CAPÍTULO 35 - PERDIDOS

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- Stacy, minha querida, você poderia trazer as cartas de Lou do correio? – pediu a tia Ellen, quando ela pediu para a moça entrar em seu quarto.

- Claro, minha senhora. Irei já! – respondeu a loira de bom agrado como uma boa dama que era, apesar de não se considerar como uma. O correio localizava-se perto da Floresta de Cones, nome dado por causa de suas árvores: pinheiros imensos em forma de cone. O dia estava nublado quando o espírito aventureiro e teimoso de Stacy a tomou conta e decidiu dar um "pequeno passeio". Não faltou muito tempo para que estivesse totalmente perdida, sem saber em que direção voltaria para casa. Passara-se alguns minutos não contados e um assobio se aproximou. "Oh céus! Um assobio! Que benção divina!", pensou, mas o susto foi grande quando ele, o "rapazinho mimado dos Riller", como chamou certa vez, apareceu por entre as árvores.

- Stacy?! O que faz aqui?! – indagou Levi.

- Hunf... o que te faz aqui? – perguntou ela com um humor não muito agradável. Talvez se pergunte porque melhores amigos não se comunicavam muito bem; eles ficaram assim depois da bendita confusão do "pedido de casamento" de Levi. Isso os distanciou.

- Estava a caminho de um riacho próximo daqui, mas me perdi. – respondeu, e insistiu: - O que te faz aqui?

- Oh, Deus! Também estou perdida! – exclamou a moça. Com uma troca de olhares, aquele antigo sentimento infantil tomou conta do ambiente e eles acabaram rindo.

- E agora, o fazemos? – perguntou Stacy, começando a se preocupar.

- Fazemos companhia um ao outro.

- Levi Riller! Não podemos ficar parados!

- E o que quer que eu faça?! Subir em uma árvore?!

- Sim, faça isso!

- Eu falei com ironia; não quero escalar uma árvore! Lembre-se de Mila, que até hoje manca por conta do acidente.

- Se tem medo de escalar, eu escalo.

- Não, não escale! Stacy Moore, desça daí já!

- Ai! Não precisava me puxar...

- Eu vou. Neste caso os cavalheiros vão primeiro.

Levi havia subido um pinheiro extremamente alto, e, quando estava lá no topo, viu todas árvores por cima, o que formava um maravilhoso campo verde. Detectou, também, do lado direito, as casas que informavam a direção para voltar para casa.

- Direita volver! – gritou, quando desceu da árvore em um pulo ágil.

- Então vamos. – disse Stacy, que ficou agoniada com o silencio, assim como Levi.

- Como vai sua semana? – perguntou ele, a procura de um assunto.

- Bem. – respondeu. – Estou com total devoção ao meu livro, se bem que ainda nem foi lançado para chamar de "livro". E você, como vai? Faz tempo que não o vi. – E ela estava certa, porque fazia uma ou duas semanas, se não me engano, que o rapaz havia visitado a mansão Kellings.

- Indo bem, glorias a Ele. – seu sorriso foi acompanhado com um suspiro. – Irei voltar para casa da mamãe. – Com estas palavras, ele jogou a "bomba" sobre a jovem moça loira inocente.

- Como assim, irá voltar para Nashiville?! Porquê?! Porque não me contou?! Levi, diga, por favor, diga! – exclamou.

- Irei dizer se me deixar falar. – riu como sempre, porém voltou a ficar sério, algo que demostrou para Stacy como o velho amigo se tornara um homem. – Não tenho mais nada a fazer aqui. Iam e Joshua se casaram e não precisarão de mim, ou melhor, acho que nunca precisaram. Meus pais acharam melhor eu voltar para casa; não querem o filho caçula andando por aí sem rumo. – neste intere, parou a caminhada e olhou aos olhos dela. - Gostaria de ficar, mas prevejo que não posso. – Stacy se petrificou, era a hora dele dizer aquilo novamente: - Você não aceitou minha proposta, Stacy, e eu não te culpo por nada, mas, provavelmente, esse será nosso último dia que estaremos conversando.

- Você irá embora que dia?

- Amanhã, quando o sol raiar, o galo cantar e o velho Butty acordar miando a procura de comida.

- Não é possível...está tão perto! – resmungou a moça.

- Sim, está. – suspirou, - Olhe, chegamos! – apontou para as casas, agora frente a frente com eles.

Stacy não conseguia manter seu sorriso habitual. Estava triste. Ela havia passado quase quatro anos com Levi. Eles eram melhores amigos; o único que a chamava de "rapariga", apelido o qual ela achava intrigantemente engraçado. Brincavam; faziam compras; estudavam; e até mesmo escreviam histórias juntos! Ele realmente faria muita falta.

- Então, adeus, meu querido Lewis. Ficarei com saudades. – antes que Levi pudesse reagir, recebeu um abraço terno de amizade e, secretamente, outro sentimento não conhecido.

- Irá escrever para mim, não vai?

- Claro que sim! Todos nós, todos os seus amigos! – Estas foram as últimas palavras ditas, e eles se separaram, não para sempre. 

A MANSÃO DA TIA ELLENOnde histórias criam vida. Descubra agora