CAPÍTULO 42 - "PARA MEUS AMORES"

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O velório da srta. Ellen Clark foi realizado no lugar onde havia muitas memórias alegres e românticas, o jardim de Kellings. Todas as irmãs, acompanhadas de suas famílias, estavam melancólicas em torno do caixão, onde jazia a bela senhora com um vestido branco e os cabelos brancos soltos, em torno de seu corpo havia rosas cor-de-rosa e vermelhas. Em sua lápide havia escrito: Ellen Clark – a adorável senhora da mansão Kellings. Quando já estava enterrada no cemitério da cidade, Stacy reuniu a todos e pediu ao sr. Joseph que desse a ela a carta deixada por tia Ellen.

- Onde está titia? – perguntou a pequena Kate.

- Ela está com Jesus, meu amorzinho – respondeu Flo, com seu lencinho na mão, prestes a chorar novamente.

- O que tem para nos mostrar, Stacy? – perguntou Joshua, que consolava a esposa aos prantos.

- Antes de falecer, tia Ellen nos deixou uma carta – contou, – ela mandou eu ler para vocês.

- Leia, então – pediu Lou, se recuperando de um soluço. Stacy abriu o envelope, que tinha escrito "para meus amores", e olhando para cada um com um suspiro, começou a ler a carta, escrita aparentemente pela própria Ellen:

"Para meus amores: Stacy, Levi, Flo, Will, Kate, Mila, Joshua, Mary, pequeno Joseph, Lou, Robert, Nancy, Ian, Ruth e sr. Joseph,

Não chorem por mim, estou com Deus neste momento. Desejo muitos anos de vida e muita benção para todos! Vocês, me refiro agora para Flo, Stacy, Mila, Lou e Nancy, são verdadeiras mulheres virtuosas, como a de Provérbios; continuem assim, educadas e discretas, como Flo; fortes e confiantes, como Stacy; delicadas e amorosas, como Mila; decididas e sábias, como Lou; submissas e fieis, como Nancy. Vocês, rapazes, são verdadeiros homens, e merecem ter esposas como essas. Sobre a minha irmã, Coralina, avó de Ian, Levi e Joshua, bem, eu não lhes contei, mas nos reconciliamos por carta. Entreguem a vida de vocês a Deus, pois ele é o único onde podem achar o verdadeiro amor, consolo e sabedoria. Confiem nele, e o mais ele fará. Façam o que digo, porque eu fiz isso e não (e nunca) me arrependi. Agora, ouçam bem, como não tenho filhos, dividi minha herança para vocês. Para Flo, inclusive Will (porque, sendo um casal, são um só aos olhos de nosso Deus), deixo todas as minhas toalhas de mesa e Joseph a seus cuidados; para Stacy e Levi deixo todos os livros da biblioteca e a alazã, juntamente com a carruagem, se preferirem; para Mila e Joshua ficarão todas os objetos da cozinha de Kellings, assim também como Ruth servirá para a família; para Lou e seu noivo, Robert, herdará meu piano e todas as pinturas e estátuas que tiverem pelos corredores da mansão; para Nancy e Ian ficarão minhas bijuterias de valor: anéis, colares, tiaras, broches e brincos, inclusive cuidará do Butty para mim, até o fim dos dias do bichano. Apesar de tudo isso, tenho algo muito grande para dar-lhes como herança. Porém, antes de tudo, peço desde de já que decidam isso em união e não sejam egoístas. Algum de vocês deve ficar aos cuidados de Kellings, e, como não sei decidir, deixei para que vocês mesmos decidissem. Com todo o amor, da

Tia Ellen".

A carta se encerrou, e todos se aquietaram. Estavam em um profundo e melancólico luto.

- Mansão deve ficar com Stacy e Levi – propôs Flo. – Quem concorda? – surpreendentemente, todas mãos visíveis se levantaram.

- Vocês têm certeza?! – indagou a loira.

- Sim, minha irmã, a tia Ellen faria isso, eu tenho certeza – respondeu Mila com a voz rouca.

- Realmente. Aliás você nem deve ter lugar para colocar todos aqueles livros da biblioteca! – disse Lou.

- Se for assim, aceito a proposta – decidiu a mulher.

- Posso dar uma opinião? – perguntou Levi humildemente.

- Claro – piscou com um sorriso.

- E se nós conservássemos mansão?! – encarou cada um.

- Quer dizer, deixarmos como já era antes? – questionou Joshua.

- Exatamente! – exclamou Levi.

- Mas como tudo vai continuar a ser igual sem a tia Ellen?! – Nancy assoou o nariz.

- Bom, nisso não há como fazer nada – lamentou Lou, deitando a cabeça no ombro de seu noivo.

- Acho que estou começando a compreender – Flo pensou alto, - Quer que a mansão fique do mesmo jeito: com Ruth cozinhando; Joseph trabalhando; o gato Butty residindo no jardim; e todos os objetos de tia Ellen continuarem no lugar onde estão, sem modificações.

- É uma boa ideia, não acham?! – disse Stacy.

- Realmente – aprovou Ian, - mas você e Levi irão morar em Kellings em vez da tia Ellen, estou certo?

- Sim, somente isso vai mudar – prometeu o irmão.

Este não foi o fim da história, apesar da narrativa ter chegado ao fim. Existiu muitos outros acontecimentos na história das irmãs Moore que, agora, eram mulheres casadas bem-sucedidas. Para os curiosos que ainda lembram do livro que Stacy escrevia, bem, aqui está ele: a mansão da tia Ellen, de Stacy Moore Riller, escrito com muito amor e dedicação para as novas moças da geração que, um dia, se Deus permitir, irão ser Mulheres Virtuosas.  

A MANSÃO DA TIA ELLENOnde histórias criam vida. Descubra agora