𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 - 16

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08.05.1999

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Enquanto Julia e Maria Fernanda passavam o fim da tarde juntas, Gabriela também havia deixado o hotel para aproveitar o restante do dia após o jogo.

Enviou uma mensagem à quem encontraria antes de sair, era uma pessoa especial e que Guimarães ansiava para encontrar há tempos antes dos jogos olímpicos.

A mulher com quem trocava palavras dentro de alguns meses, era linda, suas curvas perfeitamente desenhadas, os cabelos sem nenhuma imperfeição e sua baixa estatura chamava a atenção da atleta de vôlei por algum motivo que não sabia explicar.

Conhecíam-se desde a última VNL, mas nada nunca passou de mensagens tocadas sem nenhum compromisso, principalmente por ela ser comprometida na época, coisa que fazia Gabi se morder por dentro, não tinha "nada" com a jovem também atleta, mas odiava imaginar que, provavelmente, realmente não poderia ter nada por conta daquele patético obstáculo.

O homem que guardava o coração dela, para Guimarães, era 'o cara mais sem graça do mundo'. E desejava mais que tudo que ela o deixasse... mas seria egoísta de sua parte, afinal, a moça parecia feliz ao lado do, então, namorado. E o que mais deixava a camisa dez feliz, era a felicidade da jovem.

Por outro lado, vivia, na época, certas nebulosas referentes à Sheilla. Sheilla Castro: Mulher que roubara e mantera em cárcere seu coração por anos. Tudo nela era bom, nada de errado, mas, talvez, só não fosse para ser.

Naquela época, já se completaria um ano que tentavam deixar uma a outra, mas era como se algo não permitisse, mesmo brigando e tentando o tempo todo afastarem-se, Gabriela e Sheilla acabavam na cama em todas as noites de sexta-feira. Eram corpos viciantes.

Haviam muitas coisas que as fazia discutir, e essas coisas machucavam Gabriela, entretanto, o que mais lhe doía, era o afastamento das crianças: Liz e Ninna. Irmãs gêmeas, filhas de Sheilla...

Mas, agora, já não se tocavam mais. Completariam-se quase três anos que seus corpos não se atraíam mais e isso acalentava o coração da capitã de time.

Sendo assim, Guimarães estava aberta a novos corações. Ou talvez, um que já tivesse trocado palavras.

— Demorei? – A jovem disse com um sorriso amarelo, encarando a face de Gabriela assim que encontraram na saída da Vila Olímpica.

— Não, eu acabei de chegar também!

— Bom, que bom! Eu acho... – Ela riu baixo e abraçou Gabi, entrelaçando os braços por seu pescoço e, em seguida, teve a cintura contornada pelos braços da mais alta.

— Estava com saudades... – Guimarães confessou assim que se separaram.

— Eu também estava, linda...– Foi a vez de Rebeca dizer, estampando o próprio rosto com um sorriso bonito e sincero.

A mais velha a olhava com um brilho nos olhos e não percebeu quando ficou alguns segundos sem respondê-la.

— Gabi? – A jovem ginasta riu.

— S-sim! – As bochechas coraram imediatamente — Desculpe, estava pensando...

— Tudo bem! – Riu baixo — Vamos logo, estou ansiosa para passar o dia com você!

— Eu também estou! – Guimarães confessou com sorriso enorme.

— Ah, mas Gabi, tem uma coisa... – Rebeca hestiou, parecendo se lembrar de algo.

A Alemã - Julia Bergmann Onde histórias criam vida. Descubra agora