Dusk Till Dawn

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— E os dela, isso não explica como você e eu acabamos compartilhando de uma ca...

Sabia em que estava pensando e tratou de interrompê-la.

— Nunca a vi antes em toda a minha vida. Só te conheci há duas noites, quando apareceu em minha porta com a cabeça sangrando e o corpo quase congelado.
— O quê?

Anil levantou-se e continuou.

— Só há uma cama grande o bastante para um adulto. A noite era fria, uma das mais geladas que já tive de enfrentar. Você estava ferida e corria o risco de adoecer por conta do frio. Não podia deixá-la no chão.

Era impossível encará-la de verdade.

— E como eu também não queria morrer de frio, achei melhor dividir minha cama com uma estranha.

Vermelha, lembrou-se como a estranha a encontrara na cama naquela manhã. Respondera como uma leviana às suas carícias. Não lhe culparia por julgá-la uma mulher decaída.

Sua voz tremia. Não esperava que a mulher acreditasse em suas palavras, mas sentia-se forçada a acrescentar.

— Você foi a única mulher com quem compartilhei uma cama, juro. Além de minha esposa, é claro.

Não suportava mais permanecer no quarto com aqueles olhos castanhos fixos nos seus. Era incapaz de sustentar o olhar gelado e penetante, pois não suportaria ver o que expressava. Levando a vasilha, desceu a escada apressadamente.

A mulher a viu sair, a cabeça latejando, a mente tomada pela mais completa confusão. Então eram estranhas?

Nesse caso, por que se sentia tão à vontade em sua companhia, como se ali fosse seu lugar? Não sentia estar convivendo com uma estranha.

Nunca se sentira tão bem, tão em casa como se sentira na cama naquela manhã, despertando o corpo de Anil com suas carícias como se ela fosse parte de si. Perguntas sem respostas lhe  devoravam como ratos.

Como era seu nome?

Era como se flutuassem em algum lugar além de seu alcance pairando ali, na ponta de sua língua, mas cada vez que tentava alcançá-la, se afastava e escapava. Experimentou alguns nomes, esperando que algum fizesse sentido, trazendo assim o restante de sua identidade. Samanta... Onew...

Linlada... Seria Linlada, talvez?

Repetiu o nome algumas vezes.

Soava familiar porém estranho. Bing... Khonkwan... Pinlanthita... Estaria presa na cova do leão? Sorriu e se ajeitou melhor na cama. Sua Anil podia ser uma leoa quando era provocada... Ela certamente lhe provocava e excitava.

Tanya... Fon... Kornkamon...

Puxou as cobertas para aquecer-se.

Podia sentir nelas o cheiro de Anil. Respirou fundo, enchendo os pulmões com o seu aroma suave, e sentiu o corpo reagir de imediato.

Kath... Freen... Ela cochilou.

— Olá, màe.

Uma voz infantil interrompeu seu sono.

Ela abriu os olhos. Olhos castanhos e brilhantes lhe estudavam do outro lado de uma velha caixa de queijo.

— Olá, Namo.

Ela se sentou e segurou as cobertas contra o corpo, escondendo o busto.

— Sua cabeça dói muito?

A dor de cabeça, antes insuportável, agora se resumia a um irritante latejar.

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