Capítulo 06

44 7 3
                                    

---
enquanto conversávamos sobre histórias absurdas. Emma acabava de descrever o dia em que tropeçou e caiu em frente a todos durante a faculdade, e eu mal conseguia respirar de tanto rir ao vê-la contando com uma expressão que oscilava entre diversão e embaraço.

— E o pior de tudo — disse ela, tentando segurar o riso — é que eu estava segurando um café. Derramei tudo em mim, e todos ficaram olhando, espantados.

Tentei me recompor enquanto recolhia os pratos, mas o riso era inevitável.

— Imagino a cena — sorri. — Deve ter sido épico.

Ela fez uma careta, mas não pôde conter o sorriso que lhe escapava pelos lábios.

— Não foi nada épico — retrucou, provocante.

Fui para a pia, ainda rindo, quando Emma se levantou logo atrás de mim.

— Eu te ajudo — disse, pegando alguns pratos. — Você fez o jantar; a louça é minha.

Neguei com um leve aceno.

— Deveria descansar, sabe, por conta do bebê.

Ela suspirou, cruzando os braços com um sorriso desafiador.

— Estou grávida, Ethan, não doente. Posso lidar com alguns pratos sujos.

Por um momento, apenas a observei. Mesmo nas pequenas provocações, havia uma força silenciosa em Emma que eu mal conseguia decifrar, algo que a fazia parecer invulnerável.

— Certo — cedi, entregando os pratos a ela. — Mas só porque insistiu.

Enquanto ela lavava a louça, senti meu celular vibrar no bolso. Uma sensação de inquietude me percorreu antes mesmo de verificar a tela. Ao desbloqueá-lo, vi uma série de mensagens de Elisa, carregadas de uma ansiedade inesperada.

"Está tudo bem? Faz horas que estou tentando falar com você."

Suspirei ao ler as mensagens, sentindo o peso da minha ausência crescer. Elisa não era do tipo impaciente, mas sua preocupação havia se transformado em frustração, e com razão. Eu estava preso em uma situação que não poderia explicar a ela. Como contar que agora eu estava prestes a ser pai de um filho que sequer era dela?

"Desculpa pelo atraso. Estive ocupado em uma reunião de trabalho. Amanhã ligo, sem falta."

Enviei a mensagem e devolvi o celular ao bolso, sentindo o peso da situação crescer a cada segundo. Mas então Emma se aproximou, interrompendo meus pensamentos.

— Terminei com a cozinha — disse, secando as mãos no avental.

— Perfeito. Precisamos conversar..

Eu sabia que a conversa seria difícil, mas não imaginei que ela fosse tão... desafiadora. Quando ela se sentou à mesa, com aquele olhar atento, eu sabia que seria uma batalha de vontades.

— Eu elaborei um plano de convivência — comecei, tentando soar o mais sério possível. Indiquei a cadeira à minha frente. — E depois de ver você dormindo com a porta da sala aberta, percebi o quanto ele é necessário.

Ela levantou uma sobrancelha, parecendo cética. Eu sabia que ela não ia gostar, mas o que mais eu poderia fazer?

— O que você quer dizer com "plano de convivência"? — perguntou, cruzando os braços de forma desafiadora.

Respirei fundo. Eu precisava ser claro, e a pressão para não me deixar levar pela frustração estava aumentando.

— Esse plano inclui algumas regras — disse, dando um passo em direção à mesa. — A primeira é simples: as tarefas da casa serão divididas. Eu tenho funcionários durante a semana, mas precisamos manter tudo organizado. Eu não sou bom com esses detalhes, então vou contar com sua ajuda.

Imprevisto a DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora