Jack estava sentado na mesa da taverna do dia anterior, com olhar perdido no movimento hipnótico das chamas da lareira. Indra e Bhorur se acomodaram ao seu lado, impacientes, ansiosos para entender o que Jack tanto fazia mistério para contar.
No instante seguinte, uma pessoa chega com as canecas de hidromel que Bhorur havia pedido.
— O que você quer nos dizer? — O anão pergunta depois de dar um golada na sua bebida.
Jack respirou fundo e começou a contar.
— Eu estava... em um lugar estranho. Não foi a primeira vez. Tudo parecia cinza e frio, como se o próprio ar fosse feito de névoa densa. Mas havia presenças lá. Algo que... me vigiava....
Ele contou aos mínimos detalhes o que passou no Domínio do Sonho e da Morte, além do instante que assistiu Indra se levantar da cama e empunhar a adaga para matá-lo. Porém, para seus amigos aquela história não passava de uma fantasia que o ruivo criou em sua mente.
— Você bateu forte com a cabeça, Jack. — Indra riu de leve.
Jack ignorou o comentário e continuou, os olhos fixos na fogueira.
— Mas foi mais do que isso. Eu podia ver... ver vocês dois. Como se estivesse espreitando através das sombras... eu vi... eu vi seus sonhos.
Bhorur arqueou as sobrancelhas, cético.
— Ah, sim? Que sonhos, então? já que ficou tão 'conectado'. — O anão o confronta.
Jack olhou diretamente para ele e, com um sorriso leve, disse:
— Você sonhou com um martelo... forjando algo sobre uma bigorna, não foi? Junto a você tinha um outro anão... você... você parecia mais jovem.
Bhorur abriu a boca para responder, mas a fechou em silêncio. Jack virou-se para Indra e continuou.
— E você, Indra... sonhou com uma elfa correndo por uma floresta, não sonhou? Ela parecia tá fugindo de algo...
O sorriso debochado de Indra desapareceu, substituído por um olhar incrédulo. Eles se entreolharam em silêncio, sem mais dúvidas do que Jack afirmava. Algo realmente inexplicável havia acontecido e, pela primeira vez, sentiam que talvez não estivessem tão sozinhos, que algo os observava.
— Tá! É muita informação para absorver. — Bhorur fala ao bater a quinta caneca sobre a mesa após dar o último gole. — Vamos! Ainda temos umas coisas para fazer.
Ele ergue sua cabeça depois de limpar a boca e nota um olhar de assustado vindo dos seus dois amigos. Bhorur, meio confuso, solta um leve arroto disfarçado e retribui com um olhar incrédulo, sem entender o julgamento de seus companheiros.
— O que foi? — Sua pergunta soa de forma genuína.
— Você não fica bêbado? — A garota pergunta.
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REX: A ORIGEM
FantasyHá quase três mil anos, dois gêmeos nasceram. Predestinados a mudar o mundo. Um, forjado pelo caos, e outro, nascido do Rex. Duas magias, um propósito. E uma guerra sem vitoria. Eles travaram um luta que, no futuro, ficou conhecida como a batalha do...