lucas--
Ela pensa que tem uma escolha. Emma. Frágil, confusa, e imensamente vulnerável. Mas ela não tem. Eu sou a escolha dela agora. E o que ela pensa não importa.
Quando a vi pela primeira vez, não senti nada além de interesse. Interesse em observar o medo crescer nos olhos dela, em ver o que ela seria capaz de fazer quando forçada a se confrontar com a realidade que construí para ela. Eu não sou um herói. Nunca fui. Não sou movido por sentimentos, por esse tipo de "empatia" que as pessoas dizem que é a essência da humanidade. Para mim, não existe espaço para fraquezas como esses. Eu sou calculista. E, acima de tudo, eu sou preciso.
O som do meu relógio de pulso marca o ritmo que eu sigo. Cada segundo é uma contagem regressiva para a última parte do meu plano. Emma... ela ainda acha que pode escapar. Que, de alguma forma, alguém vai vir resgatá-la. Pobre garota. O resgate nunca vem quando se está preso em um labirinto construído por mãos invisíveis. Ela não entende isso. E não vai entender até que o jogo acabe.
— Está na hora de fazermos uma surpresa para o seu querido noivo — digo, deixando que cada palavra pese no ar. O tom é leve, mas sei que ela entende que não há nada de “leve” no que estou planejando.
Ela me olha, os olhos arregalados. Ah, então ela finalmente entendeu. Eu posiciono a câmera na frente dela, ajustando o foco, observando a palidez que toma conta do rosto dela. A cada segundo, ela fica mais próxima da rendição.
— Você vai sorrir para ele, Emma. Vai dizer exatamente o que eu mandar. — Abaixo-me até que nossos olhos fiquem no mesmo nível, e a tensão entre nós cresce. — E, se fizer isso direitinho, eu posso ser até generoso.
Ela hesita, mas não tem para onde correr. Ela sabe que a opção de não colaborar não existe mais. Coloco uma câmera de frente para ela, outra capturando o ângulo lateral, cada uma registrando sua reação, cada detalhe.
— Está pronta? — pergunto, e observo o pavor crescer em seus olhos.
Obviamente, ela não responde, mas sei que, em sua mente, ela já aceitou. Ela está nas minhas mãos. Olho diretamente para a lente, um pequeno sorriso de canto, sabendo que estou no controle, e dou o sinal para que ela comece.
E, por fim, ela olha para a câmera, a voz trêmula, começando a dizer as palavras que planejei. É uma gravação, sim, mas é mais do que isso: é a prova de que não há mais escapatória para ela. E eu? Eu apenas observo de longe, satisfeito, enquanto ela se despede de qualquer esperança que um dia ousou ter.
Termino de gravar e pressiono o botão para encerrar. As luzes das câmeras se apagam, deixando o galpão envolto em uma penumbra pesada. Emma abaixa os olhos, como se esperasse que isso tudo fosse um pesadelo que logo acabaria.
Aproximo-me dela, um sorriso vago nos lábios. — Eu te avisei, Emma, sobre a natureza humana, lembra? — murmuro, cruzando os braços, observando como ela tenta não olhar para mim.
Ela hesita, mas logo me encara, a voz embargada. — Eu devia saber. Um homem que conhece meu nome sem que eu tenha dito nada… já estava me observando.
Sorrio mais, como quem a parabeniza pela descoberta tardia. — Inteligente. Mas, ainda assim, um pouco lenta, não? — provoco, vendo-a se encolher, mas logo ela tenta recuperar o controle e pergunta com a voz trêmula:
— O que você quer, Lucas? Por que está fazendo isso comigo? Com o Ethan?
Respiro fundo, como se decidisse se contaria ou não. Olho diretamente para ela, deixando o peso da resposta pairar no ar.
— Sabe, Emma, para falar a verdade, você e o Ethan não eram minhas “vítimas” iniciais. Eu estava no navio por outro motivo, apenas para um joguinho simples com outro empresário. Mais um tolo com dinheiro sobrando. Mas aí… eu vi seu querido Ethan. E lembrei do rosto dele, da arrogância com que ele fez minha empresa falir, enquanto ele enriquecia. De como, por causa dele, perdi tudo. Os investidores se afastaram, o dinheiro evaporou. Tudo que eu tinha foi para o ralo. E foi por culpa dele.
Me aproximo mais, até ficar frente a frente com ela, e deixo cada palavra sair com precisão cirúrgica.
— Então, me diga, Emma, por que eu perderia a chance de brincar com alguém que um dia se divertiu arruinando a vida dos outros?
— Lucas, por favor... Não faça isso. — Ela engole em seco, os olhos arregalados me fitando, cheios de súplica. — Estou grávida, você entende? Por favor, não machuque o meu bebê... não faça nada com a gente.
O olhar dela é de puro pavor, misturado com uma esperança desesperada de que, talvez, eu tenha alguma compaixão. A inocência dela beira o patético.
— Eu sei, Emma. — Deixo as palavras escorregarem, frias, enquanto me aproximo. — Esse bebê… fruto daquela noite especial em que eu e sua querida amiga Morgan drogamos você e Ethan. Lembra disso? — Aproveito para fazer uma pausa, deixando que a informação lentamente se infiltre na mente dela. Ela me olha, confusa, como se procurasse uma saída impossível para o que eu estou dizendo.
Ah, mas isso não é tudo.
— Sua preciosa amiga, Emma. A pessoa em quem você confia. — Meus lábios se curvam em um sorriso quase caridoso. — Ela te sabotou, sabia? O dinheiro, Emma, é uma ferramenta poderosa. Ele compra sorrisos, segredos… lealdade, inclusive.
Ela balbucia algo, provavelmente negação. Eu conheço esse tipo. Acha que o mundo é feito de amigos leais e romances eternos, que a verdade sempre vence. Pessoas como ela ainda não entenderam que a natureza humana é muito mais... maleável.
Dou um passo mais perto e observo como ela tenta se afastar, mas sua prisão não permite. Cada detalhe do terror e do choque que toma conta dela é fascinante.
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Imprevisto a Dois
RomansaEmma Collins jamais imaginou que uma noite acidental mudaria seu destino para sempre. Após ter sua bebida acidentalmente drogada em uma festa, ela acorda ao lado de Ethan Blackwell, o poderoso CEO que ainda está apaixonado por sua namorada. Ethan, c...