Capítulo 17
Já faz um mês que estou na mansão da família Jeon. O tempo passou mais rápido do que eu imaginava, e eu me vi, gradualmente, deixando para trás a dor que antes dominava meu corpo. Agora, o desconforto no ombro é quase inexistente, um alívio que me permite voltar a viver sem a constante lembrança de minha fragilidade física. No entanto, há uma outra dor que começa a me consumir, algo que não posso ignorar, e essa dor não está em meu corpo, mas no meu coração.
Jungkook e eu continuamos a nos ver, e qualquer oportunidade que temos, estamos nos beijando, nos tocando, nos entregando a uma paixão intensa e avassaladora. Os beijos são como uma fuga, uma forma de comunicar o que não conseguimos dizer em palavras. São cheios de desejos não ditos, de carícias sutis que falam mais do que qualquer declaração poderia. Às vezes, sinto que nossos beijos são os únicos momentos em que realmente nos conectamos, onde nossas almas se tocam de verdade, sem reservas.
Mas, nos últimos dias, algo mudou. À medida que nossa intimidade aumentava, eu comecei a me sentir mais inseguro, como se algo estivesse errado. Eu sabia que nossa relação era, em muitos aspectos, ainda nova e cheia de incertezas. Mas a sensação de estar escondido, de ser um segredo, começou a me consumir de uma forma que eu não sabia como lidar.
À noite, quando todos estavam reunidos na mansão, eu me pegava observando Jungkook com mais intensidade, tentando entender o que ele realmente sentia. Ele ainda era atencioso, carinhoso, e seus beijos e gestos eram sempre cheios de desejo. Mas havia uma distância, uma parede invisível entre nós. Ele nunca falava sobre nós para a sua família. Nunca me assumi publicamente como algo mais do que um amigo ou um hóspede da casa.
A família Jeon, especialmente sua mãe, que me tratava com tanta bondade e afeto, não sabia do que estava acontecendo entre nós. E isso me deixava confuso, sentindo-me diminuído, como se fosse uma parte oculta da vida de Jungkook, uma parte da qual ele talvez tivesse vergonha. Às vezes, eu me perguntava se ele tinha medo de me assumir, ou se havia algo mais em jogo, algo que eu não conseguia entender.
Quando ele me olhava com aquele olhar profundo e atencioso, eu me perdia nele, mas também me sentia em dúvida. Será que ele me vê como algo temporário? Como algo que não pode ser mostrado para sua família? Essa pergunta martelava na minha mente sem resposta, e cada dia que passava sem que ele falasse sobre nós, sem que ele tomasse uma atitude, me fazia sentir mais e mais insuficiente.
Eu não queria ser só um segredo. Eu não queria ser o amante oculto. Queria mais. Queria ser algo real para ele. Queria que ele me assumisse, que não houvesse mais espaço para dúvidas entre nós, que ele não tivesse medo de mostrar para sua família o que estávamos construindo. Mas, ao mesmo tempo, eu me sentia egoísta por desejar isso. Jungkook estava sempre tão ocupado com seus próprios desafios, com os negócios da família, com o peso de suas responsabilidades. Talvez ele não estivesse pronto. Talvez ele não quisesse dividir esse lado de sua vida com ninguém, nem mesmo com os seus.
Eu não sabia o que fazer. Eu tinha medo de pressioná-lo, de cobrá-lo. Não queria ser a razão para que ele se afastasse ou para que nosso relacionamento se tornasse mais complicado do que já era. Mas, por dentro, havia uma crescente sensação de inadequação, como se, no fundo, eu fosse apenas uma sombra em sua vida, algo que ele escondia, algo que não poderia ser mostrado. Isso me fazia questionar a intensidade dos sentimentos dele por mim, e se eu estava apenas criando expectativas em algo que, no final, nunca seria correspondido.
Na manhã seguinte, decidi fazer algo que há dias estava adiando. Fui até o jardim da mansão, um local que sempre me transmitia paz, e me sentei na cadeira de ferro forjada sob uma árvore. O sol ainda estava fraco, tingindo o céu de tons dourados e rosados, e o frescor da manhã me trouxe um pouco de clareza. O vento leve acariciava meu rosto, e eu fechei os olhos por um momento, tentando afastar as incertezas que me atormentavam.
Foi então que ele apareceu. Jungkook. Seus passos eram silenciosos, mas sua presença sempre parecia maior do que o som. Ele parou ao meu lado, como se soubesse que eu precisava de um momento de silêncio para refletir. Não disse nada no início, e eu fiquei lá, olhando para o horizonte, tentando organizar meus pensamentos.
Mas a distância entre nós, tanto física quanto emocional, era palpável. Eu não conseguia mais suportar o peso dessa distância. Foi como se algo dentro de mim tivesse quebrado, e eu não conseguia mais esconder a dor que sentia.
— Jungkook... — Minha voz saiu baixa, mas carregada de emoção. Ele se virou para mim, e eu vi o peso da responsabilidade em seus olhos. Algo me dizia que ele sabia o que eu estava prestes a perguntar. — Por que você não me assume para a sua família?
Ele ficou em silêncio por alguns momentos, como se estivesse procurando as palavras certas. Eu não queria pressioná-lo, mas a dor que eu sentia estava além da minha capacidade de esconder.
— Eu... — Ele hesitou, como se fosse difícil encontrar uma resposta que não machucasse nenhum de nós. — Eu não sei se estou pronto, Jimin. Não é algo simples. Há muita coisa envolvida, e eu... — Ele olhou para mim com um olhar que não consegui decifrar. — Eu não quero te magoar. Não é sobre você, é sobre tudo o que vem junto com isso.
Eu respirei fundo, sentindo o peso daquelas palavras, mas, ao mesmo tempo, havia algo dentro de mim que me dizia que, no fundo, ele também estava lutando com seus próprios medos e inseguranças. Aquele era um amor complicado, cheio de dúvidas e desafios, mas, por algum motivo, eu ainda acreditava que poderia dar certo, que poderíamos superar tudo isso. Mesmo que fosse difícil.
— Eu só... não quero ser um segredo, Jungkook — murmurei, sentindo a vulnerabilidade em minha voz.
— Eu quero ser algo real para você, algo que você não tenha medo de mostrar. Eu não sou mais uma sombra na sua vida. Eu não posso continuar me sentindo assim.
Ele me olhou por mais um momento, como se tentasse entender cada palavra que eu disse. Então, sem dizer mais nada, ele se aproximou, e dessa vez, não foi um beijo apressado, mas um beijo mais profundo, mais cheio de significados. Era como se ele estivesse tentando me mostrar, sem palavras, que ele não queria que eu me sentisse assim.
Quando ele se afastou, ele disse, com mais convicção do que antes:
— Eu vou fazer o que for necessário, Jimin. Eu prometo.

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MUERTE
FanfictionSinopse Em um mundo onde clãs de lobos dominam territórios e tradições, Park Jimin é um ômega raro e poderoso, conhecido como "Muerte", destemido que não se curva a ninguém. Temido e respeitado, ele prefere a solidão ao invés de alianças forçadas. P...