Laços de Proteção

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                        Capítulo 13

Estava em busca de algo que pudesse expressar o que eu sentia por minha irmã, algo especial. Ela sempre foi minha maior aliada, minha melhor amiga, e me parecia que, com toda a loucura dos últimos tempos, eu precisava lembrá-la disso. Precisava mostrar o quanto era grato por tê-la ao meu lado, mesmo em momentos sombrios. Decidi que o melhor seria um presente pessoal, algo que ela pudesse carregar como símbolo de nossa conexão. Por isso, resolvi ir ao shopping. Queria encontrar algo que fosse significativo, que falasse por mim.
O ambiente estava movimentado, cheio de pessoas em suas próprias rotinas, e por um instante senti uma tranquilidade inesperada. Era como se eu estivesse imerso em uma cena comum, algo que eu já não tinha há algum tempo. Caminhei pelo shopping, observando as vitrines e deixando meus pensamentos vagarem. Por um breve momento, consegui afastar as preocupações e me permitir ser apenas um irmão em busca de um presente.
Depois de visitar algumas lojas, finalmente encontrei o que procurava. Na vitrine de uma pequena joalheria, um colar simples, mas incrivelmente delicado, chamou minha atenção. Havia uma pedra azul na corrente, com um brilho que, de algum modo, me lembrava minha irmã. Aquele azul parecia refletir a calma e a segurança que ela sempre me passava, como se fosse a essência dela capturada em uma joia. Entrei na loja e pedi para vê-lo de perto. Ao segurá-lo, tive a certeza de que era exatamente o que eu queria dar a ela.
Paguei pelo colar, e a atendente o embrulhou cuidadosamente, colocando-o em uma pequena caixinha. Ao sair da loja, olhei para a caixinha em minhas mãos e imaginei a reação dela ao abri-lo. Queria vê-la sorrir, queria que aquele presente fosse um lembrete de que, não importava o que acontecesse, eu sempre estaria ao seu lado. Sentindo-me satisfeito, comecei a caminhar em direção à saída, com o presente seguro nas mãos.
Mas, então, tudo mudou em um instante. Um som seco, abafado, ecoou pelo corredor. Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, senti uma dor lancinante atravessar meu ombro. Era como se uma lâmina em brasa tivesse me perfurado, e tudo ao meu redor ficou turvo. Meus passos vacilaram, e minha visão começou a embaçar. A dor era tão intensa que meu corpo pareceu desligar por um momento, enquanto eu tentava entender o que havia acontecido.
Aos poucos, a realidade me atingiu. Alguém havia me atacado. Alguém atirou em mim.
Eu olhei para o meu ombro, onde o sangue começava a escorrer, tingindo minha camisa de vermelho. Senti um calafrio, seguido de uma onda de pânico que ameaçava me engolir. Minhas mãos tremiam, e, sem querer, deixei cair o presente no chão. A caixinha rolou, amassada e manchada de sangue. Aquilo que deveria simbolizar um momento de carinho agora estava manchado pelo terror. O simples gesto de sair para comprar um presente para minha irmã havia se transformado em uma cena de pesadelo.
As pessoas ao meu redor começaram a gritar, correndo em todas as direções, o som dos passos e dos gritos ecoando pelo shopping. Em meio ao caos, minha equipe de segurança apareceu, correndo até mim com olhares de choque e preocupação. Um deles me segurou, impedindo que eu caísse, enquanto outro tentava me proteger, criando um escudo ao redor de mim.
— Senhor, mantenha-se calmo! Vamos tirá-lo daqui! — um dos seguranças gritou, tentando abafar o som das vozes ao redor.
A dor parecia me consumir, como se fosse uma onda que não parava de aumentar. Cada respiração era um esforço, e minha visão continuava a se fechar, pequenos pontos negros dançando à minha frente. Tentei me concentrar em algo, em qualquer coisa que me mantivesse lúcido. Mas a única imagem que vinha à minha mente era a do presente caído no chão. Eu o queria de volta. Precisava dele. Era o símbolo do carinho que eu sentia pela minha irmã, algo que eu prometi a mim mesmo entregar a ela.
Meus seguranças me puxaram para um canto seguro, enquanto alguém chama uma ambulância. Eu mal conseguia ouvir as vozes ao redor; tudo parecia distante, como se eu estivesse preso em um sonho ruim do qual não conseguia acordar. Minha mente começou a se desvanecer, mas, ao fechar os olhos, vi o rosto dela. Vi minha irmã sorrindo, a mesma imagem que me confortava desde a infância, a lembrança que sempre me trazia de volta para casa, para quem eu realmente era.
Senti uma pressão forte sobre o ferimento, e um gemido escapou dos meus lábios. O paramédico chegou, aplicando curativos temporários e me dizendo para respirar fundo, mas era como se meu corpo se recusasse a responder. A dor era tão intensa que o mundo ao meu redor se dissolvia em uma confusão de luzes e sons indistintos. Era difícil manter a consciência, difícil lutar contra a escuridão que se aproximava.
E então, em meio ao caos, uma raiva fria tomou conta de mim. Esse ataque não era só um golpe físico; era uma tentativa de roubar a minha paz, de me fazer sentir vulnerável. Era uma ameaça não só a mim, mas a quem eu amo. A ideia de que minha irmã poderia estar em perigo, que Jungkook poderia se tornar um alvo, despertou algo em mim que eu não sabia que existia. Um desejo feroz de proteger aqueles que eram importantes para mim, de não permitir que esse ataque me destruísse.
Antes de ser colocado na maca para a ambulância, um dos seguranças pegou o colar no chão e o colocou ao meu lado. Eu o segurei com força, ignorando a dor que isso me causava. Aquele pequeno objeto agora tinha um peso simbólico muito maior. Era a prova de que, por mais ferido que eu estivesse, minha determinação de proteger minha irmã era mais forte que qualquer bala. Eu não permitiria que o medo tomasse conta de mim.
Dentro da ambulância, senti o efeito de algum sedativo aplicado pelo paramédico, a dor se tornando uma presença mais distante. Mas mesmo enquanto minhas pálpebras pesavam, minha mente ainda girava. Agora eu sabia que não estava seguro, que forças espreitam nas sombras, prontas para me atacar. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia uma determinação que nunca havia experimentado antes. Sabia que esse ataque não iria me deter. Sabia que, ao sair daquele hospital, eu voltaria mais forte, mais preparado para enfrentar o que viesse.
Enquanto as luzes da cidade passavam pela janela da ambulância, uma certeza se firmava dentro de mim. Esse ataque não havia quebrado meu espírito; pelo contrário, ele havia reforçado minha vontade. Minha irmã, Jungkook, agora, mais do que nunca, eu sabia que faria qualquer coisa para protegê-los. A jornada ainda era incerta, mas estava decidido a enfrentá-la com tudo o que eu tinha.

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