Like No One's Watching

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— Para mim você é, de qualquer maneira, não escolhi o vestido pensando nisso. Ele me faz lembrar a primeira vez que a vi, quando vestia aquela camisola branca.

Anil pensou na camisola de flanela remendada e riu.

— Só uma hermafrodita pode ver alguma semelhança entre minha velha camisola de flanela e este lindo vestido.

Deixando sobre uma cadeira, ela correu a abraçar e beijar a futura esposa.

— Uma hermafrodita apaixonada.

Pinlanthita a corrigiu.

— E aquela camisola cobria seu corpo, o que conferia a ela um encanto todo especial.

Uma das mãos acariciou suas costas num gesto cheio de promessas, e Anil suspirou de prazer.

— Já chega, meu amor. Em pouco tempo estaremos casadas. Podemos esperar até esta noite.
— Não sei se vou conseguir.

Pinlanthita riu, tomou-a nos braços e girou-a no ar com exuberância e alegria.

Depois colocou-a no chão.

— Há mais coisas no baú.

Anil encontrou um lindo casaco verde adornado por pele na gola e nos punhos e um par de botas brancas. Havia também um outro casaco idêntico ao primeiro, porém menor e azul, como o pequenino vestido azul com gola de renda.

As botas infantis eram vermelhas e forradas de pele, perfeitas para manter aquecidos os pés de uma criança.

Anil sentiu que as lágrimas a ameaçavam mais uma vez. Pin também havia comprado roupas especiais para Namo. E da melhor qualidade.

Por um momento pensou que tudo aquilo devia ter custado muito caro, mas esse não era o momento de falar sobre dinheiro. Sorrindo, abraçou-a com ternura e gratidão. Como poderia merecer alguém tão perfeita e atenciosa, tão gentil e carinhosa?

— Obrigado, Pinlanthita. Não sei como...
— Vamos, meu amor, é melhor irmos para a igreja o quanto antes, ou acabaremos antecipando nossos votos. O sargento fará a escolta da noiva. Namo irá com vocês. Eu as encontrarei lá, como manda a tradição.
Acredita que uma hora será suficiente?
— Uma hora!

Anil repetiu chocada.

— Duas, pelo menos! Namo e eu precisamos lavar os cabelos e...
— Muito bem, duas horas.

Pin determinou. Depois beijou-a.

— E nem um minuto a mais. Já esperei por muito tempo.


(...)

Preparada para a celebração do Natal, a igreja estava especialmente linda. Pequena, construída com pedras cinzentas, ela brilhava por dentro banhada por um suave sol de inverno que penetrava pelas vidraças, inundando o interior do templo com um arco-íris de cores variadas e arrancando reflexos ofuscantes da prata e do bronze.

O aroma que pairava no ar era de cera e pinheiro recém-cortado.

Folhagens decoravam os bancos de carvalho polido e duas grandes urnas de bronze nas laterais do altar haviam sido carregadas de galhos de pinheiro e outras folhas aromáticas.

Velas e fogareiros acesos aplacavam o frio, criando uma luminosidade aconchegante.

Anil e Namo, elegantes em suas roupas novas, estavam paradas na porta.

O sargento, muito orgulhoso no que parecia ser um casaco novo, havia ido informar Pinlanthita e o vigário sobre a chegada da noiva. Repentinamente nervosa, Anil apertava a mão da filha. Estaria tomando a atitude mais correta? Afinal, só conhecia Pin há pouco tempo. Amava-a.

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