Talvez eu possa falar pouco dela, mas, assim como todas as outras irmãs, Lou também é uma moçinha muito especial. A garota de treze anos era a mais dedicada nos estudos, e sonhava em ser uma boa professora. Passava horas sentada fazendo suas lições de casa. Porém, em uma manhã de verão, ela acordou e, quando ia para o sótão buscar os livros, ouviu Flo dizer:
- Vamos à praia com os rapazes, devemos nos arrumar logo.
Aquela era uma verdadeira tentação, pois Lou amava ir à praia e, quando chegava as férias, passava boa parte brincando por lá. "Devo estudar, porque é mais importante. Não posso ser atraída por brincadeiras tão facilmente!" pensou com um suspiro. Apesar de querer muito ir com as garotas, a menina Louise subiu escada acima até o sótão.
Após pouco tempo inserida nas misteriosas, e um tanto assustadoras, contas de matemática, Lou foi interrompida por quatro jovens moças.
- Devemos levar algo para nos divertir – Stacy pensou alto.
- Vou levar minha bola, apesar de saber que Levi tem uma e provavelmente pode levá-la – contou Nancy, apanhando o brinquedo amarelo.
- Não importa as brincadeiras, vamos usar chapéus – ordenou Flo, - Não quero cuidar de ninguém com queimadura!
- Posso até brincar um pouco com vocês, mas vou levar minhas agulhas e um bola de lã – disse Mila, que planejava criar uma boneca com suas próprias mãos.
- Lou, minha queridinha, não virá conosco?! – perguntou Flo, fazendo um carinho maternal na irmãzinha.
- Bom – começou Lou. Ela iria dizer que ficaria estudando, porém, como dizem por aí, a carne é fraca, e a menina acabou respondendo:
- Me esperem guardar os livros. Irei com vocês, pois tenho tempo o bastante para estudar.
Tudo estava tão divertido que Ian, o qual direcionava o grupo, decidiu ficarem um pouco mais. Eles almoçaram, brincaram e conversaram bastante. Lou já havia esquecido de sua obrigação, e realmente tudo estava bom demais para ela ter escolhido ficar em casa e estudar.
Quando elas voltaram para casa, e os rapazes, Ian, Levi e Joshua, se despediram delas, já era crepúsculo e todas estavam muito cansadas. Comeram um simples mingau que a sra. Moore havia feito e foram para a cama. Claro que nessa hora, Lou poderia ter suportado seu sono e estudado, pelo menos, um pouquinho. Mas, como eu já devo ter falado, ela estava cansada demais para estudar de noite; aliás, ela passou o dia todo brincando, e quem já passou por isso, deve saber o quão a pobre Lou estava exausta.
- Lou, você não deveria estudar hoje?! – indagou Mila.
- Óbvio! – respondeu Stacy, sonolenta.
- Ela disse que tinha tempo o suficiente para estudar – lembrou Nancy, que sempre fora a última a dormir.
- Ah, devemos deixá-la divertir mais, pois é a que mais estuda – disse Flo, que, depois de falar tal comentário, acabou dormindo.
- Vamos calar nossas bocas e dormir! – ordenou Stacy, pois havia percebido que Lou e Flo já haviam dormido. – Amanhã temos um longo dia, e devemos dormir bem para acordamos dispostas!
- Boa noite! – disseram em uníssono umas as outras.
Quando o dia amanheceu novamente e os pássaros iniciavam sua cantoria, o sono aconchegante de Lou foi interrompido por um grito terrivelmente estridente e assustador:
- Lou está atrasada para a escola! – gritava Nancy, que às vezes lembrava um papagaio falante. Lou caiu da cama desesperada. Arrumou-se rapidamente e, enquanto comia um pedaço de pão, Mila se dispôs a arrumar seu cabelo e Flo arrumava sua malinha. Na hora de partir, Stacy ofereceu uma carona, mas Lou foi, sinceramente, imprudente demais por achar que não precisava, e saiu de casa correndo o mais rápido possível.
- Não tenho dúvidas de que ela fique com falta de ar quando chegar lá – comentou Stacy, enquanto assistia a irmã até desaparecer na esquina. Stacy tinha total razão, porque Lou quase passou mal quando chegou na porta da escola. Graças a uma de suas coleguinhas, que abanou a menina com seu lenço, Lou não teve fim pior. No início da aula tudo estava indo bem, porém, após a chamada de todos os alunos presentes, o professor soltou a bomba:
- Hoje teremos prova surpresa! – avisou. O corpinho juvenil da pobre Lou ficara gelado quando ouvira a não esperada novidade. Ela não soube quase nada, pois a maioria das questões eram das atividades que ela deveria ter feito no dia anterior e não fez porque foi atraída por um passeio na praia. Suas colegas disseram muitas coisas após a aula:
- Foi muito facílima essa prova – dizia uma.
- Não tem como alguém ter errado – dizia outra.
- Lou deve ter se saído muito bem, pois é muito boa nos estudos – disse outra, e esse comentário magoou terrivelmente a garota. Assim que voltara para casa, todas as irmãs perceberam sua diferença. Algumas delas perguntaram, outras tentaram consolá-la, apesar de não saber o motivo da melancolize.
Naquele mesmo dia, Lou decidiu ir até a mansão sozinha. Precisava de uma conversa com a conselheira, dada por nome de "tia Ellen".
- Foi o pior dia de toda a minha vida!
- Não diga isso. Todos teremos muitas dificuldades ao longo da vida, Lou. Não ache que sempre teremos uma vida sem defeitos.
- Sei disso, e também sei que foi culpa minha.
- Esta foi sua primeira tentação, minha querida. E ainda terá muitas pela frente. Portanto, submeta-se a Deus, resista ao Diabo, e ele fugirá de você – disse a senhora por fim.
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A MANSÃO DA TIA ELLEN
Teen FictionApós se mudar para uma casinha, 5 irmãs se interessam pela residente da mansão vizinha, uma velha rica solitária. Depois de um encontro inesperado, elas acabam amando a mansão e todos que nela habitam. Neste livro, veremos o crescimento de 5 crianç...