XXV

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O sábado amanheceu com um céu nublado, tingindo a mansão de tons suaves de cinza. A luz filtrada pelas nuvens se espalhava pelo quarto de Jimin, envolvendo tudo em uma penumbra serena e fria. O ar lá fora parecia pesado, como se o mundo estivesse suspenso, em compasso de espera. Uma brisa suave, carregada com o cheiro fresco da terra úmida, entrava pela janela entreaberta, fazendo com que as cortinas brancas flutuassem levemente, e acariciava os cabelos loiros de Jimin, que estavam ligeiramente bagunçados.

Sentado na cama, ele segurava o celular com as duas mãos, como se o aparelho fosse seu único elo com algo mais íntimo, mais seguro. Seus olhos vagavam pela parede à sua frente enquanto escutava a voz reconfortante de sua mãe. O timbre calmo e amoroso dela parecia viajar pela linha, aquecendo seu peito, mas ao mesmo tempo trazendo à tona uma saudade dolorosa, um sentimento que ele tentava esconder, até mesmo de si.

- Então você está bem, meu filho? - A voz dela ecoou suave, mas com aquela preocupação que ele conhecia tão bem.

- Sim, mãe. Estou bem... - respondeu, tentando soar convincente. Mas a hesitação sutil em suas palavras o traía.

Ele ouviu um pequeno suspiro do outro lado, como se ela tivesse captado essa leve incerteza, e sentiu seu coração apertar. Ela sempre fora capaz de ler nas entrelinhas, de perceber aquilo que ele tentava esconder.

- Espero que esteja se cuidando, viu? Lembre-se sempre de beber bastante água, de dormir direito... - A lista de recomendações da mãe era familiar, quase um ritual de carinho que sempre o fazia sorrir, mesmo em momentos como aquele.

- Eu estou, mamãe... - Sua voz saiu quase num sussurro, e ele fechou os olhos, absorvendo cada palavra como uma pequena faísca de amor que iluminava seu interior.

- Ah, e tente comer comida caseira. Nada dessas porcarias de fast food! Elas fazem um mal danado, sabia?

Jimin sorriu, apesar do aperto no peito. - Sei, mamãe... não se preocupe, estou tentando evitar.

Um murmúrio distante indicava que seu pai estava ali também, e logo a voz dele surgiu, um pouco abafada, mas carregada de carinho:

- Querida, deixe o nosso garoto respirar. Ele sabe se cuidar.

- Só estou tentando fazer o melhor para ele, como sempre fiz - replicou a mãe, em um tom que era ao mesmo tempo terno e protetor, como se estivesse defendendo algo sagrado.

Jimin sorriu, lembrando-se de quantas vezes vira a mesma cena quando era mais novo: o pai rindo, balançando a cabeça, enquanto a mãe dava as instruções e conselhos que sempre enchiam a casa de um amor quase palpável.

- Enfim... deixa seu pai para lá. - Ele podia imaginar o sorriso divertido dela, talvez até um leve revirar de olhos, um gesto que ele próprio herdara.

- Te amo, filho - a voz do pai soou mais alta, para garantir que ele ouvisse bem, e Jimin sentiu uma onda de calor em seu peito, uma saudade profunda que parecia aumentar a cada segundo.

- Também te amo, papai - respondeu, a voz embargada, tentando controlar a emoção que ameaçava transbordar.

A mãe riu suavemente ao fundo e repetiu a frase, com a mesma ternura de sempre. O simples "te amo" daquelas duas vozes, que ele conhecia tão bem, parecia carregar todo o conforto que ele precisava, e ao mesmo tempo o fazia sentir um vazio doloroso, uma lacuna que só eles poderiam preencher.

Após um breve silêncio, a mãe voltou a falar, seu tom agora mais sério, porém ainda repleto de carinho.

- E então... quando vai nos visitar? Já faz quase meio ano, Jimin, e você ainda não veio.

LOUCA OBSESSÃO JJK & PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora