Imprevisto a Dois

Capítulo 20

Ethan

Eu sabia que o caminho até a casa dos meus pais seria rápido. Mas, a cada segundo que passava, meu coração batia mais rápido. Não era a pressa para chegar, era a incerteza do que encontraria lá. Emma. Eu a deixei na casa deles, e a angústia de vê-la partir sem entender o que eu realmente sentia por ela... Era mais difícil do que imaginei. Eu já sabia, mas não podia continuar vivendo sem confessar tudo o que estava guardado dentro de mim.

Quando cheguei na porta, não houve hesitação. O carro parou, e eu quase corri até a casa, minha mente a mil, ensaiando as palavras que eu queria dizer. Se ela ainda tivesse alguma dúvida sobre como eu me sentia, isso precisava acabar ali. Eu tinha que fazer ela entender. Mesmo que a perda fosse uma possibilidade real.

Eu abri a porta com um impulso, e então a vi. Emma estava lá, no mesmo lugar, com aquele olhar curioso que me queimava por dentro. Era como se ela estivesse esperando algo, mas não sabia o quê. Talvez ela não soubesse o que estava prestes a fazer, ou talvez soubesse, mas estivesse esperando um sinal meu, uma palavra que me fizesse voltar atrás.

Me aproximei, sem tirar os olhos dela, e um sorriso se formou em meus lábios, quase como uma promessa não dita. Não sabia se ela acreditava naquilo, mas precisava que ela soubesse.

— Eu falei que voltaria, não falei? — minha voz saiu com uma suavidade inesperada, mas eu não podia negar o desejo de vê-la novamente, de ter ela por perto. Eu queria mais do que tudo que ela me deixasse mostrar que aquilo era real. — Está pronta para voltar para casa, Emma?

Vi os olhos dela piscando, o susto. Ela hesitou por um segundo, e então as palavras vieram, rápidas e duras, como se tudo o que ela tinha guardado surgisse de uma vez.

— Por que você voltou? — A voz dela tremia levemente. — E onde está Elisa? Não foi atrás dela?

Meu coração se apertou, mas eu não hesitei. Tinha que ser agora.

— Eu terminei com a Elisa. — As palavras saíram de mim com uma clareza assustadora. Eu estava mais decidido do que nunca, e não importava o que isso significasse para ela, ou para mim.

O olhar dela era um misto de confusão e incredulidade. Ela parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Eu podia ver o sofrimento nos olhos dela, mas não me importava. Não agora. Eu tinha feito a escolha certa. Eu estava ali por ela, e nada mais importava.

— Você enlouqueceu? — Ela perguntou, a voz embargada. — Você contou a verdade para ela e ela não aceitou bem, não foi? Se quiser, eu posso ir e explicar tudo o que aconteceu... Eu explico sobre o contrato, sobre o incidente, que tudo isso é falso.

Ela tentou se afastar, mas antes que ela pudesse dar um passo, eu a segurei. Não de forma agressiva, mas com firmeza, para que ela soubesse que eu não estava desistindo. Puxei-a de volta para perto, nossos olhares se cruzando, e uma parte de mim sentiu uma paz repentina. Talvez a única paz que eu conseguiria sentir naquele momento fosse se ela ficasse comigo.

— Não preciso que explique nada. — Minha voz saiu rouca, mais baixa do que eu esperava. — Isso é bem real para mim.

Ela me olhou com os olhos arregalados, confusa.

Ela deu um passo para trás. Eu senti a distância crescer entre nós, como uma parede invisível que se ergueu diante de mim. O medo começou a crescer no meu peito, mas eu não podia desistir.

— O que você está fazendo, Ethan?

Fechei os olhos por um momento, respirando fundo. Eu não sabia se ela iria acreditar no que eu estava prestes a dizer, mas eu precisava ser honesto. Não podia mais viver com essa maldita mentira.