CAPÍTULO 9 - O BAILE DE FLO

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- Me sinto grata hoje – comentou Flo para Ian, que a ajudava a levar as compras da casa.

- Seu aniversário é hoje?

- Amanhã. Porque a pergunta?

- As pessoas sempre se sentem mais gratas quando fazem aniversário.

- Sempre me senti grata.

- Até mesmo naquelas horas que você odeia ser pobre?!

- Bom, talvez nem sempre.

- O que irá fazer para a celebração?

- Geralmente, as meninas fazem "um dia de rainha".

- Carambolas! Só isso?! Você irá fazer dezessete, temos que criar algo marcante.

- O que faremos, então?! Alguma ideia?

- Vamos perguntar a tia Ellen, talvez ela nos ajude.

Aquele era um dia especial para Florence. Ela iria completar dezessete anos. Quando todos estavam pensativos no que fazer para comemorar o aniversário de Flo, a srta. Ellen resolveu a questão:

- No meu tempo, quando as moças faziam dezessete, faziam um grande baile – comentou ela, - Se Flo concordar, podemos fazer um baile aqui na mansão. – sugeriu disposta.

- Oh, não quero incomodar, mas, por favor, gostaria tanto, tanto! – respondeu a jovem. Todos ali começaram a trabalhar, cada um ficava encarregado de uma coisa: Mila fazia os doces e Ruth os salgados; Stacy escrevia os convites; Joshua arrumava o salão com Ian; Levi pendurava as luzes, que o lembrava dos bailes ingleses já havia ido; Lou arrumava os ramalhetes que ficariam espalhados pela casa; Nancy decoraria o salão; e Flo quis escolher seu próprio vestido. Na manhã do baile todos estavam ocupados demais para brincadeiras ou coisa do tipo. Enviaram convite aos conhecidos e vizinhos. O baile começou na hora de crepúsculo, e, em um quarto do segundo andar, quatro meninas se arrumavam com estilo. Graças a tia Ellen, Flo, e o resto das garotas, vestiam os vestidos mais belos de toda sua vida. Florence vestia rosa com um decote nos braços e uma luva longa. Stacy, apesar de detestar vestidos de bailes, foi obrigada a usar pelo menos um vestido verde claro de mangas compridas com uma fita na cintura e babados ao redor do pescoço. Mila usava um vestido azul claro sem babados, porém com dois laços: um na cintura e outro no peitoral. Lou vestia um vestido branco com listras rosas. Nancy, vaidosa com seu primeiro baile, vestiu um vestido branco de algodão com um grande avental rosa de linho por cima, e não pode deixar de ficar satisfeita quando Levi afirmou que "parecia uma donzela real".

- O baile começou! Se apresem! – gritou Stacy invadindo o quarto repleto de feminilidade.

- Já vamos, já vamos! Tenho que terminar de arrumar meu cabelo! – respondeu Flo no meio das irmãs.

- Oh céus! Seu cabelo está lindo, coloque apenas esse lírio no coque – disse a loira, que havia ficado com a flor desde a hora que tinha arrancado do jardim. Neste momento, então, desceu das escadas, as cinco com seus vestidos esplendidamente ornamentados. Flo descia primeiro, depois Stacy, Mila, Lou e Nancy. "A srta. Moore é uma bela jovem", cochichava algumas damas. Florence foi recebida por Ian no final da escadaria e com ele foi dançar, enquanto Nancy murmurava para as outras:

- Ninguém irá dançar comigo. Sou nova demais! – e então, Levi, com pena da caçula, se aproximou e tomou a mão dela para dançar, assim como Joshua propôs timidamente ser o acompanhante de Mila. Sobrou somente Lou e Stacy, que não se importavam com danças.

- Venha, minha menina. Marquei uma mesa para nos sentarmos – disse a mais velha puxando a irmã pela mão. Elas se sentaram diante de uma bela mesa redonda com as delicias feitas por Mila e Ruth.

- Stacy, nunca dançaste com tua irmã? – perguntou Levi com uma gargalhada.

- Não. Suponho que ela tenha pisado no seu pé – respondeu rindo.

- Pare de rir, Stacy Moore! Achava que sabia dançar, mas não! – choramingou Nancy.

- Fique aqui sentada, – ordenou ele, - enquanto peço a Ruth um pouco de gelo. – disse ele, se afastando.

- Você pisou nele com esse salto?! – indagou Lou, discretamente.

- Sim – respondeu e, apesar de melancólica, começou a rir.

Após dançar com Ian, o rapaz a levou para conhecer um amigo. William Frank, um jovem de dezenove anos com cabelo castanho claro e olhos azul escuro. Ele havia vindo de uma viagem a Roma, e veio comparecer ao baile. A princípio, Flo o achara muito bonito, apesar de depois lembrar que nunca iria se casar sem um "drama" teatral.

- Um prazer conhecê-la, srta. Moore – disse William.

- O prazer é todo meu. Por favor, me chame de Florence – pediu ela.

- Claro, Florence Moore. Por favor, me chame de Will – sorriu.

- Sim, Will Frank. Porque não dança? – perguntou Flo.

- Não gosto – respondeu simplesmente, - Prefiro assistir.

- Gosto de dançar, e não viria comigo somente uma rodada? – propôs.

- Talvez. Se prometer não pisar no pé como aconteceu com Levi – gargalhou.

- Não faço tal perversidade. – riu ela, sabendo que Nancy machucou o pé do amigo a pouco tempo. Para quem gostaria de observar aquele novo par, descreverei os sentimentos e emoções do momento. Will a olhava como se estivesse hipnotizado com aquele cabelo cor de mel e, se aquilo fosse "amor verdadeiro", tinha absoluta certeza de que nunca sentira nada igual. Ela, no entanto, corava facilmente, pois aquele clima era totalmente estrangeiro para moça, e ela se sentia como uma princesa que encontrou seu príncipe encantado; assim também como Ester encontrou seu futuro ao lado do rei Assuero. Eles pareciam ter se conhecido há muito tempo antes, e Ian notou isso. Quando as duas irmãs, Stacy e Lou, observaram o olhar de Will para a irmã mais velha, cada uma pensou algo. "Espero que Flo não queira se casar tão cedo. Precisamos dela ao longo da nossa vida, e eu não sirvo como a irmã mais velha da casa", pensou Stacy, enquanto Lou previa secretamente: "Talvez hoje seja o início do futuro dela sendo realizado".

O baile de Flo foi maravilhoso, e as garotas se divertiram muito, até mesmo Stacy que jurou não dançar não teve como escapar dos pedidos extravagantes de Levi. Enfim, a noitinha quando tiravam seus vestidos estavam radiantes.

- E o Levi apareceu dizendo que estava com os pés doloridos! – riu Lou.

- Oh, Nancy tenha mais cuidado – reprovou Flo, que acabou gargalhando.

- Não foi culpa minha – declarou a caçula.

- Imaginei que aconteceria aquilo com ela; andava igual uma patinha! – Stacy ria.

- Ainda bem que não aconteceu nada pior – disse Mila dando um abraço na irmãzinha.

A MANSÃO DA TIA ELLENOnde histórias criam vida. Descubra agora