EM VOLTA
Quando Ino percebeu estar sozinha com a amiga, conseguiu colocar o que lhe incomodava para fora.
— Você é doida?
— O quê? Por quê? — olhou assustada.
— Por quê? — a voz carregada de deboche — Você acabou de assinar um contrato de barriga de aluguel! — suas mãos mexiam com a entoação da voz, por um instante ela parou, parecia ter entendido — Era por isso que estava tão distante, sempre falando em dinheiro e na barriga de aluguel...
— É uma forma de conseguir dinheiro rápido. — argumentou, dando um sorriso amarelo.
Ino não conseguia acreditar na ideia maluca da amiga, dias atrás ela dizia que não suportava os planos do chefe e agora acabara de assinar um contrato, indo contra tudo o que dizia.
Mesmo que o contrato estivesse de acordo com as leis e o trabalho parecesse aceitável, para a loira o pensamento de carregar um bebê era assustador, mesmo que não fosse ela gravida. Sakura era sua nova pessoa especial, havia tantos planos para as duas, tantas cervejas e drinks para beber no bar onde seu namorado trabalha, agora tudo parecia ruir.
Desejava brigar e gritar, dizer que era uma péssima ideia, porém a vida não era dela. Também se sentiu especial quando percebeu a confiança de Sakura nela, por esses motivos a apoiaria.
Aquela situação toda era estranha, por um momento ficou se perguntando quando foi que deixou de prestar atenção em Sakura, elas se viam quase todos os dias, trocavam mensagens direto e agora sua amiga parecia uma estranha.
— Quando você pintou o cabelo? Ou isso é uma peruca? — a sobrancelha erguida mostrava o quão em dúvida estava.
O coração parecia ter errado algumas batidas, como se estivesse em um deja vu, levou a mão às madeixas e conferiu a cor rosa, havia esquecido de novo sua peruca, não podia mais esconder, então se deu por vencida.
— Eu... eu pintei quando tinha quinze anos.
— Por que não contou pra gente? — indagou parecendo chateada.
— Medo de piadas e de rejeição.
— Quando você se esconde, a única pessoa que está te rejeitando é você mesma.
As palavras tocaram o coração e, naquele instante, pensava se o erro era em si ou nos outros, quando foi que ela aceitou um elogio além do Sasuke e de Ino? Não conseguia lembrar, suas memórias estavam abarrotadas de críticas, momentos ruins que agora gostaria que fossem apenas lapsos na mente.
— Pode manter isso só entre nós por enquanto? Preciso de tempo para confiar nas pessoas.
— Não precisa ter medo de contar as coisas para eles, tenho certeza que vão adorar o cabelo, mas se precisar de tempo vão entender. — Um sorriso singelo se formou no rosto da loira.
Fazia tanto tempo que não se sentia acolhida, foram poucas as pessoas que passaram pela vida de Sakura e fizeram ela se sentir assim, os primeiros a fazer isso foram seus pais que de início não apoiaram a decisão de pintar o cabelo, com o tempo se acostumaram e serviram de suporte quando os problemas na escola começaram, quando tiveram que ir em reunião com os pais e escutar que a filha era um caso perdido, apenas por querer ter a aparência diferente dos colegas.
Por mais que ela tentasse não deixar o aperto domar seu coração pensando em seus responsáveis, ele vinha tão forte que às vezes as lágrimas vinham juntos, porém não daquela vez, controlaria, porque se tudo desse certo em menos de dois anos estaria os abraçando de novo.
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A genética não é rosa
RomantizmDesesperada em busca de dinheiro, Sakura aceita um trabalho infernal como secretária do CEO Sasuke Uchiha, mas ela não imaginava que dentro desse emprego ganharia a oportunidade de um emprego bem melhor, barriga de aluguel. Alerta gatilhos: Assédio...