16 - Poseidon

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Laboratório Central de Análises Forenses de Minas Gerais

Cheguei ao laboratório no dia seguinte como alguém que havia sido convocado para o serviço militar contra sua vontade. Minha cabeça latejava e meus olhos mal paravam abertos, muito provável pela noitada regada a cerveja e cigarro com Henrique e alguns outros professores na noite anterior, ao contrário do credo popular professores universitários podem ser bem divertidos e como era uma sexta a noite certamente não precisariam acordar cedo assim como eu no dia seguinte.

O lugar parecia um laboratório secreto de filmes de ficção científica. Cheio de equipamentos e maquinários ultra modernos, telões de realidade virtual, cientistas afoitos andando de um lado para o outro, seguranças me acompanhando por todo lado e me olhando como se eu portasse uma bomba, o lugar parecia tão irreal que ninguém podia se quer entrar com celular. Entreguei o meu a contragosto e continuei. Graças aos deuses, só me encontro com Amanda com o celular reserva, um praticamente virgem sem nenhum dado, que obviamente eu trocaria depois de sair dali. Não confie em ninguém, este é o lema.

Quanto mais tempo passo investigando meus assassinatos, mais prefiro estar do outro lado. Odeio formalidades. Após passar por diversas salas e departamentos estranhos me levaram finalmente ao local de análises do caso. Amanda foi o primeiro rosto que vi, seus cabelos platinados inconfundíveis, suas roupas demasiadamente formais, mas justas o suficiente para marcar seu corpo perfeito.

 Amanda foi o primeiro rosto que vi, seus cabelos platinados inconfundíveis, suas roupas demasiadamente formais, mas justas o suficiente para marcar seu corpo perfeito

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Infelizmente atrás dela para minha tristeza estava o investigador Carlos, exatamente do mesmo jeito que o vi da ultima vez. Um terno beje meio surrado, um chapéu fora de moda e rosto de quem acabou de comer algo estragado.  Pelo menos por isso não posso julga-lo por isto, minhas feições deveriam estar igualmente desgostosas. Passei apenas um lápis nos olhos, tentei em vão ajeitar os fios rebeldes de meu cabelo e peguei a primeira roupa que vi.

_Professora Aurora, bom dia. – Disse Amanda ocupada com uma pilha de livros e papeis. – Algum problema com seu despertador? - Ela cuspiu seca.

_Infelizmente não já que ele despertou as 9:00. – Respondi enquanto rodeava o lugar procurando uma garrafa de café. Amanda continuou olhando para os papeis. – Chegamos aqui às 6:00. – Ela respondeu com um breve suspiro impaciente, me aproximei da mesa dela e apenas a olhei. Aquilo não era raiva, era cansaço, provavelmente virou a noite em seu hotel trabalhando. Ela me olhou de volta e deu um leve sorriso, abaixando a guarda um pouco. – Foi erro meu, deveria ter falado o horário correto na mensagem, esqueço que nem todo mundo é tão matutino quanto eu.

_Essa moça parece gostar mais da noite do que qualquer coisa.

A voz pesada e desnecessária de Carlos ecoou pela sala pela primeira vez. Virei- me para ele impaciente, seus olhos percorriam meu corpo de cima a baixo. Eram olhos julgadores, sim, com certeza a minha vestimenta não era o que ele considerava "decente", mas pela quantidade de vezes que seus olhos pararam em meu decote com certeza também eram olhares de desejo.

A Dama de Vermelho - O olhar de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora