capítulo 23: Dados

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Daphne entrou no quarto de Penélope em passos silenciosos, observando-a sentada perto da janela, absorta nos próprios pensamentos. Penélope segurava uma xícara de chá nas mãos, mas não parecia interessada no conteúdo, apenas fixando o olhar em algum ponto distante. Daphne respirou fundo antes de se aproximar, ciente do quanto a cunhada estava passando por um momento delicado.

— Penélope, querida… — disse Daphne suavemente, se aproximando e sentando-se ao lado dela. — Eu sei que não posso imaginar exatamente como você se sente, mas quero que saiba que estou aqui para te apoiar.

Penélope piscou, saindo de seu devaneio, e virou-se para Daphne com um olhar cansado, mas agradecido. As palavras de apoio da cunhada pareciam uma âncora em meio à tempestade de emoções que ela enfrentava.

— Obrigada, Daphne… — respondeu Penélope, sua voz quase um sussurro. — Eu me sinto tão… dividida. Ao mesmo tempo que tento ser forte por causa do bebê, sinto um medo que não consigo afastar. E tudo isso com o casamento… é como se eu estivesse sendo puxada em várias direções.

Daphne sorriu com empatia, colocando uma mão reconfortante sobre a de Penélope.

— É completamente natural sentir medo, Penélope. Você está lidando com muitas coisas ao mesmo tempo, e ninguém esperaria que fosse fácil. Mas você é mais forte do que imagina. Eu sei que, no fundo, você vai encontrar uma maneira de passar por isso — disse Daphne com firmeza. — Além disso, Colin também está aprendendo a lidar com essa situação. Apesar do jeito dele, sei que ele se importa profundamente com você e com o bebê. Dê a ele uma chance de mostrar isso.

Penélope respirou fundo, as palavras de Daphne a tocando de maneira inesperada. Ela sabia que Colin estava ao lado dela e que, de certa forma, ele também estava enfrentando esse turbilhão emocional. Mas a insegurança ainda a corroía, e ela se perguntava se algum dia conseguiria abrir totalmente seu coração para ele.

— Eu sei… só que às vezes me pergunto se somos capazes de superar tudo isso. Sinto que há tantos obstáculos entre nós, tantos ressentimentos não ditos, mágoas que nem sei como começaram. — Penélope fez uma pausa, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. — E isso me assusta.

Daphne apertou levemente a mão dela, oferecendo um sorriso gentil.

— Nenhum relacionamento é fácil, Penélope. Eu e Simon também tivemos nossas próprias batalhas, algumas que eu pensava serem insuperáveis. Mas com o tempo, aprendi que o amor verdadeiro não é perfeito, e sim paciente e disposto a enfrentar o que for preciso. Sei que você e Colin têm suas diferenças, mas também vejo algo genuíno entre vocês. Algo que vale a pena ser cultivado.

Penélope olhou para Daphne com um pequeno sorriso, sentindo um pouco do peso em seu coração se dissipar. A conversa estava, de fato, lhe dando a calma que precisava.

— Obrigada, Daphne. Eu realmente precisava ouvir isso — disse Penélope, apertando a mão dela em agradecimento. — Vou tentar. Vou tentar confiar mais nele… e em mim mesma.

Daphne assentiu, satisfeita com a decisão da cunhada.

— Isso é tudo o que importa. Vocês vão encontrar uma maneira de fazer isso dar certo. E lembre-se, qualquer coisa que precisar, estarei aqui.

Penélope sorriu, sentindo-se um pouco mais forte. Afinal, talvez ela pudesse enfrentar o que viesse pela frente.

Enquanto o jantar seguia, Colin permanecia alheio, absorto em seus pensamentos, mal tocando na comida diante dele. A visão de Penélope tão assustada, perguntando ao médico sobre o bebê, havia deixado seu coração em pedaços e sua mente em um turbilhão de preocupações. Ele mal conseguia manter-se presente, enquanto seus irmãos, Anthony e Benedict, tentavam distraí-lo com conversas casuais e piadas.

A última chance (Oneshot Polin) Onde histórias criam vida. Descubra agora