Esse foi o sinal para Anil.
Namo precisava de uma mãe forte.
Não a desapontaria. Não deixaria se comandar pelos instintos, instintos que gritavam dentro dela exigindo que chorasse e praguejasse contra o destino, instintos que a fizeram amar uma mulher casada.
Ela não era a sra. Bunny era a sra. Pinlanthita Kasidit, casada e esperado com ansiedade por uma esposa amorosa. Tinha orgulho. Precisava pensar na filha. Não a desgraçaria.
— Sim, querida, não é maravilhoso para a sra. Bunny? Quero dizer, ela não é mais a sra. Bunny, é a sra. Kasidit. E o sargento Rogers, seu velho amigo, veio buscá-la para levá-la de volta para casa e para a família, para as pessoas que a esperam e que a amam muito e que sentem saudade dela. Não é maravilhoso? Agora venha ajudar sua mamãe com os pratos e deixe os adultos conversarem.
Sorrindo com tanta dificuldade que temia ter uma cãimbra, ela pegou as vasilhas vazias e afastou-se da mesa. Mas Namo não se moveu. Com os olhos castanhos, fixos em Pinlanthita, ela perguntou num tom trágico.
— Já tem uma menininha só sua, sra. Bunny?
A mão que afagou seus cabelos era grande, porém terna.
A voz era profunda, porém rouca, como se tivesse dificuldade para controlá-la.
— Não sei, princesa. Tenho uma menininha, sargento? Ou meninos?
O sargento ajeitou a gravata que ameaçava sufocá-lo.
— Bem.. ainda não, senhora. Mas sua mãe espera ser avó em breve. Ela está sempre repetindo que quer ter muitos netos.
Oh, misericordia, sua esposa devia estar esperando um filho. Anil fechou os olhos e esfregou a primeira vasilha com água e sabão, empregando energia excessiva a fim de parecer ocupada.
— Ora, quer dizer que está contando um feliz evento! Que esplêndido! Não é de se espantar qe sua esposa esteja tão ansiosa por sua volta, sra. Kasidit. Uma mulher é sempre mais sensível nesse período delicado. Que deliciosa expectativa está vivendo sua mãe. Ser avó deve ser uma grande alegria. As crianças têm sempre um relacionamento especial com as avós. Isto é, quando têm avós. Namo não conheceu elas. As duas faleceram antes de seu nascimento.
Estúpida, pare de falar como uma matraca!
Anil respirou fundo e tentou acalmar-se. Depois voltou a falar porém com um tom mais contido.
— Foi uma grande sorte que o sargento Rogers a tenha encontrado em um lugar tão afastado de tudo. Como a localizou, sargento? Conte-nos toda a história.
O sargento fitou-a pensativo por um momento. Quando falou, ele olhava para Pinlanthita.
— A capitã decidiu ir a Newcastle encomendar roupas novas, porque aquelas que trouxera ao voltar da guerra não eram apropriadas para o convívio em sociedade, como sua mãe estava sempre repetindo, e nada na casa servia para ela. Seu falecido irmão era muito menor, senhora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Christmas Wishes
FanfictionO mundo de Aninlaphat se resume à filha. Viúva, pobre e vivendo em um chalé isolado, ela sabe que o futuro não pode ser muito diferente do presente. Porém quando o inverno chega, traz consigo uma desconhecida que sofreu um grave acidente e perdeu a...