𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 - 08

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BRUNA

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Passaram-se alguns dias desde o jantar, Ana Carolina e Gabriela pareciam estranhas aos olhos de Bergmann, sentia-se observada, principalmente pela filha do Deus do Vôlei. Elas planejavam algo para juntar as mulheres.

Cada segundo próxima a Santinelli lhe consumia e torturava, sentia seu peito apertar ao olhar a jovem... Era como se o que sentisse fosse errado. Não por ser uma garota, claro, mas talvez por serem colegas de time. Não podia excluir o fato de que estavam em um ambiente de trabalho.

Por outro lado, a visão de Maria Fernanda não era muito diferente, Julia lhe atraía muito, era impossível negar isso, mas sentia um certo receio em se aproximar mais da ruiva. Além da incerteza de que ela pudesse sentir pelo menos um pouco do mesmo que a jovem, havia mais um motivo e, provavelmente, o que mais lhe impedia de qualquer interação mais sugestiva com a alemã: Seu último relacionamento sério.

Durante o colegial, a jovem conheceu uma mulher mais velha. Ela começara a faculdade a pouco tempo, era bonita, estilosa, imponente e corajosa; parecia gostar muito da paulistana, lhe apresentou lugares incríveis e lhe proporcionou momentos memoráveis.
Ela tinha olhos marrom café e um cabelo preto e bem curto, sempre tinha as unhas pintadas e um cigarro recheado com ervas naturais entre os dedos.

Sua risada era bonita e Santinelli amava lhe ouvir, apaixonou-se perdidamente naquela mulher e sentia-se livre ao lado dela. Tinham um relacionamento sério e estruturado, pelo menos era o que Mafê achava.

Em uma noite quente, Bruna lhe chamou para uma conversa na praça que costumavam passar o tempo juntas, ascendeu um cigarro para si e outro para a jovem, sentou-se na grama junto à ela e começou: Ela dizia palavras calmas e lentas, hesitava um pouco em falar, mas não demorou para que quebrasse o coração da mais nova naquela noite.

Bruna olhou em seus olhos e disse que Maria Fernanda era nova demais e que, por culpa da faculdade, ela não tinha tempo de manter um relacionamento com a garota. Aquilo era patético.

Santinelli nunca esqueceu-se de como gritou e chorou abaixo daquela lua, era óbvio que Bruna havia conhecido outra pessoa, outra garota... Ou melhor, outra mulher. Afinal, ela era nova demais para a vida que a estudante levava.

Antes de fugir, como sempre fizera ao ter problemas, Maria Fernanda deu uma última tragada naquele maldito cigarro, como se fosse despedir-se dela através dele. Olhou os belos olhos marrons e correu rua a fora.

Ouviu Bruna lhe chamar, mas não olhou para trás, fugiu daquela dor que lhe matava o peito. Entrou em casa tão rapido quanto uma corrente de vento invade as janelas e trancou-se em seu quarto. Desilusões amorosas doem muito, principalmente vindo de alguém que confiastes tanto.

A paulistana lhe entregara tudo, não só o corpo, mas também a alma... e ela, simplesmente, jogou fora. Pisou e jogou fora, assim como fazia ao chegar no fim de um Beck. Deu uma última tragada, apertou, jogou ao chão, pisou e despedaçou seu coração.

Nunca mais viu o rosto dela, mesmo que ele nunca tenha desaparecido de sua mente e prometeu a si mesma que não se envolveria mais com qualquer um que fosse mais velho que ela. Não se colocaria a passar por isso outra vez.

Nunca mais seria pouco para a vida de alguém.

{🏐}

—E então... – Esther virou-se mostrando sua roupa para Santinelli — Como estou?

— Perfeita! – Sorriu encorajando a amiga, que respirou fundo. Estava nervosa.

Estavam no quarto que Esther dívida com Ana Cristina. Essa, Carolana e Mafê estavam ali lhe ajudando com os preparativos de seu encontro. Estava prestes a desembarcar em um jantar com Rosamaria.

Ela usava uma camisa social branca, essa estava bem passada e era um tanto larga ao corpo delicado de Cardoso, sobre ela, um suéter preto de algodão com gola em V, que deixava a gola da camisa a mostra e, parte des pontas também, o que dava um ar de casualidade ao contexto geral das peças escolhidas.  Além disso, usava calças sociais largas de cor cinza escuro, de tecido leve, com caimento solto e
um par de tênis brancos com solado claro, que tinha um modelo casual.

Seus cabelos curtos tinham um penteado natural e estavam úmidos, suas orelhas seguravam brincos pequenos e delicados, que combinavam perfeitamente com a roupa.

— Com certeza a Rosa vai amar! – Ana disse contente, parecia ansiosa também.

— Verdade! – Foi a vez de Carol se pronunciar.

Santinelli se aproximou de Esther e ajeitou a gola de sua camisa, a encarando com um olhar encorajador em seguida.

— Vai dar tudo certo... – Sussurou com doçura — Você vai se sair bem!

A amiga assentiu com um sorriso nos lábios, respirou fundo e pegou uma pequena bolsa branca, virou-se lentamente e abriu a porta, dando de cara com Rosamaria, que parecia estar prestes a bater à porta.

— Oi... – Falou nervosa, sentindo as bochechas corarem.

— Esther... – A loira lhe encarou de cima a baixo — Você está.. linda!

Ela tinha um sorriso bonito e a mais nova sentia as mãos geladas.

Rosamaria usava um conjunto de terno bege claro composto por um blazer acinturado e calças de alfaiataria largas e longas. Ficavam perfeitas nela.
A camisa por baixo do blazer é de cor clara também, de seda com um decote ligeiramente aberto, o que atraía os olhos de Esther.
Nos pés, usava sapatos de salto e bico fino, ainda num tom claro, mas que destacava-se do restante do conjunto, mantendo o estilo clássico e refinado.

— V-você também... – Disse impressionada com a visão que tinha.

Não demorou para que seguissem juntas para o exterior do Centro de Treinamento. Santinelli, Carolana e Ana Cristina permaneceram no quarto, comemorando o encontro da amiga.

Entretanto, a mais nova jogadora e a mulher sinônimo de bloqueio da seleção, deixaram o dormitório em pouco também. Ana, apesar do intusiasmo, desejava descansar.

— Deveria fazer como Cardoso e sair com a Julia. – A de cabelos cacheados disse de repente, sem enrolação ou hesitação enquanto andavam até o dormitório que dividiam.

— Não posso... – Murmurou sem olhar para a outra.

— O que te impede? – Virou-se olhando para Santinelli.

— Não sei... — Mentiu, sabia muito bem o que lhe impedia — Só não posso...

— Acho que deveria tentar! – Ela deu de ombros, fingindo ser razoável — Todo mundo vê como Julia te olha...

Ela não respondeu, sentiu suas bochechas esquentarem e seu estômago revirar. Julia realmente mostrava tanto interesse assim?

[🏐]

Oiee, como vcs tão??

Não tenho muito a declarar não kkkkk

Espero que tenham gostado!!

Beijinhos <3

A Alemã - Julia Bergmann Onde histórias criam vida. Descubra agora