CAPÍTULO 14 - STACY, A BABÁ

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A sra. Anna, uma viúva, era uma vizinha contente, amiga da sra. Moore, e tinha dois menininhos "terrivelmente sapecos", como dizia a tia Ellen. Certa vez, na primeira semana de verão, a irmã da pobre Anna faleceu, e a mulher iria para o velório, se achasse alguém para cuidar de seus filhos. Após cinco moças rejeitarem a proposta, Stacy foi convocada, e, por incrível que pareça, ela aceitou de bom grado.

- Tem certeza que irá cuidar daquelas criaturinhas?! – indagou Flo, que conhecia a fama das crianças.

- Não fique desse jeito, Flo. Não irei cuidar de dois dragões – gargalhou a inocente.

- Você certamente não deve conhecer eles – disse Nancy, balançando a cabeça suavemente.

- Sim, não os conheço, mas creio que não é tão assustador como falam – respondeu Stacy, convicta.

- São dois garotinhos gêmeos com aparência de anjo – contou Lou.

- Oh, gêmeos! Melhor! Qual o nome? – perguntou a loira.

- Jack e Henry; nenhum dos dois é um "querido" – Lou forçou um sorriso.

- Não importa. Mostrarei que, com autoridade, pode se domar mais de um leão! – gritou Stacy, já se sentindo vitoriosa.

Em uma tarde de verão, Stacy se viu na frente de dois garotinhos adoráveis. Eles brincaram e conversaram com a moça. Tudo estava "bom demais" e a jovem decidiu que era hora de almoçar.

- Não vou comer! Não gosto! – gritou Henry

- Ah, você deve comer, e não importa se gosta ou não – disse Stacy imperativamente.

- Você não é nossa mãe para mandar na gente! - gritou Jack.

- Mas estou cuidando de vocês agora e devem me respeitar – concluiu a nova autoridade.

- Você não é rainha para nós respeitar – gargalhou Henry. Stacy estava decidida a pegar o menino à força e levá-lo até a mesa para comer toda a comida que esfriava no prato. Ele corria por toda a sala e ela atrás dele. Quando cansou, lembrou-se de Jack. Ele não estava na sala.

- Jack! Onde você está?! – gritou genuinamente.

- Ele não te responde – disse Henry, maliciosamente. Pelo o olhar do menino, algo terrível estava acontecendo, ou melhor, começava a acontecer. Ao chegar na cozinha, ela se indignou ao ver tudo de cabeça para baixo e um menininho sapeco em pé na mesa.

- Saia já daí – ordenou Stacy à Jack.

- Nunquinha – respondeu o atrevido.

Ele pulou da mesa e, enquanto a moça se distraiu arrumando a cozinha, os dois irmãozinhos sumiram de vista. Ao deixar a cozinha arrumada, Stacy se lamentou por ter deixado as crianças sozinhas sem supervisão. A cada minuto ela começava a concordar com a opinião de suas irmãs sobre os dois seres.

- Jack e Henry! Apareçam já! – gritou.

Um silêncio reinava por um longo tempo, até que Stacy ouvia, enquanto se aproximava do banheiro, um som de água. Um pavor lhe tomou conta e ela encontrou novamente mais uma traquinagem dos dois meninos. A banheira estava cheia, com Henry dentro e Jack colocando roupas dentro d'água.

- O que estão fazendo?! – indagou a loira, quase sem voz.

- Estamos lavando nossas roupas – respondeu Jack.

- Dentro da banheira? – estranhou a srta. Moore.

- Sim – respondeu Henry. A jovem se ajoelhou na borda da banheira e os ajudou "de forma estúpida", como ela mesma disse mais tarde.

- Podemos ir ao parque? – perguntou Jack, ajudando Henry a sair de dentro d'água.

- Não. A mãe de vocês não permitiu – antes que ela terminasse de responder, os garotinhos saíram de cena correndo em velocidade em direção ao parque. Stacy corria até eles, até que se esbarrou em um rapaz.

- Você está bem?! – indagou Levi, ao lado das quatro irmãs.

- Oh, Levi! Meninas! Eles estão fugindo! – respondeu aflita.

- Indo para o parque, suponho – adivinhou Nancy, que havia visto a fuga de longe.

- Venha, Stacy! Vamos pegá-los! – ordenou o jovem com grande disposição. Correram o máximo que puderam até alcançá-los e, segurando com firmeza pelos braços dos fugitivos, retornaram de volta para casa.

- Nos deixem em paz! – gritavam colericamente.

- Deixaremos; mas se comportem – ordenou Stacy, agarrando os braços de Henry que se rebelava.

Com misericórdia da jovem Stacy, todos ajudaram a manter a casa em plena ordem. Nancy estendeu as roupas molhadas no varal para secar; Levi secou toda a banheira; Mila arrumou a cozinha; Flo fez uma deliciosa sopa para o jantar; e a tia Ellen, que não deixou de participar da ocasião, contou histórias de aventuras, admiradas por todos os meninos, que fizeram Jack e Henry se acalmarem. Em pouco tempo, a sra. Anna chegou em casa e, preparada para ver um desastre, se surpreendeu ao encontrar uma moça costurando meias infantis; uma senhora lendo um livro com um Jack sonolento no colo; um rapaz acendendo a lareira; duas meninas com suas tigelas de sopa na mão; e a srta. Stacy Moore com o menino Henry dormindo como um bebê.

- Oh, vocês conseguiram! – admirou ela, que ouviu de Stacy toda a aventura que seus menininhos fizeram. Aquela tarde foi cansativa, principalmente para Stacy, mas, se não fosse pela ajuda dos amigos, seria pior.

- Ah, como é bom quando trabalhamos unidos! – exclamou Stacy, com gratidão, quando retornavam para casa.

A MANSÃO DA TIA ELLENOnde histórias criam vida. Descubra agora