𝐌𝐀𝐘𝐀 𝐐𝐔𝐄𝐈𝐑𝐎𝐙
Era o grande dia, e meu coração parecia que ia saltar do peito. Eu cheguei ao estúdio quatro horas antes, me agarrando à ideia de que quanto mais cedo estivesse aqui, mais segura eu me sentiria. Mas agora, observando meu reflexo no espelho enquanto a cabeleireira cuidava dos últimos detalhes das ondas do meu cabelo, percebi que era impossível me livrar da ansiedade. O vestido estava ali, pendurado ao meu lado, todo encapado e intacto, como uma promessa de algo grandioso que eu ainda precisava cumprir.
Fiz uma última revisão mental de tudo o que tinha treinado para o desfile, como se fosse possível me preparar mais. Eu mal tinha terminado o pensamento quando ouvi um burburinho do outro lado do estúdio. Era o pessoal da CazeTV, que estava ajeitando os últimos detalhes da cobertura ao vivo.
E entre eles, lá estava ele: Chico. Ele parecia bem, mas notei que mexia os ombros, como se estivesse tentando relaxar. Fiquei surpresa, achando que ele tiraria isso de letra. Acompanhei seu olhar enquanto ele seguia o Caze, que dava instruções à equipe, e me senti dividida entre o nervosismo e... outra coisa que eu ainda não queria reconhecer.
De repente, as luzes principais se acenderam, e a câmera deu sinal de estar ao vivo. Ouvi a voz do Caze ecoar no estúdio, apresentando o desfile para o público com aquela energia que só ele tinha. Ele também apresentou o Chico, que ia entrevistar as modelos, inclusive eu. Respirei fundo, tentando me focar.
Chico começou com as outras modelos, mantendo a calma e arrancando boas risadas. Eu o observava de longe, notando o jeito leve com que fazia as meninas se sentirem à vontade. A cada pergunta, ele conseguia deixar a situação divertida, e todas pareciam relaxar um pouco.
Então, chegou minha vez.
Ele se aproximou, microfone em mãos, e eu senti meu coração acelerar. Quando nossos olhares se encontraram, tentei não pensar em como ele parecia um pouco diferente comigo ali, bem perto. Ele me deu aquele sorriso de sempre, e eu sorri de volta, sem precisar de palavras.
“Então, Maya Queiroz, preparada para arrasar hoje?” ele perguntou, com aquele jeito descontraído, mas me olhando de um jeito... especial.
Fiz o possível para manter a calma e ajeitei o roupão. "Olha, preparada eu acho que tô, mas nervosa é pouco… tô precisando de uma Neosaldina pra acalmar a cabeça," brinquei, tentando parecer leve.
Ele riu, e só o som da risada dele já me deixou um pouco mais relaxada. "Imagina, você já brilha naturalmente. Esse nervosismo aí é só charme," disse ele, piscando para a câmera, arrancando risadas das outras modelos e dos que estavam por perto.
Eu senti meu rosto esquentar um pouco, mas me segurei. Ele prosseguiu: “E falando em brilho, o que você acha mais especial neste desfile de hoje? Tá parecendo uma data bem marcante pra você.”
Tentei escolher as palavras certas. "Ah, é muito importante sim… são meses de trabalho e dedicação. Cada detalhe foi pensado, e é incrível ver tudo isso tomando forma. Acho que é aquele momento em que você percebe que todo o esforço valeu a pena, sabe?"
Eu vi o jeito como ele me olhava, como se realmente se importasse com cada palavra. Era algo diferente, quase íntimo. E antes que eu me perdesse demais nesse olhar, ele sorriu, ajeitando o microfone, mas com uma expressão que parecia guardar algo que só eu conseguia ver.
— E tem algum ritual especial que você faz antes de entrar na passarela? Uma superstição, talvez? — ele perguntou, inclinando-se um pouco mais perto.
Ri, tentando disfarçar o calor que subia no rosto.
— Bom, eu geralmente fico um pouco sozinha, respiro fundo e me lembro de tudo o que passei pra chegar até aqui — falei, lançando um olhar rápido para o vestido pendurado ao meu lado. — E, claro, tem sempre aquela olhadinha final no espelho — acrescentei, com um sorriso leve.
Chico assentiu, como se cada palavra minha fosse mais importante do que o desfile em si. Por um segundo, eu quase me esqueci do que estava ao meu redor. Parecia que éramos só nós dois, em uma conversa pessoal, sem câmeras, sem ninguém nos observando.
Ele se aproximou um pouco mais, os olhos cravados nos meus.
— Boa sorte então, Maya. Não que você precise — disse ele, com um sorriso que fazia meu coração bater ainda mais rápido.
Eu respirei fundo e sorri de volta, tentando disfarçar. Depois que ele se afastou, fiquei observando-o por um instante, com uma sensação estranha de que aquele encontro havia sido muito mais do que uma simples entrevista. O nervosismo pelo desfile ainda estava ali, mas agora havia algo mais misturado nisso, algo que fazia o ar ao meu redor parecer mais leve.
Concentrei-me de novo. A noite estava apenas começando, e eu sabia que, a cada passo que desse na passarela, sentiria aquela energia pulsando — tanto do público, quanto daquele sorriso que, de algum jeito, eu sabia que me acompanharia a cada passo que eu desse.
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𝐈𝐍𝐅𝐑𝐀𝐍𝐆𝐈𝐋𝐈𝐁𝐄- 𝐂𝐇𝐈𝐂𝐎 𝐌𝐎𝐄𝐃𝐀𝐒
أدب الهواة𝓞𝓷𝓭𝓮 - Mᴀʏᴀ Qᴜᴇɪʀᴏᴢ ᴇ́ ᴜᴍᴀ ᴊᴏᴠᴇᴍ ᴍᴜʟʜᴇʀ ᴘᴏᴅᴇʀᴏsᴀ ᴇ ɪɴᴅᴇᴘᴇɴᴅᴇɴᴛᴇ, ᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴅᴀ ᴘᴏʀ sᴜᴀ ᴅᴇᴛᴇʀᴍɪɴᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴇ ᴀᴜᴛᴏᴄᴏɴғɪᴀɴᴄ̧ᴀ. Iɴsᴘɪʀᴀᴅᴀ ᴘᴇʟᴀ ᴏᴜsᴀᴅɪᴀ ᴅᴇ Aɴɪᴛᴛᴀ ᴅᴏ Vᴇʟʜᴏ Tᴇsᴛᴀᴍᴇɴᴛᴏ, Mᴀʏᴀ ɴᴀ̃ᴏ sᴇ ɪᴍᴘᴏʀᴛᴀ ᴄᴏᴍ ᴀ ᴏᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ ᴅᴏs ʜᴏᴍᴇɴs ᴇ ᴠɪᴠᴇ sᴜᴀ ᴠɪᴅᴀ ᴄᴏᴍ ᴀᴜᴛᴇɴᴛɪᴄ...