You're In My Soul

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Alguns dias depois...

— Não, querida, ainda não posso fazer uma nova casa de bonecas para você. Não enquanto não encontrarmos uma nova casa para nós. Casas para pessoa são mais importante do que casa para bonecas.

Namo assentiu.

— O senhorio não gosta mais de nós, não é, mamãe?
— Não, meu bem, ele não gosta. Agora ajude a mamãe a fazer as malas trazendo todas as suas roupas para cá. Vou enrolar todas elas em um lençol, pois assim poderemos colocar na carroça de Kirk.
— Não se preocupe, mamãe. Se o senhorio voltar, Pinlanthita vai bater nele para proteger-nos outra vez. Não é mesmo, Princesa?

Namo movimentou a boneca de madeira numa luta imaginária.

— Ninguém vai bater em ninguém.

Anil disse com impaciência.

— Agora vá buscar suas coisas e traga-as para cá imediatamente.

Ela mordeu o lábio ao ver que, surpresa com sua reação, a menina corria a cumprir a ordem. Não tinha nenhuma ideia de onde iriam morar.

O vigário havia oferecido um quarto no vicariato onde poderiam ficar até depois do Natal, mas então os alunos retornariam para suas aulas e não haveria mais espaço disponível.

Mas estava certa de que logo encontraria alguma coisa. Era preciso.

— Rat-tat-tat.

Anil parou.

O senhorio já havia retornado duas vezes desde que Pinlanthita partira. Anil lembrou-se das palavras da filha e foi tomada por um súbito rancor.

Não precisava de uma Pinlanthita para protegê-la, uma Pinlanthita de madeira seria inútil, e a Pinlanthita verdadeira... bem, a verdadeira Pinlanthita voltara ao lugar a que pertencia com sua amorosa esposa e o filho que nasceria em breve. Pinlanthita estaria lá para proteger aquela mulher e aquela criança, não a mulher e a criança que encontrara no meio de uma tempestade, atraída pela luz de uma vela cigana. Sua memória devia ter retornado àquela altura.

Era provável que nem se lembrasse de Anil. E, no entanto, ela...

Ela recordava tudo com detalhes. Recordava demais, de fato.

Não conseguia esquecer nada.

Pinlanthita estava ali, em sua mente e em seu coração, sempre que ia se deitar na cama fria e vazia. E acordava pensando em Pinlanthita a cada manhã, sentindo falta de seus carinhos quentes, do som de sua voz...

Um amargo arrependimento a sufocava quando lembrava como a afastara

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Um amargo arrependimento a sufocava quando lembrava como a afastara.

Se ao menos houvessem feito amor só uma vez... Não era só na cama que a lembrança da mulher a perseguia. Pinlanthita estava ali, presente em cada canto do chalé, nas histórias que a filha contava, na boneca que criara para a menina. Anil alimentava o fogo pela manhã, à tarde e à noite, usando a madeira que Pinlanthita havia cortado, e ainda sentia a boca seca cada vez que pensava como seus ombros se haviam movimentado a cada golpe de machado. Pinlanthita estava ali cada vez que chovia e o telhado não pingava.

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